𝟓𝟒: 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝𝐲 𝐁𝐨𝐝𝐢𝐞𝐬

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Kastiel Kaltain

Com as pálpebras pesadas, permaneci com os olhos abertos, fixos em um ponto no teto de madeira, enquanto Nadine desfrutava o resto de seu sono no meu peito, em um sono tranquilo e sereno.

Desta vez, no quarto.

Ela adormeceu enquanto estávamos na colina ontem à noite, mas eu a trouxe nos braços de volta ao quarto por causa da baixa temperatura do local. Ainda assim, pude ver que ela gostou bastante da noite, a qual eu não podia perder a oportunidade de me expressar.

Eu a amo. E cada segundo que passei sem dizer isso foi um erro do qual me arrependo muito. Quase a perdi, e a ideia de que ela poderia ter morrido sem jamais saber o que sinto me atormentaria pelo resto da minha vida.

Nunca terei outra chance se hesitar novamente. Não vou mais desperdiçar tempo, nem deixar passar qualquer oportunidade. Nossa vida é uma batalha constante, e essas raras chances são como ouro.

Sou louco por essa mulher. Sempre fui. Desde pequeno, algo dentro de mim já me dava sinais.

Talvez seja errado, talvez não, mas lembro de sentir o desejo inocente de beijá-la quando ainda éramos crianças, de querer saber como seria, nem que seja apenas encostar. A Coragem eu tinha, mas algo me impediu de tentar, talvez o medo de afastá-la de mim.

Agora, ela estava aqui, dormindo comigo depois de ter dito que me amava, e o sentimento de saber como ela mexia com a minha postura me fez respirar fundo, ocasionalmente encarando seu rosto sereno em cima do meu peito.

Quanto a mim, já faz dias que não fecho mais os olhos, desde que acordei naquele galpão. Eu estava consciente de que não estávamos em um lugar seguro, e me recuso a dormir. Minha mente perturbada também não me permite sentir sono.

Não estava em paz. Minha mente estava sobrecarregada até um limite que eu nem sabia que existia, até passar por uma situação como essa.

Eu estava inquieto. Estava cada vez mais difícil esconder a raiva a cada dia que passava, especialmente pelo fato de que, quando pergunto o que fizeram com ela, Nadine sempre muda de assunto. Ela estava melhorando, e eu a cada dia tenho que fingir que está tudo bem, mas não está. Estou aqui pela recuperação dela, ela precisa de mim. Mas, se tudo dependesse só de mim, já estaria caçando cada membro daquele covil de corruptos psicopatas.

Estamos foragidos. Temos pouco tempo até que nos encontrem, o que não deve demorar muito. Nossos dias estão contados se continuarmos aqui.

Nadine se mexeu, inquieta, sobre meu peito, soltando murmúrios confusos enquanto abria os olhos lentamente, lutando contra a luz que entrava pela janela.

— Que droga, odeio acordar com a luz no meu rosto! — reclamou com a voz rouca, esfregando os olhos enquanto bocejava.

Um sorriso quis escapar dos meus lábios, mas o contive.

— Bom dia, princesa — saudei, enlaçando seus cabelos com os dedos e puxando-a delicadamente para perto, deixando um beijo suave em sua testa.

— Bom dia — ela retribuiu o sorriso, caloroso, antes de se sentar na cama, me olhando com preocupação. — Não dormiu de novo, né?

Soltei um suspiro profundo, comprimindo os lábios.

— Não.

Seus olhos me encontraram, cheios de angústia, enquanto ela se aproximava lentamente na cama.

— Kastiel, você precisa descansar, está tudo bem agora...

— Não, Nadine, não finja que está tudo bem! — interrompi, levantando-me de repente. — Não estamos vivendo uma vida tranquila no campo, não é essa a nossa realidade! Estamos sendo caçados como dois animais, e não vai demorar até que nos encontrem. Estamos quietos demais, e isso só piora a situação.

𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐋𝐔𝐂𝐈𝐅𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora