31

22.3K 1.8K 171
                                    


Gabriel

Achei que não chegaria a tempo. Não conseguiria me perdoar se Lia passasse por tudo sozinha. Na chegada ao aeroporto do Rio, liguei meu celular e havia centenas de ligações perdidas. Algumas de Ana, e o restante de Mel. Para ela eu ligaria depois, minha prioridade era saber notícias de Lia.

Ana estava na recepção quando cheguei à maternidade. Juntos seguimos para a sala de preparação para que eu pudesse me preparar para assistir ao parto.

Quando entrei na sala de parto, corri para segurar a mão de Lia. Ela parecia um pouco assustada, mas quando nossos olhos se encontraram foi como se seu medo sumisse por completo. A beijei e deixei-a saber, que tudo ia acabar bem.

Ouvir o choro de Valentina, foi como ouvir um pássaro cantar ao nascer do dia. Não havia som mais bonito para ser ouvido. Quando Marcos colocou Valentina no peito de Lia, não pude controlar as lágrimas. Minha família estava completa agora.

Doeu-me deixar que a enfermeira levasse Valentina, assim como doeu deixar Lia sozinha na sala. Fui conduzido para o quarto onde elas ficariam quando me livrei das roupas do hospital. Não consegui ficar parado até ver Lia entrar no quarto, conduzida por uma cadeira de roda com a ajuda de um enfermeiro.

Esperei que ela se acomodasse e então sentei na cama ao seu lado. Lia estava exausta, mas o sorriso que segurava no rosto era radiante.

— Você foi muito forte lá dentro.

— Você me ajudou. Eu estava apavorada, com medo que não fosse conseguir.

— Eu sempre digo que você é mais forte do parece. Eu que tive medo de não chegar a tempo. O taxista que me trouxe merece um prêmio por correr tanto.

— Não gosto da ideia de você andar em alta velocidade.

— Fiz por um bom motivo. Queria estar aqui quando nossa filha nascesse.

Toquei seu rosto e acariciei.

— Olha quem chegou para ficar um pouco com os pais – disse a enfermeira com Valentina em seus braços.

Ajudei Lia a se sentar na cama e fiquei ao lado enquanto ela pegava Valentina. Eu poderia congelar o tempo nesse momento, apenas para assistir a cena para sempre.

A enfermeira deu as primeiras dicas de como amamentar, algumas instruções de posição de conforto para as duas e depois saiu do quarto, avisando que voltaria em meia hora.

— Ela é linda, perfeita... – disse Lia tocando seu rosto.

Lágrimas caíram sobre a manta que cobria Valentina simbolizando que tudo pelo o que Lia passou tinha tido uma finalidade. Aquela garota que eu atormentava quando criança havia sumido e dado lugar a uma mãe amorosa e orgulhosa por ter trazido ao mundo um ser tão perfeito.

— Ela é a sua cópia, olha essas bochechas, a boca... Até as mãos são como as suas.

Como se ouvisse minha voz, Valentina abriu os olhos e se eu não estivesse ficando maluco, seu olhar estava procurando por mim.

— Oi minha princesa, bem-vinda ao mundo.

Abaixei-me e beijei sua testa.

— Acho que ela reconheceu sua voz – disse Lia dividindo o olhar entre nós dois.

— É claro que reconheceu. Quem ficava conversando com ela enquanto você roncava?

— Eu não ronco – tentou parecer chateada, mas estava sorrindo.

A sua esperaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora