Impressão minha, ou eu entrei num jogo de provocações com o meu inimigo?

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Sofrimento.

Dor.

Tristeza.

Rancor.

Arrependimento.

...E perfume?

Semicerrei os olhos lentamente, até me aperceber dos raios de sol que penetravam a janela, em direcção ao meu rosto, assim que ouvi um estalar de dedos.

149.600.000 km. Mira perfeita.

Maldito sol.

Grunhi algo como "Me deixa dormir, Mabel...", até, segundos depois, me ter amaldiçoado baixinho por ter subestimado que tudo aquilo fora um sonho.

" – Me deixa dormir, Lunger...". – Reformulei a frase, com um tom levemente mais elevado, tapando os olhos com o braço esquerdo e virando-me de costas para a janela. A frase era dirigida ao meu novo companheiro de quarto, que mal tinha contacto.

Então, é que me apercebi que alguém estava sentado ao meu lado. Na minha cama. Atrás de mim.

Aquele cheiro. Eu sabia que o conhecia.

Rezei a todos os santos e mais alguns para não ser ele.

E adivinhem?

" – Os santos não te ouviram, Pinetree...". – Sussurrou a voz de Cipher, cantarolando bem baixinho. Eu simplesmente odiava quando ele entrava na minha mente. Aliás, eu odeio-o com todas as minhas forças. – "E bom dia! ...Bela adormecida".

Se estivesse de olhos abertos, eu tinha-os revirado.

Mas, apesar de tudo, a voz dele esta... Normal. Se é que se pode considerar o meu maior inimigo e o maior demónio das galáxias e arredores, com um olho, em forma de dorito e com sérios problemas com as cores preto e amarelo "normal".

Wow.

" – O que é que queres, abelha maldita?!". – Reclamei, virando-me de frente para ele e abrindo os olhos, ignorando a dor do sol, afim de o desafiar. Ele ficou com o rosto vermelho de irritação, notando-se um leve tom alaranjado no seu olhar.

Okay... Ele fica com os olhos vermelhos, quando está com raiva, como a sua forma original.

" – A...belha...?!". – Murmurou, apertando a bengala com tanta força que, mesmo com luvas, o tecido parecia estar a ser torturado, enquanto pensava nas 3654 formas de me matar.

" – Olha para as tuas roupas, idiota...". – Debochei, apertando a almofada nas orelhas para evitar os futuros gritos e maus agoiros futuros que Cipher me iria lançar.

...E o que aconteceu a seguir?

Quinze minutos a chamar-me todos os nomes e mais alguns palavrões que nem conhecia, enquanto me amaldiçoava na nossa língua e até mesmo em latim.

" - ...Devias estar agradecido, Pinetree ingrato!!". – Queixou-se, agora de pé e a apontar com o indicador na minha direcção. A outra mão estava na cintura, firme, a segurar a bengala. – "...Seu merdinhas, merdoso e merdocas!".

Limitei-me a responder com um bocejo e um virar de costas, ainda com a almofada nos meus ouvidos.

" – Acorda-me quando acabares, oxigenado de um só olho".

Tive dificuldades em aguentar o riso, fechando os olhos, enquanto o ouvia praguejar várias coisas assustadoras.

...Parece que encontrei uma boa forma de passar o tempo.

My little, sweet and loyal EmployeeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora