Capítulo 10

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Amélia

Uma vez ao mês preciso trabalhar no domingo. Apesar de não ter tido um dia sequer de descanso esta semana, preparo feliz da vida todas as pipocas que são solicitadas. Pela primeira vez não me importo se meu cabelo está fedendo a manteiga e não penso que eu poderia estar fazendo qualquer coisa no dia de hoje, menos trabalhando.

Entrego duas pipocas a um casal e volto-me para máquina, enquanto tento limpá-la. Teremos três sessões seguidas agora, então acredito que mais ninguém pedirá pipocas e refrigerantes por um bom tempo. Passo o pano por toda extensão de metal, tirando o excesso de manteiga.

— Uma pipoca e dois refrigerantes, por favor.

Ouvir aquela voz quase me faz escorregar no chão gorduroso. Tento controlar meus pensamentos, minha respiração e meu coração, que parecem ter entrado em curto e não estão se comportando da forma que deveriam. Ignoro a vontade de olhá-lo e começo a preparar as pipocas. Das outras vezes em que ele esteve aqui, sempre me escondi atrás dos copos de refrigerante ou das embalagens de pipocas. Ele, sempre distraído, apenas agradecia e sumia das minhas vistas, entrando nas salas do cinema.

Eu deveria fazer o mesmo hoje após nossa conversa dessa semana?

Enquanto o milho da pipoca estoura na minha frente, tento ajeitar meu cabelo e melhorar minha cara. Não quero que meu encontro com Drew seja da forma em que estou, então faço o melhor que consigo.

— Qual o sabor do refrigerante? — pergunto e minha voz sai esganiçada.

— Duas cocas-cola.

Assinto e encho os copos. A pipoca fica pronta e coloco-a no saquinho, arrumando-a em uma bandeja junto com os dois refrigerantes. Quando termino, viro-me lentamente tentando não derrubar tudo – minhas mãos estão tremulas – e estendo o pedido para ele.

— Obrigado. — Drew sorri, pega a bandeja e então ergue os olhos. Vejo suas sobrancelhas arquearem rapidamente, e seu sorriso volta a brilhar. — Amélia.

Ele lembra meu nome!

— Oi Drew... — digo tímida.

— Você tem pouco tempo trabalhando aqui?

— Três anos. — respondo, e ele encolhe os ombros.

— Desculpe, eu sou meio distraído.

— Tudo bem, a primeira vez que nos falamos foi segunda. — Dou de ombros e sorrio. — Veio curtir o final do domingo?

— É, você sabe... Pegar um cinema com os amigos.

— Entendi...

— E você? Quer dizer, não tem como curtir o domingo daí de trás do balcão, não é?

Rio.

— Só trabalho um domingo no mês... — Aperto os lábios. — Não é tão ruim como parece.

— Pelo menos você tem um emprego. — Drew coloca a bandeja em cima do balcão de novo e parece disposto a continuar conversando. O que eu adoro!

— Você não?

— Bem... — ele suspira. — Minha mãe tem uma loja de antiguidades e às vezes trabalho com ela, mas não é a mesma coisa. Você é independente, aprende a se virar porque não tem auxílio dos seus pais. Minha mãe questiona todas as decisões que eu tomo para sua loja.

— Talvez ela pense que está te ensinando a cuidar dos negócios. — explico e me apoio no balcão. — Por que não conversa com ela e divide as tarefas da loja? As que você for responsável, ela não poderá opinar. Vai ser uma forma prática de mostrá-la que você já consegue administrar algumas coisas...

Garotas Venenosasحيث تعيش القصص. اكتشف الآن