*05*

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Estou a cerca de uma hora perdida no meio desse mato todo, dentro dessa floresta gigante. Não ouço mais os gritos dos cientistas do laboratório então provavelmente devo estar longe.

Meu corpo voltou a me obedecer, mas logo que entrei na floresta caí de cara no chão. Somando com o machucado na perna que fiz ao pular a janela, esse já é o segundo hoje.

Machuquei feio o braço esquerdo. Arde muito e ainda não parou de sangrar.

É isso? Sobrevivi a experiências fatais para sangrar até a morte em uma droga de floresta?

Sento-me no chão. A grama úmida me acalma. Assim como o céu alaranjado de fim de tarde. Sinto-me exausta. Meu corpo ainda não estava pronto para tamanha agitação. Estou totalmente dolorida. Minhas pernas e braços. Minha cabeça parece querer explodir. Relaxo sob um grande carvalho. Meus olhos estão se fechando. Cansaço. Isso que estou sentindo no momento. Acabo por dormir em baixo do carvalho mesmo.

...

Abro os olhos lentamente. Está escuro. Pelo menos me sinto renovada. Há tempos que não durmo de verdade. Esfrego os olhos. É difícil acostumar- se com a escuridão. Vai ser complicado ver alguma coisa assim.

Ouço apenas os ruídos da floresta. Folhas balançando. Alguns passarinhos e barulho de vento. Tão bom. Tudo em paz. Tudo está bem agora. Minha felicidade é um pouco maior que minha fome no momento, mas não muito. Estou faminta. Sinto-me como se não comesse há anos. Mas ao mesmo tempo meu corpo parece estar resistindo a essa fome. Pelo menos o suficiente para me manter de pé.

Vou tentar achar alguma fruta por essas arvores.

Levanto-me da grama alta com um pouco de dificuldade e sigo buscando algo entre os arbustos e árvores próximos a mim.

Nas histórias que tia Cecilia contava a mim na hora de dormir sempre havia princesas perdidas e príncipes que as encontravam. Lembro-me de ter lhe perguntado certa vez se a floresta de verdade era magica assim como a dos livros. Ela respondeu-me que a floresta é perigosa e guarda muitos segredos. A verdade é que não sinto medo algum. Sinto-me mais segura aqui do que com um punhado de loucos querendo-me como rato de laboratório.

Corro os olhos pela floresta agora apagada. A única luz que posso usar é a das muitas estrelas que repousam no céu sem nuvens. O que na verdade torna muito mais fácil minha visão.

Começo a caminhar em direção a uma árvore baixa com os galhos cheios do que parecem ser ameixas. Aproximo-me. Hum... Tem um cheiro bom. Sou desperta de meu momento por um ruído. Folhas sendo pisadas. Tenho quase certeza.

Giro o corpo até outra arvore bem próxima dali. Esperando que seu grande e alto tronco me esconda até eu ter certeza de que quem quer que esteja me vigiando saia e vá embora.

Parece que parou. Vou esperar mais um pouco só por precaução. Não sei quem pode estar ai. Pode ser um dos psicopatas querendo me pegar de novo. Não vou arriscar.

O silêncio paira sobre o lugar. Saio de fininho de trás da arvore e caminho cautelosamente correndo os olhos pelo local. Ouço um pequeno ruído. Na verdade não sei se é minha imaginação. Meus pensamentos são interrompidos por um toque de celular.

Sem pensar, jogo-me em um arbusto grande a minha frente e fico olhando por uma brecha das folhas uma silhueta grande sair de trás de um pinheiro próximo dali.

Meu olhar é atraído para pontinhos minúsculos vermelhos. Parece ser uma aranha. Oh não, ela é enorme. E assustadora. Ela está chegando perto demais do meu braço.

Lembro-me de ter balbuciado um "Ai" antes de desmaiar.

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