Capítulo 03

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A sensação de romance acabou no minuto que fui amarrado rudemente, amordaçado, e jogado no banco de um carro que saiu em alta velocidade. Tentei me soltar, e eles me doparam com um pano no nariz. Acordei com muita dor de cabeça naquele quarto frio.

Estava apavorado, toda fantasia havia acabado. Lembrava das histórias do pai em seu cativeiro por tantos dias, da minha tia morta. Fiquei muitas horas ali até ele entrar. Logo que o vi, pensei que ele fosse me matar. Vi uma arma em sua cintura, e me afastei, arrastando no colchonete, sem tirar o olho do objeto.

- Calma, rapaz, calma, olha para mim, olha para mim - ele disse de longe e alguma coisa em sua voz me acalmou e me deu conforto. Era a voz de alguém acostumado a mandar. Uma voz forte, mas suave, não sei como definir. A voz de um general habituado ao comando talvez explique um pouco.

Ele, um general, eu, alguém habituado a obedecer, não precisa nenhum conhecimento de psicologia para entender que me senti confortável e seguro. Ele tirou a arma da cintura, deixando eu ver seus movimentos, e a colocou no chão, perto da porta, mostrando suas mãos nuas. Pegou um marmitex, primeira vez na vida que vi um, e me mostrou, assim como um copinho de água mineral.

- Vou chegar perto, está bem? - e se aproximou do colchonete, sentou-se nele, e gentilmente tirou a fita adesiva de minha boca. Oferece um golinho de água, recomendando que eu bebesse devagar, e foi me dando a comida fria na boca, pois continuava amarrado.

- Vou ver se a próxima vem mais quentinha, mas não está ruim, não é? Você deve estar com fome... - ele disse como se aquela situação fosse a coisa mais natural do mundo.

- Pode me desamarrar? - pedi.

- Não, meu príncipe, não posso, mas vou dar para você - e foi me dando a comida na boca.

Foi nesse momento que vi seus olhos, e cheguei a engasgar.

- Que foi? Coloquei muita comida? - perguntou. - Desculpe, beba um golinho de água, com calma, vai.

- Preciso ir ao banheiro - disse entre uma garfada e outra.

- Aguenta acabar de comer, ou tem que ser já?

- Depois de comer, está bom isso - disse mostrando a comida.

- Eu sei, sei quem faz essa comida, comi dela também, mas foi há algumas horas atrás. Olha essa carne que gostosa, prova - ele disse pondo um pedaço de carne na minha boca.

- Bom - disse sinceramente.

- Também achei quando comi - ele disse, e pude ver que ele sorriu. Mesmo sem ver seu rosto, seus olhos brilham como quando alguém sorri.

- Agora banheiro - eu disse quando acabei.

- Sólido, ou líquido?

- O quê?

- Quer fazer xixi ou cocô?

- Xixi.

- Então é mais fácil, venha - ele disse enquanto me ajuda a levantar.

- Vai ter que mijar no copinho se não quiser ficar com cheiro de mijo no quarto, está bem?

- Se eu acertar! Sem segurar vai ser difícil

- Eu seguro - ele disse abrindo meu fecho, e fiquei roxo quando ele pegou em meu pau com sua mão quentinha, mas não consegui urinar.

- Que foi? Perdeu a vontade? Nossa, isso tudo é falta de graça, meu príncipe? - Ele brincou vendo meu rosto vermelho. - Imagina que sou uma das tuas modelos. Não, é melhor não, de pau duro vai ser mais difícil - e ouvi uma gargalhada gostosa.

O Refém (livro gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora