Bárbara organiza casamentos. Não só esse tipo de celebração, mas todos os tipos de festas que se possa imaginar, mas os casamentos... Ah... Os casamentos mexem com a garota. Não é atoa que ela tem planejado tim tim por tim tim do seu... Mesmo não te...
—Puta que pariu, pra que esse monte de caixa? — Ele usa o joelho pra acertar a caixa de papelão molhada que tá carregando.
—Não faz isso! Vai estragar o tecido seu brutamontes! — Tentei fechar a caixa do jeito que dava.
—Tecido? Puta que pariu, se meu edredom tiver aqui dentro Bárbara, Bárbara... — Ele empurra a caixa com o joelho de novo e meu maxilar trava.
—Porque você não fica ca... — A poeta principal abriu.
—Babi! Minha filha! — Vovó me puxa pra um abraço — Meu Deus faz tanto tempo que não te vejo, quase não reconheci. O que você fez no cabelo? Desistiu das trancinhas?
—Vó, eu tirei a trança há meses — Soltei uma risada e me afastei, dando uma conferida nela também.
Costumava vir aqui bem mais quando mamãe ainda era viva, passávamos o final de semana costurando no quartinho dela ou algo assim, depois tudo mudou. Meu pai nunca foi muito receptivo com a família da esposa e eu não sei dirigir, então...
—E o rapaz bonito, quem é? — Ela da um passinho pra trás e olha diretamente pro Gabriel parado na porta.
E é bem aqui meus amigos, que percebo que sim. Tudo que já tá uma bosta pode piorar.
—Ah, eu? — Gabriel olha pra mim com um sorrisinho de lado — Pode repetir essa parte do rapaz bonito olhando diretamente pra sua neta, senhora?
—Senhora tá no céu, garoto. Entra e coloca essa caixa aqui em cima — Vovó bate no mármore que divide a sala da cozinha.
Essa mulher... Meu Deus.
Mamãe fundou a Casa Dois com a ajuda dela, ou seja, se quisesse vovó Estela estaria nadando numa piscina cheia de dólares, mas prefere viver numa casinha pequena no meio do mato, longe da civilização e com a quantidade absurda de fuxicos que costura por dia.
