Mensageiros

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Ódio, raiva, desprezo. Todos os sentimentos que os Anjos da Guarda sentiam ao ver Celeste andando pelo hall principal do Centro de Artes. A Ceifadora seguia ouvindo o burburinho dos Anjos enquanto via as Almas a observando com certa admiração. Ela cruzou o que parecia ser a recepção de um hospital vendo uma senhora sentada numa cadeira atrás de um balcão. Os cabelos brancos e os óculos de armação fina davam-lhe um ar de importância.

Chegou a um corredor. Seguiu até o final e passou pela porta que dava acesso a Sala de Evangeline. A mesma encontrava-se sentada numa cadeira de madeira envernizada com desenhos de anjos na madeira da cadeira. Vida encarou Celeste com um sorriso em seu rosto.

- Celeste. – disse Evangeline parecendo comemorar a chegada da Ceifadora.

- Olá, Evangeline. – retribuiu Celeste com certo nível de timidez. – Como tem passado?

- Muito bem. – respondeu a Ceifadora dirigindo-se até a cadeira acolchoada onde Vida estava sentada. – Posso? – perguntou apontando para o divã.

Evangeline confirmou com a cabeça. Celeste sentou-se no divã e encostou suas costas no apoio ficando com seu rosto voltado para o teto. O lustre de diamantes capturava os olhares daqueles que o encarassem.

- Por que está desconfortável? – perguntou Evangeline cruzando suas pernas.

- Lafayette já havia me contado sobre isso. – Celeste rebateu parecendo voltar ao real motivo de sua ida até o Centro. – Você costuma tirar o rumo de uma conversa para poder entender a mente dos outros.

- Morte odeia expor seus sentimentos, então espera que os Ceifadores também não os exponham. – comentou Evangeline. – Lafayette tenta reprimir seus sentimentos e seus problemas. Eu, apenas, tento fazer com que ele os aceite.

- Ele parece aceita-los muito bem. – Celeste disse vendo Evangeline descruzar suas pernas.

- Mera ilusão. Lafayette colocou naquela cabeça teimosa a ideia de que reprimir sentimentos lhe faz mais forte, mas ele está enganado. – falou Evangeline se levantando e indo em direção a uma estante de livros.

- Podemos focar somente no real motivo de minha vinda até aqui? – perguntou Celeste parecendo impaciente.

Evangeline chegou até uma estante e começou a olhar os livros de capa dura que estavam na estante. Cada um deles possuía uma cor diferente. Ela olhava as letras douradas que estavam inscritas nas estantes de madeira.

- Lafayette lhe ensinou muito bem, sabe? – comentou Evangeline pegando um livro fino e apoiando em seu braço. – Você também reprime seus próprios sentimentos.

- Foco, por favor. – disse Celeste de forma autoritária. Evangeline a encarou por cima do ombro e deu um sorriso. – Desculpe-me. Não foi minha intenção.

- Você é explosiva. É aceitável. – retrucou Vida pondo mais dois livros apoiados em seu braço. – Belinda Moreno e Blanca Aguilar. – disse sussurrando para si mesma e pegando esses dois livros e pondo junto dos outros.

- Você é filha de Deus. Então, me responda por que somos assim? – perguntou Celeste vendo Evangeline parar e encarar a estante por segundos. – Se nosso trabalho não requer compaixão, por que nos dar sentimentos?

- Uma pergunta interessante. – falou Evangeline se dirigindo até sua cadeira com sete livros em mãos. – Deus criou o homem a sua imagem. Deus criou os Anjos para proteger a sua imagem. Deus possui sentimentos e vocês também.

- Não somos Anjos. – rebateu Celeste. – Não possuímos asas.

- O que faz um Anjo ser considerado um Anjo é o quanto ele está disposto a fazer para manter o equilíbrio existente. – comentou Vida sentando-se e apoiando os livros na mesinha de centro. – Meu irmão Lúcifer foi um Anjo que se voltou contra Deus por achar que fazer o homem a sua imagem era um erro, pois dar tanto poder assim aos mortais seria algo perigoso. Por isso foi banido, mas nunca deixou de ser um Anjo e sabe por quê?

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⏰ Última atualização: Nov 25, 2016 ⏰

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