A Criança Imortal

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A Guarda ofensiva de Aro já estava pronta para partir, não havia necessidade de levar nada e, por isso, os vampiros levaram bem menos de meia hora para se arrumarem e se reagruparem. Demetri, Felix, Jane, Alec e Maximilian, estes eram os componentes da Guarda para a missão da criança imortal.

O grupo partiu de Volterra assim que o Sol se pôs completamente, aproveitando a escuridão e a calada da noite para viajar sem interrupções. Trilhas e caminhos comuns nunca eram usados por Jane, porque, na opinião da vampira, andar como humanos era coisa de idiota e o oculto era sempre a melhor opção para tudo o que fosse fazer.

Para um ser humano comum, viajar da Itália para a Escócia poderia levar aproximadamente 23 horas entre carros e trens, mas o que era 2.347 km de trajeto para um vampiro? Nada, isso não era absolutamente nada. Por este motivo, o grupo levou menos da metade do tempo para chegar ao seu destino.

― Conseguiremos terminar o trabalho em menos de uma hora...

― Entretanto, não conseguiremos retornar a Volterra antes de o Sol nascer – interrompe Jane com sua voz seca e cortante. – Não tente me ensinar a fazer o meu trabalho, Demetri.

O camaleão solta uma risada involuntária, fazendo todos os outros vampiros o olharem irritados. Maximilian pigarreia desconcertado, ajeitando os cabelos bagunçados e olhando ao redor como se conhecesse tudo por ali – o que não era verdade.

― E então, onde está a tarefa?

― Logo após a cidade – explica Alec. – Demetri é rastreador, irá nos levar até ela.

― Ok! – concorda ele, achando bastante viável terem um rastreador naquele momento. – E o que estamos esperando?

Todos os homens olham para Jane, denunciando-a claramente como a líder da equipe e a única capaz de dar ordens naquela missão. Seu poder era tão letal e ela o usava com tanto rigor, que ninguém ousava atropelar sua autoridade, nem mesmo seu irmão.

― Vamos – diz a vampira, suspirando como se estivesse fatigada. – Quero voltar para casa logo, não gosto de todo esse verde! – completa, olhando para a paisagem escurecida pela madrugada e esboçando uma leve careta.

O grupo coloca-se em movimento mais uma vez. Os passos eram silenciosos ao caminharam pela pequena e adormecida cidade, não havia vigilância noturna e até mesmo os animais de estimação pareciam não notar suas presenças.

O camaleão observava prédios e casas com interesse, porque, apesar de já ter visitado a Escócia em seus muitos anos de imortalidade, ele não se lembrava de ter visitado aquela cidade em especial. A noite estava fresca e o céu permanecia limpo de qualquer nuvem, e, com tanta coisa para se observar, Maximilian demorou a se dar conta de que já haviam chegado ao local de sua missão.

A casa se localizava no alto de uma colina, escondida do contato excessivo com humanos e embrenhada num pequeno bosque. Alguns passos foram dados em direção à residência, porém, antes mesmo que pudessem chegar próximo a porta, os moradores já se colocavam do lado de fora com evidente pavor.

― O que os traz a nossa casa? – pergunta o homem receoso.

A família era composta de quatro pessoas: um homem, uma mulher, uma jovem e...

― A aberração – pensa Alec, assim que deposita seus olhos sobre a criança escondida atrás da vampira mais velha.

― Vocês possuem algo proibido, criaram algo que não deveriam – começa Jane, fazendo uma leve pausa, pois já sabia que depois de sua pequena introdução viriam os pedidos de condolências.

― Não, por favor! Ele não machucou ninguém, não quebrou nenhuma de nossas regras...

― Ele é um ser incontrolável – golpeia Felix entredentes. – Não tem domínio sobre sua sede, o que acabará nos expondo mais cedo ou mais tarde.

Coração GeladoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora