Capítulo 67 - Parte 2/2 (Virginia)

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- O que está acontecendo? – Brenda perguntou e me segurou. Eu havia cambaleado de dor.

Eu não consegui falar. O tronco da árvore estava bem na nossa frente. Boa parte dos galhos havia acertado uma lojinha que ficava na calçada. O que acarretou na queda do telhado.

- Vamos seguir caminhando pela rua. – finalmente eu consegui dizer.

- Sim. – ela respondeu tremula.

Brenda havia ficado assustada com a queda do tronco.

Desviamos do tronco e seguimos pela rua. Algumas pessoas tiravam foto do ocorrido.

- O que será que aconteceu com aquela árvore? – ela perguntou.

- Não faço a mínima ideia. – mas no fundo eu sentia.

Caminhamos bem no canto da rua para não sermos atropeladas por nenhum carro.

Olhei o meu pulso. Algo começou a aparecer ali, estava avermelhado, como um vergão. Escondi o pulso rapidamente no bolso da calça para que a Brenda não visse nada, foi um pouco dolorido passar a mão pelo bolso da calça.

- Olha aquele moço de cabelo azul... – Brenda apontou.

Olhei também.

- Que esquisito. – ela riu.

"Cabelo azul". Lembro-me da May ter comentado alguma coisa pós-acidente, mas eu não conseguia recordar. E pelo jeito não era coisa boa.

Ele estava parado na calçada.

Um carro branco passou na rua.

Outra árvore caiu. E outra. Ambas se intercalaram, caindo de ambos os lados da rua. Direita e esquerda.

Uma delas acertou o carro na traseira.

- Ai! – geme de dor. – Corre Brenda!

- Por quê? – ela perguntou.

Não respondi, peguei em seu braço e a puxei.

Seguimos correndo diretamente pelo meio da rua, correndo em cima da faixa.

Mais duas árvores caíram atrás de nós.

O de cabelo azul nos observava da calçada, imóvel.

- Hey! – gritei na direção dele.

Meu pulso começou a arder ainda mais.

Outras duas árvores caíram.

Era possível ouvir os gritos das pessoas, o barulho das buzinas, e o estrondo das árvores ao tombarem no chão.

Acelerei meus passos. Brenda seguia do meu lado, e pela expressão em seu rosto ela estava mais perdida que tudo.

Gritei de dor. Meu pulso explodiu em dor. E era como se a gravidade me puxasse para baixo, para o solo. Para a terra.

Me rendi ao impulso e caí no chão.

- Virginia?! – Brenda bradou.

- Saí daqui! – falei de volta. Eu estava estirada no chão.

- Não posso te deixar aqui...

- Vai! – falei o mais alto que consegui. Enquanto isso outras duas árvores caíram.

- Não vou... – Brenda hesitou, mas com o forte estrondo... Ela correu. – Desculpa.

Com a queda das árvores os fios da rede elétrica se soltaram e os postes também caíram.

Um dos fios elétricos foi rumo a Brenda.

- Nãooooooo! – gritei, eu não tinha forças para me levantar. E não consegui fazer nada.

O fio a acertou.

Fechei os olhos.

CINCO: o despertar (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora