Lilás - A cor da transformação, piedade e dignidade.

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Por impulso ou não, Cipher agarrou com força o pulso do amigo.

O olhar acastanhado e nervoso, juntamente com medo fitou de lado o mais alto, que cerrava os dentes e parecia pronto para fugir a qualquer momento. 

Tal e qual como quando foi com o Luciel.

O loiro revia as imagens da cena tal e qual, completamente semelhantes e a travar um conflito interno e eterno, para que aquele capítulo não se abrisse mais aos seus olhos nem mente.

Ou se repetisse.

Ótimo. Tinha saído de quase uma maratona e agora tinha de ir para outra.

Mas a diferença, é que a primeira foi pelo Bill.

A segunda seria, muito provavelmente, pela sua vida.

" – Quero saber, exatamente, o que está a acontecer aqui!!".

A voz grossa e alta do homem de barba super arranjada e loiro, levemente calvo adentrou pelo quarto, acompanhado os passos pesados.

O mais novo tremeu de medo e num olhar de profundo pavor, apertando com força a camisa branca e aberta do maior, com uma Tshirt verde por debaixo.

" – Nada que te interesse". – Cuspiu-lhe o filho a frase, percebendo que assumira uma pose defensiva, o que só agradou o mais velho.

O moreno, sem saber para onde olhar, decidiu ficar apenas a observar o amigo, já que começava a ter medo daquela voz que ainda lhe ia atormentar em muitos pesadelos futuros.

...Se é que nada lhe fosse acontecer, claro.

Mas o pai não disse nada, para grande espanto dos dois.

O homem limitou-se a dar passos rápidos e pegar bruscamente no pulso do filho, vincando com tanta força que Bill queixou-se de dor e fazendo o mais alto largar bruscamente o pulso do pálido, em desespero.

" - Chega! Eu vou levar-te a um psicólogo para tirar-te essa doença da cabeça!".

" – Não é uma doença, pai!! É uma coisa chamada amor, que tu nunca sentiste por esse casamento arranjado com a minha mãe!". – Berrou, em resposta e com a voz recheada de raiva. Com dificuldades, o loiro tentou soltar-se e debater-se no desespero.

O mais branco não se mexia. Petrificado.

Não sabia o que fazer se não olhar a cena. Enquanto o melhor amigo era arrastado até à porta.

Ele realmente não se controlava. O medo, a timidez e todas as suas inseguranças encravaram-lhe o cérebro e não o deixavam reagir. 

Pavor.

Era isso o que ele tinha e aonde ele estava mergulhado.

O pavor definia o mais novo, de apenas 15 anos, ao observar a cena.

" – Ora seu...! Chega. Eu vou internar-te até tirares essa ideia louca da tua cabeça! Que vergonha a minha, ter um filho que anda com outro rapaz!".

Em parte, Dipper sentia-se extremamente culpado por ter causado tudo aquilo.

Ele não devia ter vindo. Devia ter ficado em casa.

Devia nunca mais ter falado com o loiro. Para o bem dele.

E, agora, talvez lhe arruíne a vida.

Talvez seja a causa de uma agressão, ou pior.

Ele tinha sido um tremendo egoísta. Um egoísta enorme em ter ignorado toda aquela história de Luciel; A achar que podia acordar o melhor amigo e levá-lo de volta à realidade; De lhe tirar daquele poço de amarguras e arrependimentos, para que nunca mais tivesse medo de amar.

COLOURS △ BillDip [Wattys2017]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora