𝟒𝟏: 𝐇𝐚𝐮𝐧𝐭𝐞𝐝 𝐓𝐡𝐨𝐮𝐠𝐡𝐭𝐬

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07 DE MAIO || QUINTA-FEIRA

Kastiel Kaltain

Eu estava sendo assombrado pelos malditos pensamentos.

A ideia do que aconteceu ontem me deixou pensativo, inquieto e com muita raiva. Uma raiva avassaladora de fazer o que eu faria anos atrás, mas não irei fazer, pois perder o controle pode piorar toda a situação.

Por enquanto, irei manter a descrição. Pedi para que a equipe mantivesse o sigilo do que aconteceu no armazém, para ser mais específico, do recado de Michael.

A NSA não vai ficar por dentro disso, não desta vez.

Minha mão empurra a porta do escritório, observando a vidraça reluzente das janelas, revelando na cadeira ao centro, como de costume, Christopher, em seus trajes caros, cabelos formalmente penteados e um gesto superior sobre sua poltrona.

— Mandaram me chamar, suponho que o motivo não seja tão agradável — murmurei, fechando a porta atrás de mim e abrindo espontaneamente um sorriso sarcástico.

— Um grande e belo motivo — Christopher revelou, observando-me com os olhos semicerrados.

Dei de ombros, me sentando em uma poltrona à sua frente. Entre nós, uma mesa de vidro grande e longa, com algumas planilhas, folhas e computadores.

— Seja direto, Christopher, você sabe que eu odeio enrolações e interrogatórios — bufei, arregaçando as mangas da minha camisa social branca.

— Veja bem — posicionou-se relaxadamente sobre a cadeira. — Queremos saber por que vocês incendiaram toda a mercadoria que estava no armazém. O que deu na merda da sua cabeça, Kaltain?!

Franzi a testa, já esperando essa pergunta.

— Por que a pergunta? Você queria consumir um pouco? — ironizei. Um riso curto escapou dos meus lábios enquanto enterrava a mão no bolso da minha calça social preta, buscando minha carteira de cigarros. Ao encontrar, acendi com um isqueiro, inalando a nicotina para os meus pulmões.

— Não seja incompetente e tão prepotente, Kastiel. Ambos sabemos que você não faria aquele estrago sem motivos — apertou os dentes, travando o maxilar. — Perdemos vinte milhões em entorpecentes, cada caixa cheia de heroína afegã, porra.

Expeli a fumaça branca para fora, sentindo meus pulmões agradecerem pelo relaxamento que o tabaco proporcionava.

— Sabe, eu me pergunto — comecei a dizer, mantendo o cigarro entre os dedos, rindo sarcasticamente. — Eu sou um condenado à prisão permanente, até que minha carne apodreça atrás das grades. No entanto, a Elite resolve me recrutar para fazer trabalhos sujos que vocês não têm peito para fazer sozinhos. Vocês precisam da escória para fazer isso por vocês, é assim que vocês nos chamam, certo? A escória.

Ele ficou inquieto em sua poltrona, sua mandíbula estava tensionada.

— Tem sorte que a carga não era tão alta, senão você teria que pagar de outra forma — rangeu entre os dentes.

— Que seja — dei de ombros.

Eu já estava acostumado com as ameaças, torturas e joguinhos da NSA. Fui o primeiro recrutado, há oito anos, quando eu era um recém-adulto fodido, sem educação, sem os pais, apenas um amigo e várias mortes nas costas.

— Como anda o nosso combinado? — ele quebrou o silêncio, me observando expelir a fumaça do cigarro.

— Qual deles?

— Como está tratando a Petrov? Como está a convivência entre vocês?

Travei o maxilar com uma força incontrolável, podendo sentir o gosto metálico de sangue na boca.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora