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Gabriel

Nossa primeira semana morando juntos foi sensacional. Lia parecia ter esquecido completamente o assunto do beijo e estava mais descontraída. Na segunda semana, já agíamos como se morássemos juntos há anos. Os enjoos matinais ainda eram a parte mais frustrante de sua gravidez. Às vezes eu a pegava observando o mar pela janela da sala enquanto acariciava sua barriga.

Com ela em casa, eu sempre tinha um motivo para sair do trabalho e ir direto para casa. Sempre havia um aroma vindo da cozinha quando eu abria a porta. Por conta da sensibilidade de Lia, fazíamos seções de cinema em casa, pelo menos era o nosso plano até passar a primeira fase da gestação que, como ela tinha me explicado que seria por volta da décima quinta semana.

E também seria quando ela faria a ultra para saber o sexo do bebê. Eu queria muito ir com ela, mas eu estava disputando a vaga com Ana, a amiga chata que ainda não confiava em mim o suficiente para cuidar de Lia.

Em algumas ocasiões, quando Lia achava que eu não a estava observando, eu a via triste ou chorando ao ver algumas fotos. Eu não perguntava o motivo porque não queria invadir sua privacidade, mas sabia que tinha haver com meu irmão.

Em relação a ele, as buscas continuavam inúteis, porque não havia vestígios de onde ele poderia estar. Meus avós estavam me deixando loucos para que eu levasse Lia para vê-los depois que eu contei que ela estava grávida, mas como falei sem a permissão dela, eles teriam que esperar um pouco até que eu tocasse no assunto com ela.

Minhas noites de sono também ficaram mais conturbadas, tudo porque Lia sempre acordava desejando comer alguma coisa exótica. A última foi comer camarão com açaí. Foi uma luta conseguir um lugar aberto às três da manhã, mas ao vê-la lamber os dedos toda feliz me deu toda a recompensa.

Acordei por volta das nove da manhã, era sábado e eu poderia desfrutar um pouco mais da minha cama. Lia era sempre a última acordar e então eu corria para a academia que eu já tinha terminado de montar, fazia um pouco de exercício e depois ia para a cozinha preparar nosso café. Depois que descobrimos que salada de fruta segurava no seu estômago, eu sempre fazia para Lia. Esperava ela acordar e tomávamos café juntos.

— O que está fazendo de pé a essa hora? Hoje é sábado – perguntei quando me surpreendi com ela na cozinha.

Seus cabelos estavam soltos e uma bagunça, mas nem liguei, ficava linda de qualquer jeito. Estava usando uma camisa maior do que o seu número com a estampa do Mickey.

— Acordei com uma vontade enorme de tomar iogurte de morango com biscoito amanteigado, mas adivinha?

— Adivinhar o quê? – perguntei sem entender nada.

— Não tem biscoito amanteigado. Você comeu o último pacote?

— Eu? Você sabe que não gosto desse tipo de biscoito.

— Então alguém roubou meus biscoitos.

Eu ri.

— Esse alguém deve ter sido você mesmo, assaltando a geladeira de madrugada.

— Que horror! Como pode me fazer uma acusação dessas? – perguntou horrorizada, mas depois começou a rir.

— Meu Deus, se continuar assim, vou ter que colocar trancas nos armários. Você viu sua lista de alimentação saudável e lá não tem biscoito amanteigado.

— Você e aquela lista estão de complô.

— Quero ver quando você não conseguir passar por aquela porta, se vai continuar com esse papo.

A sua esperaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora