Capítulo 58: Cavalo de troia.

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Caleb

—Tem certeza que estamos no lugar certo? —Adam questionou, tocando a campainha da casa. Lancei a ela um olhar cansado, porque eu não ia errar um endereço que Julian tinha me mandado. Ele mal tinha desligado o telefone e eu já estava saindo do alojamento, porque iria aproveitar qualquer oportunidade pra provar minha inocência.

—Ei, você veio. —Julian sorriu assim que abriu a porta e me viu, antes de dar espaço pra que a gente entrasse.

—Por favor, me diz que você tem uma ideia super boa. —Falei, abrindo um sorriso tenso para Julian quando ele fechou a porta, terminando de cumprimentar Adam e minhas irmãs. Quando ele olhou pra mim de novo, seu sorriso era quase confiante demais.

—Ideia, não. Mas tenho uma solução. —Julian afirmou, antes de fazer uma careta quando escutamos um gritinho assustado seguido por duas risadas de crianças.

E eu sabia que eram de crianças, porque costumava conviver com um grupo enorme delas. Não demorou pra um garotinho de uns 3 anos surgir no corredor, correndo tão rápido que não viu as pernas de Julian pelo caminho. Minhas irmãs riram quando ele deu de cara e então tombou sentado no chão. Em vez de chorar, ele ergueu a cabeça e olhou pra Julian com a expressão furiosa mais engraçada que eu já tinha visto. Os cabelos ruivos apontados pra cima, como se alguém tivesse passado gel neles.

—Seu filho? —Hazel indagou, enquanto Julian o ajudava a se levantar. O garotinho sequer esperou antes de sair correndo de novo, parecendo estar tentando se esconder de alguma coisa.

—Não, é o Aaron, meu afilhado. —Julian riu, indicando que o seguíssemos até o segundo andar. —Eu tenho uma menina. Tem 2 anos. Se aceitarem um convite pro jantar, podem conhece-la.

Subimos as escadas atrás de Julian, enquanto eu observava a decoração e os quadros na parede. Julian nos levou até o final do corredor, na última porta com uma placa escrito "Ocupado" em letras garrafais. Antes de abrir a porta, Julian parou e se virou pra mim, erguendo de leve as sobrancelhas.

—Antes de entrarmos, só preciso te avisar que o Luc não pode nem sonhar do que vamos fazer, ok? Se conseguirmos provar, podemos contar pra ele. Mas até lá, é melhor que ele não sabia de nada. —Afirmou, me fazendo hesitar na mesma hora e olhar para minhas irmãs com uma sensação quase esmagadora no peito.

—Não tenho certeza se é uma boa ideia esconder qualquer coisa dele de novo.

—Cara, se não foi você que enviou aquela documentação, então alguém fez isso de proposito pra colocar a culpa em você. Se contarmos a Luc o que vamos fazer, essa pessoa pode ficar sabendo e atrapalhar tudo. —Julian esclareceu, e eu entendi perfeitamente o que ele estava pesando. Se eu estivesse certo sobre quem eu achava que tinha feito aquilo, ele não demoraria a ficar sabendo de alguma coisa envolvendo Luc.

—Ele tem razão. —Hannah comprimiu os lábios, antes de olhar para Julian e cruzar os braços na frente do peito. —Você tá muito confiante de que vamos conseguir provar que o Caleb não fez nada.

—Porque vamos conseguir. —Julian deixou claro, abrindo um sorriso antes de empurrar a porta.

O cômodo era parcialmente escuro, tirando por algumas luzes de led na parede e pelos três monitores posicionados lado a lado, junto com outros dois presos a parede que mostravam o que parecia ser imagens de câmeras de segurança da casa. A cadeira em frente aos monitores girou quando entramos, revelando um cara de cabelos ruivos.

—Gente, esse é Victor Summer.

—Irmão da Ella, não é? —Questionei, apontando na direção de Victor quando ele ficou de pé, revelando os cabelos ruivos idênticos ao da esposa de Nicholas. —Kyle já me falou de você algumas vezes.

—E você deve ser o irmão do Kyle. —Victor abriu um sorriso, apertando a minha mão, antes de olhar para minhas irmãs. —Vocês, na verdade.

—Eu sou só o primo. —Adam afirmou, erguendo a mão para deixar claro que estava ali também. —O que é tudo isso? Tipo, com o que você trabalha?

—Eu passo o dia hackeando sites e todas essas coisas chatas da internet. —Victor deu de ombros, como se aquela fosse a melhor explicação que pudesse dar.

—E pra quem você trabalha? —Hazel questionou, se aproximando da estante de livros que eu nem tinha notado ainda, por causa da escuridão da sala.

—Pra quem pagar mais. —Victor soltou uma risada quando Hazel lançou a ele um olhar incrédulo. —Mas normalmente pro governo. E antes que perguntem qualquer coisa relacionado a isso, é confidencial.

—Victor pode nos ajudar a descobrir quem enviou a documentação. —Julian afirmou, se aproximando de Victor quando ele confirmou com a cabeça. —Se isso foi feito do seu sistema, não significa necessariamente que foi enviado do seu computador. Alguém pode ter te hackeado.

—E tem como descobrir isso? —Questionei, olhando para Victor um tanto esperançoso. Ele riu, movendo a cabeça em um simples e significativo sim. —E pode fazer isso? Tipo agora?

—Agora, agora não. Existe todo um processo por trás disso. Eu preciso entrar no sistema do escritório. Analisar todos os perfis dos advogados. Procurar por alguma falha ou alteração do algoritmo...

—Resumindo, você consegue? —Hannah indagou, fazendo uma careta para a explicação de Victor.

—Sim. —Victor se virou para aqueles monitores, usando um deles para pesquisar alguma coisa, digitando super rápido no teclado. —Mas eu vou precisar de alguns dias. Entrar no sistema é fácil, encontrar nosso cavalo de troia é outra coisa. E eu vou fazer isso no meu tempo livre, então não posso te dar uma data.

—E você vai me cobrar quanto por isso? —Indaguei, vendo Julian balançar a cabeça negativamente, antes de Victor me olhar por cima do ombro, com uma expressão sarcástica.

—Nada. Gosto do Luc e não quero ninguém prejudicando o trabalho dele. Além da Ella querer me matar se eu sequer pensar em cobrar por isso. —Victor torceu os lábios, antes de abrir um sorrisinho travesso. —Mas Luc não pode saber que eu invadi o sistema do escritório. Ele sempre odeia quando eu faço isso. Imagine se souber que fiz com algo dele.

—Não vamos contar para ele. Luc vai até viajar amanhã. —Julian falou, me fazendo olhar na direção dele na mesma hora, erguendo as sobrancelhas.

—Como eu vou ficar no escritório sem ele? Reynolds vai ficar responsável por mim? —Questionei, me sentindo aliviado quando Julian negou com a cabeça na mesma hora, parecendo notar a tensão na minha voz.

—Eu vou ficar responsável por você, então é melhor ficar na linha. —Julian afirmou, e eu acabei soltando uma risada, porque tinha muito a agradecer a Julian e Victor se aquilo desse certo. —E o Luc deve voltar antes de sexta, por causa da confraternização do escritório. Você não esqueceu, não é? É nessa sexta a noite, na casa do Luc.

Apertei meus lábios com força, porque tinha esquecido daquilo sim, mesmo que tivesse a intenção de ir. A questão é que eu não fazia ideia de como as coisas seriam daqui pra frente, durante a viagem de Luc e principalmente depois dela. Mas tinha tido certeza sobre algumas coisas com tudo isso que estava acontecendo e precisava falar com Elisa o quanto antes.


Continua...

Todos os lances da conquista / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora