Bárbara organiza casamentos. Não só esse tipo de celebração, mas todos os tipos de festas que se possa imaginar, mas os casamentos... Ah... Os casamentos mexem com a garota. Não é atoa que ela tem planejado tim tim por tim tim do seu... Mesmo não te...
O som baixo no carro não ameniza o clima meio pesado. E além disso o único barulho são dos meus dedos batucando o volante porque porra!!! Eu PRECISO pensar no que fazer agora.
Como o pai de alguém sai da casa do caralho pra desejar feliz aniversário pra FILHA daquele jeito?! Se meu pai fala comigo daquela forma eu não sei como iria reagir, na moral.
Agora elá ma mal... NO DIA DO ANIVERSÁRIO.
Porra. Não fode.
Aniversário pra mim é evento. Nunca deixo de comemorar, tento me divertir e passar tempo com os meus. É uma data especial, afinal você enfrentou mais um ano. Tá vivo. E parece que ela não foi Ensinada assim.
—Onde a gente tá indo? — Quebrou o silêncio, olhando pra mim de lado.
O trânsito não me deixa virar o rosto por mais de um segundo, mas eu queria. Mesmo. Queria olhar pra ela e dizer que tô indo pra qualquer lugar onde seja possível colocar um sorriso nesse rosto.
—Não sei — Balancei a cabeça e abaixei ainda mais o volume do som — Acho que te devo um pedido de desculpas.
—Pelo quê?
—Por ficar zoando sua empresa, chamando de espelunca e aquelas piadas sem graça que vivia fazendo — Mordi a pelinha da bochecha — Se soubesse o motivo...
—Não tinha como você saber.
—Mesmo assim — Bati o martelo — Mas só pra você saber eu falava só pra te irritar porque você ficava jogando um monte de coisas na minha cara e não queria sair por baixo.
—Eu sei — Murmura.
Monossilábica demais. Não gosto. Prefiro que ela me acerte com uma sandália, que me xingue e discuta comigo. Silêncio e quietude não combinam com ela.
—Posso ajudar. Com a empresa. — Ofereço — Vamos pensar em alguma coisa juntos.
—Tá bom — Murmura mais uma vez. Pelo canto do olho vejo o momento exato em que suspira e passa a mão no rosto, parecendo cansada.
