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Leticia

Ficamos o resto da noite, rindo, conversando, bebendo e as vezes dançando algumas músicas que tocavam, estou aqui em pé dançando com o Rodrigues, ele estava meio paradão, não era os funks que ele escuta nos bailes, mas eu estava achando a situação engraçada.

— Para de rir de mim mano.

— É engraçado você meio perdidinho no meio deles e aqui na pista.

— Não escuto essas música de rave cara.

— Eu sei. —Ele me puxou, me fazendo ficar colada nele.

Coloquei meus braços em volta do pescoço dele enquanto ele estava com os braços em volta da minha cintura.

O perfume dele estava penetrando no meu nariz, adoro esse cheiro dele. Ele estava me olhando com uma cara meio que safada e meio sei lá, não entendi essa cara dele, é coisa nova pra mim.

Eu não disse nada apenas cheguei mais perto dele que me beijou sem demora, era um beijo lento mas ele me apertava cada vez mais contra o corpo dele.

Eu parei de beijar ele e respirei fundo, eu tinha bebido muito, estava um pouco alterada, ele olhou pra mim e tirou meu cabelo do meu rosto.

— Tá bêbada né? —Concordei rindo com a cabeça. —Vai ter que beber água aí, vai ter que manter o equilíbrio na moto.

— Eu não tô tão ruim assim. —Fiquei dando selinho nele e me soltei.

Peguei na mão dele e fui em direção do bar, pedi uma garrafa de água e comecei a beber no mesmo minuto que o moço me entregou a garrafa.

Meu celular vibrou no meu bolso mas não peguei pra ver o que era. Quando terminei de beber a água eu fui pro banheiro, fiz o que tinha que fazer e voltei onde o Pedro estava.

— Vamo embora?

— Vamo.

Puxei ele até onde meus amigos estavam e fui me despedindo.

— Amiga a gente tem que se ver mais vezes, fico muito triste em não poder ver sua beleza todos os dias. —Disse a Bia com cara de cachorro abandonado e eu ri.

— A gente marca sim amiga, eu preciso mesmo esvaziar a mente.

Terminei de me despedir de todo mundo junto com o Pedro, a Amanda tentou ficar falando com ele sei lá o que mas ele finalizou a pouca conversa que teve e fomos embora.

— O que a Amanda queria?

— Tava falando que quando eu tivesse peça feminina avisar pra ela.

— Ué, como ela sabe?

— Eu falei, seus amigos perguntaram o que eu faço. —Concordei com a cabeça e parei na frente da moto, ele subiu, colocou o capacete e fiz o mesmo.

Eu estava morrendo de sono mas não podia simplesmente dormir na garupa da moto. Agarrei o Pedro pela cintura e quando ele parava no semáforo eu encostava a cabeça nas costas dele, acho que ele percebeu o sono que eu estava e começou a acelerar.

(...)

Chegamos na favela e ele começou a ir em direção a casa dele, não falei nada apenas fiquei caladinha quase caindo da moto. Quando ele parou, eu desci tirando meu capacete e ele fez o mesmo.

— Dorme aqui hoje. —Falou abrindo a porta da casa dele.

— Você nem me deu opção né. —Entrei atrás do Pedro, que trancou a porta atrás de mim.

Subimos pro quarto dele e me sentei na cama, ele pegou o capacete da minha mão e deixou em cima da cabeceira grande que ele tinha ali. Tirei meu tênis e me joguei pra trás.

— Quer um short ou vai dormir assim? —Apenas resmunguei em resposta, ele deu uma risadinha baixa e abriu o guarda roupa dele, bom eu acho, só ouvi o barulho, eu estava com os olhos fechados.

Ele jogou algo em cima de mim, era uma blusa grande, tirei minha roupa e vesti a blusa preta que foi jogada em mim, puxei a coberta que estava no pé da cama e me cobri. Ele se trocou, foi no banheiro e se deitou do meu lado.

— Boa noite nega.

— Boa noite mor.

Deitei minha cabeça no peito dele e abracei ele, que colocou a mão nas minhas costas fazendo um carinho de leve, eu já estava bêbada de sono, na segunda vez que ele fez o carinho eu capotei.

(...)

Acordei de madrugada com uma sede inacreditável, olhei pro meu celular era 5:30 da manhã, coloquei o celular embaixo do travesseiro e me levantei, abri a porta devagar e desci.

Cheguei na cozinha e peguei um copo que estava em cima da pia enchendo ele com água do filtro, depois de beber dois copos eu comecei a subir as escadas pra ir pro quarto dele e escutei uma porta abrindo, era a do quarto dele.

— Achei que você tinha ido embora maluca. —Ele disse com uma voz rouca de sono, só de um short tactel.

Ele deu a volta e entrou novamente no quarto dele, entrei atrás e fechei a porta, vi ele jogado no colchão com a barriga pra baixo, fui em direção à ele e me deitei em cima do mesmo, colocando meu rosto pertinho do dele.

— Que foi?

— Nada por quê?

— Tá assim, mó do nada.

— Não gostou eu saio. —Ele sorriu como se eu tivesse falado a coisa mais estúpida do mundo.

— Se você não fosse pesada, você poderia dormir assim suave.

Me joguei do outro lado da cama e ele se virou pra mim, nos aconchegamos na cama e ficamos de conchinha até eu pegar no sono novamente.

(...)

Acordei com o sol batendo na minha cara, a cortina não estava fechada completamente. Me virei pro outro lado, ficando de frente com as costas do Pedro, me arrumei ficando com o rosto no pescoço dele.

— Bom dia. —Ele disse e me deu um leve susto.

— Ai que susto, achei que tava dormindo.

— Eu tava, até sentir uma respiração no meu cangote. —Eu ri.

— Nossa que sono leve. —Ele esticou o braço e pegou o celular dele que estava no chão.

— Já é meio dia parceira.

— Dormimos muito.

— Mas eu tô sem vontade nenhuma de levantar daqui. —Eu saí de perto dele e ele se virou de frente pra mim.

— Vai escovar os dentes, bafudo. —Ele me olhou com deboche.

— E você tá o que fia? Que nem escova na minha casa você tem.

— Ué, era pra ter?

— Sei lá, só tô falando que eu vou escovar os dentes e a única bafuda que vai ter aqui vai ser você.

Ele se levantou da cama e foi pro banheiro, peguei meu celular e comecei a ver as notificações que estavam ali, mas uma me chamou mais atenção do que as outras.

Mensagem da minha mãe.

Em Paraisópolis {Em Andamento}Where stories live. Discover now