Capítulo 31

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 Estava terminando de embalar os doces que teria que levar para loja no dia seguinte, acabou vendendo a primeira remessa mais rápido do que imaginava e no fim de semana não teve tempo de fazer mais. Fez uma quantidade na segunda feira apenas para suprir a falta e agora terminava mais uma remessa. Embora o trabalho todo que tinha estava satisfeita em finalmente faturar em cima daquilo que mais gostava de fazer. Sentada numa cadeira na mesa da cozinha, Antônia era observada por Nicolau. Seu pai não estava em casa, havia ido assistir algum jogo de futebol com os amigos. Ela pediu ao Atílio para sair mais cedo justamente para poder terminar seus doces. Olhou pela janela viu que o sol dava o último adeus e a noite começava a despontar. Tomou banho e agora que terminava de embrulhar os doces usava um roupão curto por cima da lengerie e os cabelos amarrados.

Escutou leves batidas na porta, se sobressaltou na cadeira, tirou as luvas que usava para manusear os doces e caminhou até a sala olhou pela janela, Nicolau já cheirava a porta como se fosse alguém conhecido, pela janela avistou Valentina a esperando, sorriu sem perceber, não a via desde a fatídica sexta feira, estava com saudades, muitas, tanto quanto as dúvidas que rondavam sua cabeça. Abriu a porta e antes dela, Nicolau é quem foi cumprimentar Valentina que feliz se abaixou fazendo carinho na barriga do bichano.

-Uau, ele adora mesmo você – Disse Antônia sorrindo, nem se deu ao trabalho de trocar de roupa, apenas fechou mais o roupão.

-É porque eu adoro ele também – Dizia brincando com o cão. Ficou ainda alguns minutos com ele até se levantar e cumprimentar Antônia com um abraço longo e apertado.

-Saudades – Valentina disse em seu ouvido.

Antônia deu uma risadinha.

-Também senti sua falta. Não sabia que você ia viajar – Ainda estavam abraçadas. Valentina já sentia o corpo todo esquentar só com a visão de Antônia dentro de um roupão curto a apertou forte, sentindo os carinhos dela em seus ombros.

Vestia uma calça jeans escura, com camisa verde clara, uma jaqueta leve por cima.

-Negócios em São Paulo – Se soltaram finalmente. Antônia ficou ofegante com o olhar que Valentina lançava para cima dela, era meigo e cheio de desejo. A puxou para dentro de casa e fechou a porta, Valentina tirou a jaqueta e deixou no braço do sofá ao passarem pela sala e se dirigirem a cozinha.

-To terminando uma remessa de doces para levar a loja amanhã – Disse se sentando na cadeira e colocando as luvas novamente, já estava quase no fim

-Você não precisa ficar perdendo tanto tempo os fazendo, você tem que descansar – Valentina se sentou em uma cadeira a sua frente – Posso ajudar em alguma coisa?

-Não se preocupe, pedi pra sair mais cedo hoje e já estou quase terminando aqui, preciso de nada não – Aquele olhar brilhante, carinhoso e cheio de desejo, Antônia não iria conseguir se segurar por muito tempo. Precisava desviar a concentração.

-Como foi em São Paulo? - Perguntou

-Foi tudo bem – Valentina respondeu, estava hipnotizada pela figura arrebatadora de Antônia a sua frente, estava linda, sexy, meiga, a pele brilhando, o sorriso não saia do rosto, parecia feliz. Por que será? Teria se acertado com Viviane? - Consegui um bom contrato e visitei uma amiga que vou querer te apresentar.

-Ahh é? - Curiosa – Quem?

Valentina sorriu.

-Você vai saber, mais pra frente – Tomou folego para fazer a pergunta que lhe corroía todos esses dias – Como foi em Maringá?

Antônia franziu o cenho levemente enquanto embrulhava mais um doce, como ela sabia? Não tinham conversado desde sexta feira.

-Foi tudo bem, foi bom pra me distrair um pouco, me divertir com os amigos. Tava precisando.

-Foi com a Viviane? - Não se aguentou e como Antônia não respondeu claramente o que ela queria saber, perguntou diretamente, não tinha porque disfarçar mais. Percebeu que Antônia sorriu, como que zombando dela.

-Sim, Armando, Leandra e Rose também. Viviane é ótima pessoa, ela e Leandra se deram muito bem...

Entendendo o que ela queria dizer Valentina sorriu aliviada.

-Vem cá, como você tá sabendo tudo isso de mim hein? - Antônia fingia um tom de repreensão.

-É que – Passou a mão pela nuca levemente constrangida – Eu vim aqui no sábado e seu pai me contou.

-Hummm, entendi – Segurou o riso satisfeito ao perceber que Valentina parecia estar com ciúmes, por isso fez aquelas perguntas.

-Eu trouxe uma coisa pra você, espero que você goste – O olhar de Valentina era tão profundo naquele momento que Antônia se sentiu nua, cruzou as pernas como se assim ficasse mais tapada, mas o efeito que causou na mulher a sua frente foi o contrário, fez Valentina engolir em seco, devorou com os olhos as mesmas coxas que dias atrás havia apalpado.

-E o que é? Adoro surpresas – Antônia fingiu não perceber o olhar de cobiça.

-Vou pegar no carro – Se levantou da cadeira e saiu rapidamente rumo ao carro, enquanto isso Antônia que havia terminado os embrulhos acomodou os doces em um travessa e guardou na geladeira, escutou Valentina entrar pela porta da sala e chegar na cozinha com uma caixa embrulhada nas mãos. Antônia voltou a sentar na cadeira e Valentina também. Era uma caixa cinza, média, com um laço preto.

-Espero que você goste – Estendeu a caixa para Antônia que a pegou já emocionada com o gesto. Antônia chegou a pensar que era uma brincadeira de Valentina, mas ali estava, ganhou mesmo um presente.

-Nossa Val, não precisava ter se incomodado, achei que fosse uma brincadeira sua – Estava nitidamente emocionada e surpresa.

Destino Insólito (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora