Lilly
Enlaço meus braços na cintura de Austin e ele acelera pela rua. Sinto meu coração indo e voltando pela boca. Se esse moleque me matasse, eu juro que voltaria para atormentar ele.
Quando finalmente chegamos em casa, respiro fundo e entro, tentando ignorar os olhares que estão na sala de estar. Subo direto para o meu quarto. Não tinha coragem de olhar para nenhum deles.
Hoje, enquanto estava no shopping, depois de muito insistir, contei tudo para Luiza. E, ao contrário do que achei, ela reagiu calma demais. Ela já estava tão acostumada com essa vida que nem ligava. Sua mãe morreu quando ela era pequena, de câncer, então são só ela e o seu pai. Ele é o advogado principal da família Fox, então provavelmente sabia da minha existência bem antes da minha amizade com Luiza.
Eu não conseguia parar de me sentir culpada pela morte de meu pai. Me sento em frente à janela do meu quarto e fico pensando no que vai ser de mim agora. Austin tinha razão, nunca conseguiria me livrar deles e muito menos ter uma vida normal novamente.
Ouço uma batida brusca na minha porta. Penso seriamente em ignorar, mas sei que eles entrariam aqui de qualquer forma.
- Entra! - digo e prendo minha respiração. Não queria conversar com ninguém, apenas ficar sozinha.
Aaron abre a porta e entra, o que me deixa totalmente intrigada. De todos aqui, ele foi o que menos disse alguma coisa. Sabia apenas seu nome. Ele me encara profundamente e desvio o olhar para a janela. Não conseguia olhar para ele. Para nenhum deles, na verdade, nesse momento.
- O jantar está pronto! - ele diz com sua voz grave e fica parado, apenas me observando.
- Não estou com fome. - digo, mas antes que ele insista, tento me explicar.
- Eu comi pizza com Luiza antes de vir para cá.
Ele sai abruptamente, batendo a porta, o que me assusta. Deito-me em minha cama, me enrolo em meu edredom e viro para o lado oposto da porta, deitada no escuro. Ouço passos no corredor e fecho os olhos. A maçaneta gira e a porta se abre. Tento respirar calmamente.
- Eu sei que não está dormindo! - ouço a voz de Aiden atrás de mim.
- Soube o que houve na biblioteca hoje. - Quando ele diz isso, sinto o medo se instalar em mim. Será que ele também vai tentar algo comigo?
- Então, já que estamos colocando todas as cartas na mesa, vou dizer tudo.
- Eu não me arrependo, Lilly. Não me arrependo de ter deixado Adam matar seu pai, e muito menos de ter levado você. Minha respiração começa a acelerar, e aperto mais os meus olhos para não chorar. Adam estava com ele no dia da morte do meu pai. Era lógico que eu não saberia. Eles são gêmeos, naquela época não saberia diferenciá-los.
- Seu pai não passava de um viciado. Uma hora ou outra, você e sua mãe pagariam por causa dele. Gosto de você, e eu não tenho intenção nenhuma de deixar você ir embora. Então, se acostume: cedo ou tarde, você será minha esposa e mãe dos meus filhos.
Sinto meu coração acelerado. As palavras de Aiden soavam mais como uma afirmação de posse do que uma conversa. Eu não tinha escapatória.
Espero pacientemente por onze horas. Esse é o horário em que todas as luzes se apagavam na casa. Saio de minha cama, visto uma calça legging e uma blusa regata, jogo meu moletom com capô e pego minhas sapatilhas. Desço as escadas silenciosamente e caminho em direção ao salão de festas.
Esse era meu novo esconderijo, o lugar onde eu poderia desligar. Nossa escola faria uma apresentação de balé. Mesmo já sabendo a coreografia de cor, resolvi ensaiar o Quebra-Nozes. Um porque queria ser a bailarina principal, e dois porque era minha peça favorita.
Ligo a caixa de som e me coloco no centro do salão. A melodia começa a tocar. Começo a fazer meus movimentos e sentir o ritmo da música. Já estava tão envolvida em minha dança que, por um breve momento, todo mundo ao meu redor não existia. Era apenas eu e minhas sapatilhas.
Quando a música acaba, minha respiração está ofegante. Sinto o suor descendo pelas minhas costas, mas, além disso, sinto a sensação de estar sendo observada. E não seria a primeira vez. Olho novamente para fora, mas as luzes de dentro do salão bloqueiam qualquer vista do exterior. Caminho novamente para o som e recomeço a música, me coloco em marcação e recomeço tudo de novo.
Após a música acabar, vou em direção à minha garrafa de água, que está vazia. Solto um suspiro de frustração e caminho em direção à cozinha para encher quando ouço passos vindo não muito longe. Caminho silenciosamente para o local de onde veio o barulho. Quando vejo, no escuro, uma forma grande.
- Nunca te disseram que bisbilhotar é falta de educação? - pergunto à sombra que está a alguns passos de mim.
- Eu nunca fui muito educado! - ouço a voz rouca de Aaron, virando-se na minha frente. De todos ali, ele seria minha última opção de ser pego me bisbilhotando no escuro.
- O que você está fazendo? Por que estava me bisbilhotando? - pergunto a ele, que parece estar pensando em como deveria me responder.
- Essa casa é minha, não tenho que dar explicações sobre por onde ando. - ele fala ríspido, querendo me intimidar.
- A casa pode ser sua, mas o corpo é meu. Não quero que você fique me bisbilhotando no escuro. Sabe Deus o que você faz enquanto me olha. - digo, me virando para ir à cozinha, quando suas palavras me atingem.
- Eu não preciso ficar no escuro para fazer algo. Posso muito bem fazer na sua frente, a hora que você quiser. A não ser que queira me ajudar, você sabe onde fica o meu quarto

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Dança das sombras (Harém reverso)
FanfictionLilly Miller é uma jovem bailarina que é dada em troca de uma dívida de seu pai aos irmãos Fox, que controlam e manipulam todos os seus passos e ações. tal obsessão a bailarina é tão grande que eles estarão dispostos a tudo o que for preciso para ma...