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Suas palavras me alcançam, fazendo com que eu me sinta tonto. Minha cabeça cai para trás, fazendo com que eu bata na cabeceira de minha cama.

A pouca luz no quarto faz tudo soar mais dramático e inquieto, o que um dia foi minha libertação e apoio, hoje me causa a sensação de desespero. Sinto meus olhos arderem, mas me seguro para não chorar. Tento me convencer de que isso é uma mentira, mas sei também, que Jeff nunca mentiria sobre um assunto tão delicado.

Suas mãos agarram as minhas, ele as acaricia, em uma tentativa falha de me acalmar. Seus olhos buscam os meus, mas evito olhar para ele, sinto que ele pode ver meu desespero. Minhas mãos fogem das suas, para que eu possa secar as lágrima de meu rosto.

— Não queria que você ficasse assim, querido, mas precisava te falar — Ele me abraça, e mesmo que eu não retribua, ele não me larga.

A ternura de seus olhos são testemunhas de seu carinho por mim. Seu cuidado atingiu meu peito de tal forma, que nunca foi atingido. A súplica de meus olhos imploram para que ele continue aqui comigo. Que ele não me abandone e nem minta para mim. Não aguentaria tanta dor, nem mesmo a solidão que habitaria em mim.

Ele beija minha testa, fazendo com que eu entregue toda minha confiança para si. Meus braços agora, retribui o abraço que se cerca em mim. Meu rosto se aconchega em seus ombros, fazendo com que nos completamos fisicamente. Mas não só isso, nossas almas também estão entrelaçadas, caminhando lado a lado, com a esperança de nunca se perderem uma da outra.

Deixo que minhas lágrima caim em sua roupa e o encharque, mas ele pouco se importa.

Agradeço mentalmente pelo amor que ele me dá, e sei que ele sabe o quão agradecido estou.

Suas palavras de minutos atrás ressoam em minha mente, como um alarme que não deixa de tocar, mesmo quando, é desligado.

Afinal, quem ficaria bem, sabendo que seu pai o vendeu para um homem, em troca de dinheiro e visibilidade.

— Eu não entendo o porquê ele faria isso... — as palavras saem em meio ao soluço.

— tente não pensar muito nisso agora — ele me afoga em seus braços, fazendo com que eu me sinta protegido.

Uma das únicas vezes que me senti acanhado, mas não desconfortável, foi com Jeff, agora, em seus braços.

Suas mãos batem confortavelmente em minhas costas, tentando me acalmar.

Sinto o sono me alcançando, o cansaço atinge todo o meu corpo. Em pouco tempo, tudo fica escuro e não me recordo de muita coisa.

****

Estou escutando um áudio que meu pai Porsche me mandou, mas não respondo, é o que ando fazendo nos últimos seis meses.

O tempo passa rapidamente, como se nada tivesse acontecido. Nesses últimos tempos, Jeff procurou maneiras de me ajudar, tanto na empresa, quanto nos assuntos familiares.

Jeff me aconselhou a seguir um tratamento psicológico, mesmo que nem ele mesmo segue o seu. Entendo sua preocupação comigo, mas também fico preocupado sobre como ele se sente. Então, em troca do meu tratamento, fiz com que ele também fizesse o dele. Às vezes, também fazemos terapia de casal. Não irei mentir, não é como se fosse algo que a gente precise, mas é algo que ajuda um pouco na construção do nosso relacionamento, onde envolve vários trauma de ambas partes.

Sobre a situação da minha família, contei para Prapai sobre o que ocorreu durante esses anos. Falei sobre o que nosso pai fez  e como me senti e sinto sobre tudo isso. Procuramos motivos plausíveis para isso, mas, que motivo seria suficiente para um pai deixar seu filho ser estuprado?

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⏰ Última atualização: Aug 26 ⏰

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A Peça que Faltava / JeffBarcode • KimChayOnde histórias criam vida. Descubra agora