Slight scare

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Eu já tinha me empanturrado de pão na casa de Pedro e agora minha tia estava me oferecendo bolo e chá sem se importar se eu vou explodir de tanto comer, mas não posso culpá-la, a comida dela é tão boa que deixa qualquer restaurante caro no chinelo...

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Eu já tinha me empanturrado de pão na casa de Pedro e agora minha tia estava me oferecendo bolo e chá sem se importar se eu vou explodir de tanto comer, mas não posso culpá-la, a comida dela é tão boa que deixa qualquer restaurante caro no chinelo, isso eu afirmo com toda a certeza do mundo. Quando eu cheguei ela estava cuidando do jardim dela, desde que eu me entendo por gente é assim que vejo minha tia, as luvas nas mãos dela, a terra no avental e a forma carinhosa como ela falava das flores. Ela sempre me dizia que a vovó ensinou tudo que ela sabe sobre as flores, eu sempre olhei para elas como um santuário pessoal dela, nunca me atrevi a tocar, a menos que fosse na supervisão dela.

Quando meu pai morreu eu lembro de ver ela chorar escondido para que eu não visse e depois voltava como se nada tivesse acontecido, sorria pra mim e puxava assunto sobre alguma coisa qualquer. Eles sempre foram próximos, apoiaram um ao outro em qualquer coisa e se defendiam de tudo e todos. Ela era mais nova que ele, tinha 26 anos quando meu pai morreu e eu me plantei ao seu lado. Eu estou agora, olhando para o rosto lindo dela sorrindo tão feliz por me ver, os sinais de idade aparecendo por seu rosto pensando se ela continua sozinha aqui por escolha ou se tem alguém fazendo o sorrisinho dela brilhar enquanto eu estou longe.

— Tia... você já amou alguém? — eu a vi rir um pouco com a minha pergunta e ela soltou a xícara de chá dela.

— Eu não sei, querida.

— Não sabe?

— Eu tive meus dias na juventude onde eu achei ter amado, mas eu nunca entendi realmente o que significava, como eu deveria saber se era amor ou não. — eu franzi o cenho tentando entender, meus lábios indo até a xícara novamente e ela continuou. — Eu acho lindo a paixão adolescente, intensa, não importa o que digam, você é a dona da verdade e aquilo é como o amor é. Depois você vai crescendo e percebe que talvez não saiba muito sobre como deve ser sentir o amor.

— Já namorou, então? Quantos namorados a senhora teve? — meus cotovelos agora estavam sobre a mesa e eu apoiei meu queixo sobre as mãos, ainda mais interessada em xeretar a vida amorosa da minha tia.

— Tive 3, um foi um namorico durante o ensino médio, ele foi meu escape da realidade, me levava para todo tipo de lugar... não lugares vulgares, eram praias, parques, cinema, rios para nadar. Eles e os amigos eram divertidos e me fizeram sentir viva.

— E por que terminaram?

— Na época meu pai estava caminhando com a empresa e tivemos um belo salto em rendimentos, tivemos que nos mudar para longe e ele teria que fazer um intercâmbio, não lembro o lugar, mas as circunstâncias apenas nos distanciaram.

— E os outros dois?

— Bem, Johann foi um amor de verão e Devin um namorado da faculdade, passamos 3 anos juntos, era um relacionamento estável, tranquilo, falávamos sobre o futuro, mas eu sentia que faltava algo.

— Como assim?

— Falta a adrenalina, a paixão... mas agora eu penso que talvez pudéssemos ter sido felizes mesmo sem isso, talvez isso fosse o amor. — ela disse tão tristinha que fez meu coração apertar.

ESCAPISM - 𝕻𝖊𝖉𝖗𝖔 𝕻.Onde histórias criam vida. Descubra agora