O Yoda De Origami E O Twist ( Por Sara)

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A Renata, a Amy e eu ficamos na biblioteca todas as manhãs antes do inicio das aulas. O Kevin, o Tommy e todos aqueles garotos ocupam a mesa ao nosso lado.
Eles são barulhentos e chatos, e passam a metade do tempo tagarelando.

Já pensamos em trocar de mesa, más não tomamos uma atitude. Acho que é porque a Renata não se importa de ser paquerada pelo Kevin, por mais que tente negar. E a Amy e o Lucas sempre acabam falando sobre ficção científica e coisas assim. Talvez eu também tenha meus motivos para ficar, más isso é só da minha conta.
No mínimo, isso nos dá um motivo para rir - em geral do Herbert.

Então, um dia, os garotos estavam pegando no pé do Doug por causa do Yoda de Origami. O Doug estava adorando. Ele gosta de bancar o burro, más fica sempre com um sorriso dissimulado na cara. Como ele é meu vizinho, já faz 10 anos que vejo esse seu sorriso.

Já contei a vocês sobre os buracos que ele faz no quintal?
Ele cava o chão, se senta lá dentro e enche de terra de novo.
Ele pode não ser burro, más com certeza é esquisito.
Na primeira vez em que o vimos na escola com o dedoche do Yoda, a Renata e a Amy comentaram:

- Que coisa estranha.

E eu disse:

- Nada comparado a ficar sentado dentro de um buraco o dia todo.

Seja como for, o Doug estava gostando da atenção que ele e o Yoda recebiam.

- Não posso fazer nada - dizia ele. - Se é isso que diz o Yoda de Origami, então não se discute.

- Más não faz o menor sentido - gemeu o Kevin. -
Pergunto onde foi que perdi minha jaqueta e ele responde:

"O twist você deve aprender. "

- Ele está dizendo isso a todo mundo - afirmou o Tommy.

- Tentei fazer uma pergunta a ele também. No início pensei que fosse mesmo a reposta à minha pergunta, más ele não parou mais de repetir isso. Acho que perdeu a magia.

- Se é que um dia teve alguma - disse o Herbert.

Eles ficaram se queixando por algum tempo e nós tentamos ignorá - los. Então de repente o Doug se levantou, foi até a nossa mesa com o Yoda no dedo e disse:

- O twist vocês devem aprender.

Depois foi até a próxima mesa, e a próxima, e aconselhou todo mundo na biblioteca a aprender o twist. E saiu, aparentemente com a missão de disseminar a "sabedoria" do Yoda por toda a escola. Como eu disse, depois de 10 anos, me acostumei com essas maluquices.

- Então, o que é o twist? - indaguei ao Tommy.

- Não faço ideia - disse ele.

- Por que não pesquisa na internet? - perguntou a Amy.

Todos os computadores estavam ocupados, más o Lucas estava usando um deles, então o Tommy e o Kevin foram até lá para pedir que ele procurasse.

- Pena que não perguntaram para mim - disse o Herbert. - Eu sei tudo sobre isso.

Novidade! O Herbert acha que sabe tudo.

- "The Twist" é uma música da trilha sonora do filme Homem - Aranha 3 - explicou.

- Espere aí - disse a Renata. - Você comprou a trilha sonora do Homem - Aranha?

- Do Homem - Aranha 3. É claro. Tenho os CDs dos outros dois também.

Olhamos uma para outra e tentamos não rir.

- Vocês não se lembram daquela parte do filme em que...?

Voltamos a ignorá - lo. O Kevin e o Tommy reapareceram e nos disseram que era uma música antiga, e o Herbert falou: "Já sabíamos disso" , bancando o chato, como sempre. E aí o sinal tocou. Talvez a gente precise mesmo mudar de mesa ou de sala... ou de escola.

Naquela noite a Amy foi jantar na minha casa e minha avó também. Vovó fica lá o tempo todo agora que ela e meu avô se separaram.

A Amy e eu estávamos procurando vídeos no YouTube e não tínhamos mais nada para ver. Então a Amy disse:

- Porque não damos uma busca em "twist" ?

- Será que vamos achar alguma coisa? - perguntei já digitando as palavras.

Acabamos encontrando milhões de vídeos de twist.
Escolhemos um em que um cara num programa de TV muito antigo diz:

- Venha benzinho, vamos dançar o twist!

Então começa a tocar uma música - coisa muito velha, más até legalzinha
Foi nessa hora que minha avó apareceu.

- Vocês duas estão dançando o twist?

- Estamos só ouvindo.

- Ah, vocês não podem só ouvir o twist. Têm que se levantae e dançar!

E aí ela se abaixou um pouco e começou a balançar os joelhos para um lado e para outro e a sacudir os braços.

Não fiquei muito constrangida. Já estava acostumada a ver a minha avó fazer coisas estranhas na frente dos meus amigos. Então ela começou a cantar também, só que mudando a letra:

- Venha, Sarinha! E sua amiga Amyr.

As palavras nem se encaixava na música, más ela continuou cantando e insistindo para a gente entrasse na dança.

Foi o que fizemos. Então é que acabou sendo divertido? Você tenta balançar os joelhos e os braços no ritmo e logo pega o jeito.

Tínhamos começando a gostar da dança quando chegou a hora do jantar, más minha avó queria continuar. Meus pais iam sair naquela noite, então depois do jantar chamei a Renata lá pra casa. Ela, a Amy, minha avó e eu dançamos todas as músicas malucas que a vovó costumava dançar quando era criança e nos divertimos pra caramba. E, sério, eu não via minha avó feliz daquele jeito fazia muito tempo. Desde antes do divórcio, eu acho.

Não sei como o Doug - ou o Yoda de Orgami - podia saber que daria certo, más deu e foi incrível.

Comentário do Herbert
( Com licença que vou pegar um lenço. Uma lágrima escorre lentamente pelo meu rosto enquanto leio isto.
Parece um filme de sessão da tarde. É tão liiiin-do!)

Meu comentário: Talvez seja lindo mesmo. Parece muito divertido. Eu só queria que o Yoda de Origami tivesse falado sobre o twist apenas para a Sara e não para todo mundo, porque perdi meia hora no meu quarto praticando sozinho.

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