jantar banhado a sangue e soberba

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Músicas recomendadas para este capítulo:
Mad Hatter e Shameless


Boa leitura, mil perdões por qualquer erro ortográfico.

 

Miranda


Entro no salão de jantar me esforçando ao máximo para não vomitar, mas a cada passo que dou em direção àquela mesa, com aquele homem ali, é como se meu estômago virasse de ponta cabeça.

Deus, como eu daria tudo para só fazer ele sumir.

Sua postura continua inerente quando seus olhos notam minha presença, me analisando de cima a baixo, como um predador.

A soberba em seu olhar permanece, mas uma veia na lateral de seu rosto pulsa com mais intensidade, como se ele tivesse sofrido uma irritação repentina, como se seu ego tivesse sido ferido, como se suas expectativas não estivessem sendo levadas em conta.

Eu não sou o que ele esperava que eu fosse, e isso não poderia ser melhor. Ele provavelmente esperava a imagem que Catherine vendeu, para ele e para o mundo, uma boneca cheia de laços e sem nenhuma opinião.

Observo a mesa em busca de assentos, mas, diferente dos outros dias, as cadeiras não estão ali; há apenas uma cadeira, ao lado de Joe.

Ela fez isso, ela removeu as cadeiras para que eu não tivesse escolha senão me sentar perto, como uma afronta silenciosa, como se quisesse reforçar que eu não tenho escolha.

Sinto o fôlego da irritação chegar e o coração acelerar, mas continuo andando com normalidade, torcendo para que pareça convincente.

Seus olhos ainda estão em mim quando dou a volta na mesa e me sento ao seu lado. Seus lábios estão comprimidos em uma linha fina, e a veia em sua cabeça continua a pulsar, um sinal fixo de sua irritação, e a sua irritação me alegra como poucas coisas já me alegraram nesta vida.

Observo o salão em busca dos funcionários que cotidianamente ficam por aqui, servindo, trazendo coisas, mas assim como as cadeiras, eles não estão aqui. Catherine pensou milimetricamente em como me deixar sozinha com ele, em como tornar isso uma tortura especialmente feita sob medida para mim, mas esse jantar não vai ser ruim para mim, ele será atormentado, não eu. Eu serei sua tormenta.

E serei aquilo que sempre desejei ser para com aqueles que não me respeitam.

Eu o ouço pigarrear.

— Miranda de Marmoreal, a grande princesa, é um prazer conhecê-la — ele faz a menção de pegar minha mão, mas a afasto. — Você é bonita — ele faz uma pausa, olhando para meu vestido novamente — só precisa de algumas melhorias, uma rainha não deveria se vestir de maneira tão vulgar, mas isso é algo que vamos resolver depois do casamento.

Sua fala é tão soberba e, ainda assim, dita com tanta naturalidade, como se ele fosse assim em seu dia mais comum.

O enjoo permanece presente em mim e, depois dessa fala, é como se ele dobrasse de tamanho e crescesse tanto que começo a me questionar se vou conseguir contê-lo ou camuflá-lo.

Em poucos minutos ele já provou ser exatamente o que eu esperava, mas, por outro lado, se ele é exatamente o que eu espero, sei exatamente qual rumo seguir.

Sorrio em escárnio.

— Perdão, senhor? — a veia na lateral de sua cabeça começa a pulsar mais. Homens odeiam ser interrompidos e, principalmente, serem tratados como alguém comum.

— Joe Benedict. Você com certeza já ouviu falar de mim. Sou um aliado de sua mãe nos negócios.

Joe Benedict?

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