Miguel 116

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Miguel 
116

Faltava apenas uma hora  para o casamento, eu já estava pronto e ansioso, como se fosse ver a Luna pela primeira vez na vida.

E pensar nisso, me faz lembrar do dia que vi ela pela primeira vez.
Não quando a conheci, e sim quando pude ver quem ela é.

  
A dois ano atrás, Luna chegava em Saquarema decidida a beber todas e esquecer dos problemas.

Nesse dia, ela se abriu e mostrou o quanto era sensível, o quanto era divertida e me presenteou com o sorriso mais lindo do mundo.

Quando me dei conta, já estava apaixonado por ela.
Luna é um furacão de coisas boas e faz jus ao significado do nome que ganhou.

Não é atoa que ela é a minha deusa romana.
E como diz Luccas Carlos "ela é código binário, pirâmide do Egito.
Menina indomável, tesouro perdido, valor inestimável e seu mapa tá comigo".


Ouvi duas batidas na porta do quarto e logo o meu pai entrou, sendo seguido pela Eliza.

Os dois sorriram quando me viram, e a Eliza soltou um "meu irmão é gato pra caralho"

— Puxou ao pai, viu? Tá lindo, filho. — Meu pai deu dois tapinhas no meu rosto e eu ri baixo. — Tenho orgulho do homem que você é, Miguel.

Respirei fundo e assenti, piscando os olhos algumas vezes só pra controlar a emoção.

Eu não tô acostumado a esse lado do meu pai, e nunca fui um cara chorão.

O problema é que depois do nascimento dos gêmeos, tudo me deixa preocupado e emotivo.
Gosto de brincar que virei o Dante, mas a realidade é que a paternidade me deu um novo coração e sentimentos que eu jamais senti antes.

Isso também me faz pensar na Luna, porque sentimento de mãe não se iguala ao de ninguém.

— Quando eu tomei o primeiro tiro em missão, a primeira coisa que pedi foi " Só quero ver meus filhos crescerem". — Seu Túlio sorriu de lado e olhou pra Eliza, que estava parada ao lado dele. — E vocês três cresceram e se tornaram adultos valorosos, pais incríveis e felizes.

Meu pai sempre fala "três", ele nunca se refere só a mim e a Eliza, o Lucas sempre é lembrado entre nós.

— O senhor sempre nos deu bom exemplo, pai. — Eliza abraçou meu pai e ele deu um beijo no rosto dela. — O que somos hoje, é graças a você e a mamãe.

Eliza não mentiu.
Dona Mônica e seu Túlio sempre foram os melhores e sempre só doaram por completo para criar meus irmãos e eu.

Meu pai sempre foi pai dentro de casa, ele só era o capitão Fontana dentro do batalhão do bope.
Em casa, ele era o "papai" ou "paizito" como o Lucas chamava ele.

E a dona Mônica era... Era sempre doce, carinhosa, amorosa e paciente.
Minha mãe inventava brincadeiras o tempo todo, fazia bolos incríveis e cantava como ninguém.

Lembrar dela fez o meu coração bater mais rápido, e infelizmente não consegui segurar a lágrima teimosa que desceu quando meu pai falou sobre ela.

— A mãe de vocês deve estar orgulhosa e se ela tivesse aqui, falaria pra vocês fazerem mais netos! Então eu peço por ela também. — Papai brincou e a gente riu. — Eu te amo meu filho.

— Também te amo pai, obrigado por tudo. — Abracei ele e demoramos um pouco.

— Eu te amo muito, minha filha! Você vai ser pra sempre a minha menininha. — Observei ele abraçar a Eliza e a mesma deixou algumas lágrimas cair.

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