Capítulo II ; Por Juliette

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No lugar onde eu estudava, as freiras nos davam um conselho que sempre considerei muito sábio - evitar a tentação. Se você não consegue segurar seus impulsos, suas vontades erradas e egoístas, é melhor simplesmente evitar.

Estudava em um colégio para meninas, tive pouquíssimo contato com homens durante a minha vida e sempre os considerei estranhos. Eles me deixavam envergonhada. E naquele momento eu estava com vergonha mas não tinha a mínima vontade de sair correndo, eu queria ficar ali... com ele.

Era o homem mais bonito que eu já tinha visto e me sentia estranha perto dele, só que era estranha de uma forma boa e eu mal sabia que isso era possível.

Eu precisava evitar a tentação. Rápido.

- Acho que eu preciso voltar para casa. - Falei de cabeça baixa, evitando olhar para ele.

- As aulas só começam daqui a uma semana e a festa ainda vai durar bastante, não entendo porquê você precisa ir.

- Eu cheguei na cidade hoje e pra falar a verdade eu nem arrumei as minhas coisas e mesmo assim estou cansada. A viagem até aqui foi longa e eu não descansei. Também não costumo ficar acordada até essa hora e eu realmente preciso dormir.

Nada do que eu tinha falado era mentira. Eu estava cansada e com sono, só não diria a ele que a sua presença tinha causado tanto efeito em mim a ponto de eu querer me afastar.

- Você veio sozinha? Se quiser eu posso te levar em casa.

- Eu vim com minha colega de apartamento que está lá dentro, então eu agradeço mas você não precisa se incomodar em me levar para casa.

- Não seria incomodo, eu quero fazer isso.

- Eu agradeço a sua gentileza, Jace. Agradeço porém não será necessário.

- Não tem nada que eu possa fazer para te convencer do contrário?

- Na verdade acho melhor eu ir procurar minha colega de apartamento, espero que ela não tenha bebido muito.

Entrei rapidamente sem me despedir, ele me causava sensações estranhas nas quais eu queria agarrar e me livrar ao mesmo tempo.

Felizmente não demorei para encontrar Alice que estava no mesmo lugar do qual eu tinha saído. A maioria dos garotos que estavam lá haviam saído porém o namorado dela estava lá e Alice parecia que estava cochilando no ombro dele.

- Ela está bem? - Perguntei.

- Sim, ela é fraca para bebida e mesmo assim insiste em beber. A bebida a deixa sonolenta e ela fica desse jeito. Você está querendo voltar pra casa?

- Sim, mas se ela está assim não tem problema, eu posso esperar um pouco.

- Não, nada disso. Eu pego o carro dela e deixo vocês em casa. Também já vou sair, a festa perde a graça quando Alice volta para casa. - Sorri, dava para ver que ele realmente gostava dela.

- Vai voltar para a sua casa andando?

- Não, eu volto para cá andando e pego o meu carro. - Ele a pegou no colo como uma noiva e saímos andando para fora dali.

Quando já estávamos do lado de fora fomos abordados por Jace mas ele não estava falando comigo.

- Sean, o que está fazendo?

- Levando as donzelas para casa. - Ele riu. - Juliette, este é Jace meu colega de apartamento. E Jace essa é a colega de apartamento da Alice.

Foi inevitável mas nós dois rimos.

- Acho que eu perdi a piada. - Sean comentou.

- Nos conhecemos um pouco antes de você nos apresentar. - Expliquei.

- Não sabia que era colega de quarto de Alice.

- Você não perguntou. - Rebati.

- E você não me deu chance para perguntar. - Acusou.

- Bem, acho melhor irmos Juliette. Eu ainda preciso buscar o meu carro aqui. - Disse Sean.

- Eu posso levar o seu carro até lá e depois você me deixa aqui para buscar a minha moto, é melhor pra você. - Ofereceu Jace.

- Isso vai adiantar o meu lado, valeu cara.

- Quer vir comigo? - Jace me perguntou.

- Não precisa mas obrigada mesmo assim. - Eu já estava me afastando quando ele segurou o meu braço.

- Por favor, Juliette. - Cometi o erro de olhar nos olhos dele, eram como o mar e me deixavam meio entorpecida, acabei cedendo sem nem pensar.

- Ela vai comigo. - Ouvi Jace informando ao Sean.

Ele abriu a porta do carona para que eu entrasse, meu consolo era que a viagem seria curta. Coloquei o cinto de segurança e ele logo começou a dirigir.

- Sua mãe nunca te ensinou a não entrar no carro de um estranho?

- Você me faria algum mal? - Perguntei tentando evitar o assunto "mãe"

- Não, eu nunca faria isso. Mas sempre seja cautelosa, tem garotos que se aproveitariam disso.

- Só vim com você porque o namorado da minha colega de apartamento é seu amigo e porque você insistiu. Eu não seria idiota o bastante para entrar no carro da primeira pessoa que me oferecesse carona.

- Desculpe, você só me parece boa demais para reconhecer a maldade nas pessoas.

- Eu sei que existe maldade nas pessoas, só prefiro acreditar na bondade delas. Pessoas podem mudar se você se der a elas misericórdia.

- O que quer dizer com isso?

- Precisamos orar pela alma daqueles que estão caminhando para longe da luz e não ajudar a condenar essas pessoas.

- Você iria orar pela minha alma?

- Claro. É o que você deseja?

- Eu desejo qualquer coisa vinda de você, até mesmo suas orações.

Felizmente chegamos rápido como o caminho era curto. Ele abriu a porta pra mim e estendeu a mão para me ajudar a sair do carro, e eu aceitei.

- Estará nas minhas orações essa noite. Boa noite, Jace.

- Boa noite, Juliette. - Deixou um beijo na minha testa, o que me fez tremer. - Vamos nos ver em breve.

Subi para o apartamento junto com Sean, que deixou Alice no quarto dela e logo depois se despediu de mim.

A minha mente estava um pouco entorpecida, acho que nunca tinha estado tão perto de um homem que não fosse o meu pai como havia ficado naquele dia. Podemos ter conversado por no máximo vinte minutos e para mim foi como se tivesse durado uma eternidade.

Depois do banho fui fazer minhas orações antes de dormir e ele também tomou conta da maior parte da minha oração. Assim como estava tomando conta da minha mente.

O Homem Que Me AmaOnde histórias criam vida. Descubra agora