*02*

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Acordei agora. Não me lembro quanto tempo eu fiquei apagada. As mesmas luzes cegantes estão ligadas. Minha mente clareou agora. É como se eu estivesse com os olhos abertos esse tempo todo mas ainda sim estivesse escuro. As poucas vezes que consigo enxergar algo além da escuridão são esses momentos no qual minha mente clarea. Ainda não tenho a escolha de mover o olhar. Mas posso ouvir.É como se meus glóbulos oculares estivessem anestesiados. Dessa vez não escuto voz alguma. Meus ouvidos estão funcionando novamente.
Posso ouvir minha respiração e os meus batimentos cardíacos pelo aparelho que bipa. Aguço mais os ouvidos e consigo ouvir algum tipo de discussão ao longe. Quero gritar. Acordar desse pesadelo. Quero voltar a ler meus romances. Voltar para a casa. Ver meus pais. Oh Deus. Onde será que eles estão? Onde eu estou? Completamente perdida em meu proprio consciente. Não sei como acordar desse maldito pesadelo.
Me esforço para gritar. Me esforço muito mesmo. Preciso correr. Voltar para casa. Quem são eles? O que fazem comigo nesse lugar cegante? Quero ser liberta dessa prisão! Não posso mover-me. Quero correr e gritar mas não é possível.
As vozes continuam. Cada vez mais próximas e mais altas. Eu decido esvaziar a mente e descansar. Ao menos posso tentar fazê-lo. A discussão chega no seu auge e a última frase que eu escuto na qual eu entendo é:

"Chega, estou fora. Cansei me
de fazer mal às pessoas. Ela é só uma garota! Olha o que fizemos com ela. Olha o estado dela. Se você não tem coração saiba que eu tenho."

Após aquelas palavras eu me sentia completa e inteiramente desnorteada. Um nó firme na garganta me dizia quem era a garota da discussão. Meu estomago revirava. O que fizeram comigo? Preciso saber. Preciso me libertar. Agora.
Minha boca se moveu devagar na medida de que eu ia me esforçando como nunca. Chegou em um ponto que consegui gritar. Ou eu acho que gritei porque outra sombra por cima de minha cabeça me encarava. Logo eu senti os batimentos acalmarem. Eu sabia que em breve apagaria novamente. Sabia que ia sentir a rotineira picada no pescoço. Com minhas últimas forças consegui balbuciar...

"Me ajude"

Apaguei.

A Strange LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora