𝟓𝟐: 𝐓𝐡𝐞 𝐓𝐫𝐢𝐮𝐦𝐯𝐢𝐫𝐚𝐭𝐞 - 𝐌𝐲 𝐃𝐞𝐚𝐭𝐡

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De tudo o que passamos
E eu trilho um caminho conturbado
Minha sorte está contra mim
Eu voltarei ao luto.

—  Back To Black, Amy Winehouse.

Eu o encarava, desacreditada, mas não surpresa

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Eu o encarava, desacreditada, mas não surpresa. Estava diante de mim, a imagem de um homem doente, repugnante, que me provocava náuseas só de saber que compartilhávamos o mesmo ar nesse exato momento.

Vê-lo diante de mim foi um choque, que despertou um turbilhão de pensamentos que haviam sido adormecidos. Era como se estivessem me forçando a lembrar de tudo aquilo que bloquearam por tanto tempo. E agora, a presença de Dylan naquele quarto branco só confirmava o que eu já temia, que ele fazia parte de tudo.

Eles não iriam descansar enquanto não me destruíssem por completo, agora que eu sabia demais.

Não vão me deixar ir.

Vão me matar lentamente, da forma mais lenta e dolorosa que eles conseguirem.

— Não vai dizer nada, querida? — sua voz irrompeu o silêncio e meus pensamentos. — Não está feliz em me ver de novo?

Fiquei em silêncio, o nó na minha garganta apertando. Ele riu, aproximando-se mais.

— Sei que é muita coisa para absorver. Sua cabeça deve estar explodindo com tanta informação, mas não se preocupe — disse, a voz transbordando do mais puro sarcasmo. — Você terá bastante tempo para refletir sobre tudo.

Eu engoli em seco. Meu corpo parecia ter me abandonado, inerte, pesado demais para mover. Havia uma dor insuportável abaixo do meu ventre, latejando a cada segundo. Eu precisava de água, de qualquer coisa.

Meus olhos, semicerrados, fixavam-se em um ponto distante no teto, a visão embaçada enquanto lutava para permanecer consciente. A voz de Dylan parecia distante, como um eco longe de meus pensamentos, mas que infelizmente, eu conseguia ouvir.

— Sabe, Nadine... — continuou ele, sua voz ficou mais seria. — Sempre te achei uma mulher forte, resistente. É admirável o quanto você aguentou até agora. Mas, no fundo, você se tornou amarga, deprimida... E isso me irrita. Sabe por quê?

Seus passos ecoaram, pesados e lentos, até que sua sombra parou diante mim.

— O que mais me irrita é que, apesar de toda sua frieza, o que faz seus sorrisos genuínos aparecerem... é ele. Kastiel. — Ele cuspiu o nome, como se fosse um veneno que queimava sua língua. — O homem responsável por sua transformação, mas o único homem que te fez sorrir de verdade. Eu odeio isso, Nadine. Odeio o fato de que, mesmo depois de eu ter sido o seu primeiro, é ele quem está na sua cabeça. Isso me incomoda pra caralho.

Ele permaneceu ali, me observando com um olhar que mudou lentamente, tornando-se algo mais doentio. Era um olhar carregado de possessividade.

Ergui a cabeça, movendo-me com dificuldade, tentando reunir o mínimo de força para falar. Ele percebeu minhas tentativas, e um brilho de expectativa surgiu em seus olhos.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora