A sua espera

13

Gabriel

Cheguei à empresa com dez minutos de atraso. Algumas pessoas me acompanharam no elevador, mas quando cheguei ao meu andar, apenas uma mulher muito bem vestida, aparentando ter uns trinta anos, cabelos loiros cortados acima do ombro e uma maquiagem um pouco pesada para o horário me acompanhou.

Malu não estava em sua mesa quando cheguei, o que achei estranho. Mas talvez eu não fosse o único a estar atrasado. Passei direto para a minha sala, queria tomar mais uma xícara de café, meu vício cotidiano. Larguei minha mochila em cima da mesa e segui para a pequena copa que tinha para os funcionários tomar café.

Quando toquei na maçaneta, a porta abriu, revelando uma Malu assustada tentando se equilibrar.

— Gabriel, você chegou cedo... – disse tentando fechar a porta da copa.

— Não cheguei cedo, na verdade estou atrasado. Precisava de um café antes de começar a trabalhar.

— Pode ir para sua sala, eu levo em dois minutos.

— Não precisa ter esse trabalho, já estou aqui mesmo.

— Imagina o que vão pensar de ver você aqui pegando café quando essa é minha função.

Malu estava agindo estranha, como se não quisesse que eu entrasse na copa.

— Você não é paga para me levar café... Agora me deixe entrar.

— Gabriel... – Malu colocou a mão em meu peito me impedindo.

— Malu...

Quando fiz menção de passar por ela, André surgiu atrás dela.

— Gabriel, você não deveria estar em sua sala? – perguntou com cinismo.

— Acredito que você também – falei sério.

— Já estava indo, só vim mesmo pegar um café, fiquei sem assistente depois que você roubou a minha.

André passou por Malu, roçando seu corpo no ombro dela. Senti ela se encolher ao toque, como se estivesse com medo. Esperei até o ver entrar em sua sala que ficava localizada três salas depois da minha para poder encarar Malu.

— Está tudo bem? – perguntei encarando-a.

— Tudo perfeito... Pode ir para sua sala, chego logo atrás de você.

Não acreditei muito na sua desculpa, mas deixaria para questioná-la quando estivéssemos sozinhos. Vi a loira que estava comigo no elevador entrar na sala de André e fechar a porta.

Estava esperando meu computador ligar quando Malu abriu a porta trazendo meu café e alguns biscoitos. Ela parecia mais calma e tinha dado um jeito nos fios de cabelos que estavam fora do lugar.

— Beba antes que esfrie – disse colocando a bandeja em cima da mesa e se virando para sair.

— Malu, espera.

Ela parou no meio do caminho e se virou para me encarar.

— Precisa de mais alguma coisa?

— Está tudo bem mesmo?

Malu mexeu nervosamente nas mãos e tentou me dar um sorriso, mas foi em vão.

— Sim, por que a pergunta?

— Você parecia bem assustada quando abriu a porta.

— Eu sou assustada...

Levantei-me e caminhei até onde ela estava, segurei sua mão e a fiz olhar nos meus olhos.