Prólogo

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Amélia

Atualize suas definições de tédio e passe a chamá-las de "vida da Amélia".

Não existe nada de excepcional na minha vida. E tudo bem que eu só tenho dezessete anos – nem vivi tanto assim –, mas se compararmos a minha rotina com a das garotas do meu colégio, você logo concordará comigo.

As adolescentes na minha idade querem saber sobre as ultimas fofocas do seu famoso favorito; Importam-se sempre com a aparência e com suas redes sociais; Não dispensam uma boa house party; Fazem atividades extracurriculares no colégio; Informam-se sobre cada passo do seu crush... Esse tipo de coisa.

Ser uma adolescente de dezessete anos consiste em basicamente isso. Não que eu esteja criticando, afinal essas garotas são apenas sociáveis.

E é aí onde está o meu problema.

Tenho meu próprio mundo e vejo as coisas de um jeito um tanto... Diferente. Não que eu seja a garota excluída do colégio, que é chamada de nerd, jogada dentro de baldes de lixos e empurrada pelos corredores. É só que... Essas coisas triviais de adolescentes não fazem muito meu forte.

Enquanto a maioria está preocupada com todas estas coisas, eu trocaria milhões de festas por uma boa maratona de séries (não que eu já não faça isso... Se bem que ninguém me chama para festa nenhuma, então daria no mesmo). Não dou a mínima para a forma como estou vestida e redes sociais são apenas para manter contato com pessoas que moram distantes de mim. Odeio qualquer tipo de esforço físico, corro de todas as atividades extracurriculares do colégio e não troco hambúrguer por salada nunca. E para completar, trabalho no único e minúsculo cinema da minha cidade e, na maior parte do tempo, estou com cheiro de pipoca e manteiga derretida.

Mas quem liga para isso, afinal?

Eu digo: Todas as garotas do meu colégio!

Deve ser por isso que não faço parte dos grupos sociais do meu colégio – não que eles importem para mim. O ensino médio pode ser bem cruel, por isso eu sempre me escondi nas sombras e pelos corredores. Tenho apenas dois amigos no colégio e quanto á todo o resto... Bem, eles nem sabem da minha existência.

Quer dizer... Menos uma pessoa.

Sofia Cooper sabe da minha existência e sempre que me vê não esquece de ressaltar isso da pior forma possível. Já faz três anos que ela passou a me odiar e a sentir, como ela mesma diz, repulsa por minha causa.

E tudo isso por uma pequena confusão que nem foi minha culpa!

Tudo bem que tudo poderia ter sido evitado, mas eu não tive culpa de nascer com dois malditos pés esquerdos!

Era meu primeiro ano como "estudante oficial do ensino médio". Um mês de aula e eu ainda sentia pânico toda vez que precisava ir buscar comida no refeitório.

Ainda lembro como se fosse ontem. Minha bandeja cheia de macarronada – melhor comida do mundo –, a Sofia passando distraída atrás de mim, eu escorregando e, meio segundo depois, sua camisa bordada a mão vinda de Paris (ou será Mônaco?) encharcada com molho de tomate.

Um grito histérico, meia hora na sala do diretor tentando explicar que tudo não passou de um terrível acidente, e uma promessa enraivada da Sofia dizendo que eu iria me arrepender daquele momento até o fim dos meus dias.

E foi assim que eu pude dar por encerrada a minha – curta – vida social no ensino médio.

•••

Peguem seus baldinhos de pipoca se tiverem gostado. A diversão está só começando ❤

Garotas VenenosasOnde histórias criam vida. Descubra agora