Capítulo 52 💘

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— Eu não entendi... Por que ela está se escondendo? Estamos em perigo? — Dênis perguntou para Thomas olhando ao redor assustado. Em outra ocasião eu riria dele.

— Ela não quer ser vista com a gente. — Thomas disse com desdém. Eu já estava começando a ficar com raiva.

— Não é assim! — Tentei me explicar, mas logo fui interrompida.

— Meu Deus. Parece que estou no ensino médio de novo. — Luís falou com um tom de tristeza na voz, e senti uma dor no coração. A última coisa que eu queria era magoar aqueles meninos.

— É verdade? — Dênis perguntou olhando preocupado para mim. — Você tem vergonha de nós?

— NÃO! — Respondi alto, no entanto lembrei que não podia chamar atenção e olhei para o corredor vendo se tinha alguém ali. — Eu não posso correr o risco de ser vista aqui com vocês. Se meu pai souber ele vai ficar maluco... Ele não sabe...

— Clara. — Thomas me chamou. Seus olhos negros estavam semicerrados, como se ele estivesse realmente desapontado comigo. — Alguém sabe o que você faz toda quinta à tarde?

Olhei para os três que estavam me encurralando e dei um suspiro. Como se isso já servisse de resposta, Thomas assentiu e desviou a atenção de mim. Dênis e Luís me olhavam confusos, provavelmente frustrados com a interpretação que Thomas estava tendo da minha situação. O que mais me intrigava era que eles não entendiam o real motivo da minha preocupação.

— Minha prima! — Falei com um pingo de alegria assim que lembrei. — Clarisse sabe desde o começo. Ela que me levou para o SuperCon.

— Então ela é sua cúmplice? — Thomas disse do mesmo jeito sarcástico de quando achou que eu tinha voltado com Gustavo. — Você não está se ajudando.

— Thomas, você sabe muito bem que ia pegar mal para nós dois se nos vissem na escola. — Argumentei.

— Só que não estamos na escola. — Ele disse em negação. — Parece que o problema não é só esse.

— Gente, vocês não estão entendendo... — Minha voz ficou trêmula de tão nervosa que eu estava ficando.

— Realmente, não estamos. — Thomas disse sério. — Eu achei que você era diferente desses adolescentes egocêntricos que só se importam com a opinião alheia, mas parece que eu estava errado. Você é igual a todos eles...

Falando isso ele deu as costas e saiu de onde estávamos, me deixando sentida com suas palavras. Eu tentei ir atrás dele mas lembrei que estava me escondendo de Chico, e não tinha para onde ir. Me encostei na parede tentando pensar em como eu ia resolver isso, mas primeiro em como eu sairia dali.

— Eu vou tentar falar com Thomas. — Luís disse indo atrás dele, deixando eu e Dênis sozinhos na entrada dos banheiros.

— Eu não sou igual a todos eles... — Disse olhando para o lado, tentando evitar que lágrimas caíssem dos meus olhos.

— Eu sei. — Olhei para Dênis. — Dá um tempo para Thomas. Ele sofreu muito no ensino médio. Deve estar achando que está vivendo tudo de novo... Só não leve pro lado pessoal. — Espremi os olhos só de pensar que eu podia ter machucado Thomas com algo que nem verdade era. — Acho melhor irmos embora. Assim você não chega tão tarde em casa.

Dênis me deu um sorriso confortador, e eu assenti para ele. Até então eu só conhecia o lado engraçado de Dênis, que parecia um personagem de desenho animado, e não seu lado compreensível. Fiquei contente por pelo menos ele não ter acreditado em tudo isso.

Eu e Dênis saímos pelos fundos do fliperama até chegarmos no seu carro, onde ficamos aguardando Luís e Thomas voltarem. Me preocupei se de fato eu tinha saído sem ser notada por Chico, no entanto o que mais me preocupava era ter de alguma forma machucado Thomas. Infelizmente minha preocupação se tornou realidade.

As Palavras Não DitasOnde histórias criam vida. Descubra agora