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Lia

Durante todo o almoço Mel não parou de falar do tempo em que viveu no Japão, que apesar da cultura ser muito diferente, ela se sentia em casa. Quase perguntei por que ela não comprava uma passagem e ia embora.

Gabriel em contrapartida tentou manter o almoço o mais agradável possível, sempre que podia, segurava minha mão e sorria, mesmo Mel desatando a falar para chamar sua atenção.

Quando terminamos, Mel se obrigou a ir embora sozinha, enquanto Gabriel ficou comigo até o táxi chegar.

Eu tinha vestido uma máscara para que Mel não percebesse o quanto furiosa eu estava por saber que os dois andavam saindo juntos sem que eu soubesse. Não que eu fosse fazer um escândalo ao descobrir e proibir que Gabriel a visse, eu queria apenas que ele tivesse me contado a verdade.

— Eu sei que você está chateada e que devo uma explicação – Gabriel começou a falar assim que ficamos sozinhos à mesa.

— Não quero falar sobre isso agora. Ainda estou tentando digerir meu mal estar por ter que ouvir Mel falar durante quarenta minutos o quanto vocês tinham uma amizade forte no Japão – falei séria.

— Você precisa entender, a Mel...

— Eu não preciso entender nada. Ela precisa se mancar e perceber que agora você está comigo. Você deveria dar um basta nisso.

— Vou falar com ela mais uma vez...

— Se você já falou uma vez e ela não se tocou, está claro que é mais dissimulada do que parece.

— Também não é para tanto...

— Pode não ser para você, mas para mim é o suficiente. E vamos parar de discutir sobre assunto aqui. Conversamos em casa.

Deixamos esse assunto morrer quando o táxi chegou para me levar para casa. Gabriel voltou para a empresa, mas prometeu que conversaríamos a noite quando chegasse em casa. Eu concordei apenas para poder ir logo embora.

Aproveitei minha tarde para colocar as roupas de Valentina em ordem. Havia dispensado a diarista, já que eu passava o dia em casa e podia muito bem fazer a limpeza da casa, além de ser uma terapia.

Quando tudo estava arrumado, banhei Valentina, alimentei e depois a coloquei para dormir. Aproveitei o tempo vago para tomar banho, fazer um lanche e depois sentar na sala para ver algum filme até que ela acordasse.

Estava quase dormindo quando o telefone tocou. Estiquei a mão e peguei o aparelho que estava em cima da mesa de centro.

— Alô?

— Senhora Lia, tem uma pessoa aqui na portaria que insiste em vê-la.

Era Elton, um dos seguranças da portaria do condomínio.

— Uma pessoa? Quem? Todos que conheço têm permissão para entrar direto...

Houve um breve silêncio até ele falar novamente.

— Ele diz que se chama Eduardo, irmão do senhor Gabriel.

— O quê? O que ele faz aqui? Como...

Só podia ser uma piada de mau gosto. Eduardo tinha voltado para o Rio e não tinha perdido tempo em me procurar. Meu sangue começou a ferver com o atrevimento de ele ter vindo até minha casa.

— O que eu diga a ele?

Diga que estou o mandando ir para o quinto dos infernos.

Foi minha vontade no primeiro momento. Mas respirei e tentei controlar meus nervos. Se ele teria tido o atrevimento de vir atrás de mim, seria o melhor momento para colocar tudo em pratos limpos.

A sua esperaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora