Dragão Púrpura (editado)

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— Então, como podem ver, minha vida está bem complicada,—  disse Amélia, soltando um longo suspiro. Pegou seu copo de café com ambas as mãos e bebericou o líquido quente e adocicado. Em seguida, observou suas colegas de escola, aguardando alguma reação delas. As amigas a encaravam com uma mistura de admiração e surpresa. O grupo estava relaxando em uma pequena cafeteria próxima à escola, Bear Creek High School. Era um ritual que costumavam fazer às sextas-feiras, mas aquele dia era especial. Amélia tinha decidido explicar às amigas o motivo de sua ausência nas atividades extracurriculares. Nas últimas semanas, sua vida tornara-se um caos, fazendo-a chegar atrasada às aulas e sair mais cedo delas. Ela só esperava que esses hábitos não afetassem suas notas.

— Essa história parece um conto de fadas! Sua mãe encontrou uma espécie de príncipe encantado, —exclamou Jessica Young, com um tom sonhador. Jessica, uma garota de cabelos negros e curtos que usava óculos grandes, que ocultavam grande parte de seu rosto e até seus traços orientais. Amélia olhou intrigada para a amiga. Sabia que ela adorava ler e assistir a novelas e doramas com temáticas românticas. Nunca questionou os gostos "açucarados" de Jessica, mas comparar a vida pessoal de Olivia a um conto de fadas? Amélia teria que discordar; para ela, estava mais para um conto de terror.

— Não sou muito de entrar no mundo fantasioso de princesas da Disney que a Jess tanto gosta, mas devo concordar com ela em uma coisa: você tem muita sorte! Se as fotos do seu futuro 'pai' e 'irmão' forem verdadeiras, eu adoraria fazer parte da sua família e, quem sabe, praticar o incesto! — piscou Adriana. Jessica ficou ruborizada e escondeu o rosto atrás do cardápio do café. Amélia também não conseguiu conter o rubor. Adriana sempre fora um tanto pervertida. A garota de cabelos longos e loiros, com olhos azuis, tinha uma aparência angelical, mas a realidade era que ela adorava fazer comentários picantes.

— Arthur não vai ser meu pai, nem Alex será meu irmão! Já disse isso! Ou seja, mesmo que ele se case com minha mãe, não temos o mesmo sangue! — Amélia respondeu, elevando a voz. Adriana apenas sorriu.

— Então, não deve se preocupar com o fato de ser incesto! —piscou novamente.

— Adriana Hernandez, por favor... — choramingou Jess.

– Adriana Hernandez, por favor... – implorou Jess.

– Acho que estamos nos desviando do que realmente preocupa a Amélia – interrompeu outra garota. Ela era a única que bebia chá em vez de café e tinha cabelos roxos tingidos e olhos castanhos. Havia um certo ar de sabedoria em sua postura, tornando-a uma excelente conselheira. Seu nome era Rebecca Lewis. – Se eu entendi bem, sua mãe conheceu esse tal Arthur há algumas semanas e ambos já estão pensando em casamento?

– Exatamente – concordou Amélia, voltando sua atenção para a xícara de café. – Conheço esse Arthur há apenas uma semana e meia. Não que ele seja insuportável como os ex-namorados da minha mãe, mas...

– Tudo está acontecendo muito rápido, não é? – completou Rebecca.

– Sim. No entanto, nunca vi minha mãe tão feliz quanto agora. Parece que Arthur a completa de algum modo. Sempre quis que ela encontrasse alguém. Afinal, ela perdeu sua juventude quando engravidou e não pôde aproveitar como gostaria.

– Amélia, não carregue a culpa pelas decisões de sua mãe. Todos nós fazemos sacrifícios e escolhas. Ela optou por amadurecer mais cedo para te criar. Não há nada de errado nisso – afirmou Rebecca, com um tom crítico.

– Eu sei – suspirou Amélia. – Hoje mesmo vamos nos mudar para a casa do namorado da minha mãe, ou melhor, para uma mansão. Podem acreditar? Eu, que vivia em uma casa de apenas três cômodos, agora vou morar em um casarão com sei lá quantos quartos! Tudo parece surreal demais para acreditar.

Fogo e Escamas (Em processo de edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora