Capítulo 4

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Eu oscilava à beira de dizer sim. Mesmo com a palavra certa na ponta da língua, e apesar de estar prestes a pular do precipício, havia algo que me puxava de volta para fora da margem. Os meus princípios.

Não podia fazer isso, apesar de que visse o tempo todo pessoas indo para a cama com estranhos e seguir a vida normalmente. Como me sentiria depois? Como olharia para Vitor quando terminasse? Teria que dizer "foi bom, mas estou saindo"? ou "a gente se ver por ai"?

— Só vou saber se... Ah, para, Karina — digo a mim mesma. Saio da piscina sem olhar em sua direção, coloco meu vestido e caminho para o meu quarto. Antes mesmo de chegar à porta sou cercada por três pessoas curiosas e bombardeada com milhões de perguntas.

— Um de cada vez, e cada um terá apenas uma pergunta nessa coletiva — disse rindo. — Sem tumulto pessoal.

Me poupe, Karina, vamos, conta logo o que o Dr. Apolo falou.

— Mas é claro que vou fazer isso, vou contar para um bando de traidores o que falamos.

Entro no quarto, calada e vou direto para o chuveiro. Depois de tanto calor, precisava me refrescar. Ligo a ducha e a água cai gelada em cima de mim, fazendo com que gritasse com o choque térmico. Mudo a temperatura, banho frio não iria dar certo agora.

Depois de passar sei lá quanto tempo no chuveiro, volto para o quarto e encontro apenas a Ariane. Ela não diz nada, olha para mim esperando que diga alguma coisa. Como adoro torturá-la, fico em silêncio. Estou me vestindo quando ela aponta com cara de nojo para minha roupa.

— O que está fazendo? — Olho para meu pijama vermelho com preto de joaninhas, eu achava fofo.

Me vestindo, vou ver um filme e depois dormir.

— Karina, eu não acredito, e o Dr. Apolo? — Sua cara de incrédula é impagável.

— Dr. Vítor você quer dizer? Ele vai ficar esperando no quarto dele, não pretendo cometer esse disparate.

— Eu, com um homem daqueles dando mole...

— Não teria feito nada, você é dez vezes pior que eu. É quase uma virgem. Opa, você é uma virgem. — Falo. — E só irá para o finalmente depois de anos de namoro até fazer o cara desistir.

— Não com um deus da beleza me esperando. Sério, Karina, não vai fazer isso.

Eu fico olhando para ela. Sério mesmo que a dona pudor estava me mandando dormir com um estranho? É o apocalipse mesmo. Fim dos tempos. Eu já poderia me ajoelhar e pedir perdão por ser uma menina má.

Novamente, fiquei tentada. Então, muito tentada. Mais do que isso, tenho com medo do que estava sentindo por Vítor. Após conhecê-lo há apenas um dia e algumas horas, e só em mencionar seu nome, já sentia coisas, coisas quentes em lugares que era melhor nem dizer.

Está sendo muito rápido, rápido demais.

É como se estivesse em uma prova. Às vezes, em um rali de velocidade ir rápido demais era perigoso, poderia ter uma curva ou um buraco e pôr tudo a perder, derrapar ou até capotar o carro. É irônico que em um rali de velocidade ir devagar poderia vencer uma etapa.

Só que não estou em um rali, não nesse momento.

— Dane-se. — Volto ao guarda-roupa, abro uma gaveta e pego uma calcinha de renda preta, trocando o pijama por ela.

— Isso! — Ariane comemora. — Agora sim, estou orgulhosa de você.

— Quem nunca cometeu uma loucura na vida? — pergunto.

Correndo para o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora