As Coisas Estranhas Nunca Acabam...

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― Quero que você me transforme.

O lobo cinzento se levanta rapidamente, sentindo a cabeça girar. Ele apanha suas roupas com a boca e se esconde por entre as árvores, retornando em sua forma humana em seguida. Seus olhos preocupados não escondiam sua dúvida quanto aquele pedido.

― Elena, por favor, reconsidere.

― Não! – insiste, deixando escapar algumas lágrimas. – Não quero viver como uma humana, com a mancha dos caçadores me atormentando dia após dia... Quero ser alguém diferente, alguém melhor, quero me tornar uma pessoa digna de você – termina num fio de voz.

Harry sente seu coração apertar. Maldito imprinting que o fazia se sentir culpado mesmo quando não tinha culpa. Elena tinha total convicção de sua decisão, mas seria ele capaz de corresponder às suas expectativas?

― Vou conversar com meu pai sobre isso – desabafa vencido, abraçando-a.

Em pensar que depois de transformada, ela deixaria de ser sua porcelana para ser uma forte lobisomem, capaz de se defender sozinha e se proteger dos inimigos... Harry segura a mão de Elena com carinho e a conduz por entre as árvores, em direção a sua casa.

Longos minutos depois, eles saíam da floresta, deixando que os poucos raios de Sol lhe acertassem o rosto. Foi aí que tudo começou a ficar estranho novamente, quando um cheiro diferente alcançou as narinas de Harry, desconhecido e irritante, fazendo-o franzir a testa.

― O que foi? – pergunta Elena, estranhando sua careta.

― Um cheiro esquisito. – Olha ao redor, vendo uma garota se aproximar. – Deve ser dela, é doce e irritante – comenta, esfregando o nariz e sentindo o aroma formigar em seus pulmões.

― Você deve ser o famoso Harry! – exclama a visitante, sorrindo, colocando seus cabelos cor de cobre para trás dos ombros. – Sou Renesmee e estava ansiosa para conhecê-lo. – Estende a mão.

― Re o quê? – pergunta ele confuso.

Harry aperta a mão da visitante por educação, surpreendendo-se quando Nessie puxou seu braço em direção ao rosto e o cheirou. A híbrida solta sua mão e avança, aproximando seus rostos como se pretendesse beijá-lo, fazendo-o recuar instantaneamente.

Porém, a cada passo que o mestiço recuava, ela avançava. Elena, que assistia àquela estranha perseguição, sente o sangue ferver quando a desconhecida encurrala Harry contra uma árvore e espalma as mãos descaradamente sobre o seu tórax. Nessie se aproxima ainda mais e percorre toda a curvatura do pescoço de Harry com o nariz, inalando profundamente sua fragrância amadeirada.

― Você é muito cheiroso – conclui ela –, não fede como os outros lobos. Pelo menos, não pra mim.

― O que pensa que está fazendo? – esbraveja Elena, puxando a híbrida pelo ombro e obrigando-a a encará-la.

Nessie vira-se rapidamente com o puxão e, por instinto, agarra o pescoço da garota que ousava interrompê-la. Ela logo sente um aperto forte ao redor de seu próprio pescoço, pois, no mesmo segundo, Harry a agarrara da mesma forma, rosnando furiosamente. A híbrida solta sua refém, não pretendendo incitar a fúria do lobisomem, que apertava seu pescoço com força, causando-lhe dor.

― Se tocar nela de novo, eu a mato – rosna ele.

― Sim, eu entendi – resmunga ela, sentindo o ar lhe faltar.

Harry a solta, mas, antes que ele cogitasse a ideia de fugir, Nessie recomeça:

― Eu também sou uma mestiça – revela ela, tentando surpreendê-lo. – Você é um lobo e eu uma vampira, mas, no fundo, somos parecidos, pois somos diferentes dos outros.

Leah 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora