43

19.4K 1.7K 74
                                    


Capítulo 1/2

Gabriel

Quase rezei para que minha tarde voasse. Havia ficado um clima estranho entre eu e Lia. Queria reverter isso, não gostava de ficar sem falar com ela, mesmo que fosse por algumas horas. Mandei algumas mensagens, mas não recebi nenhuma resposta.

E entendia seus motivos. Não devia ter escondido que às vezes me encontrava com Mel para almoçar. Mas não foi intencional quando não falei a verdade, apenas não queria criar um atrito maior entre elas, porque eu sabia como Mel era.

E em relação a Mel, eu iria ter uma conversa séria com ela. Não me incomodava tanto os seus comentários maldosos quando estávamos sozinhos, mas eu não poderia aceitar que isso acontecesse quando Lia estivesse presente.

Manu havia me pedido para ir embora mais cedo e como percebi que ela estava triste, a liberei. Faltava apenas uma hora para que eu pudesse ir para casa, então não me incomodei em ficar sozinho.

Houve uma batida na porta e não me importei em perguntar quem era.

— Pode entrar – falei sem levantar o olhar de uma papelada que estava dando uma revisada para outro projeto que ainda não tinha data de início.

— Agora entendo porque você não pede demissão. Essa sala é enorme e tem uma visão privilegiada.

O som da voz de Eduardo me fez erguer o olhar em direção à porta. Estava vestido em um terno e gravata, como se tivesse participado de uma reunião. Trazia com ele seu sorriso cínico.

— Como entrou aqui?

— Pela porta? – ele riu – desculpe, não resisti. Informei à portaria de que era seu irmão. Não havia ninguém na recepção, então resolvi arriscar.

Eduardo desabotoou os botões do terno e sentou na cadeira à minha frente.

— Devo dizer que você fica muito bem atrás dessa mesa, mesmo com esse estilo despojado.

— Tenho total liberdade para me vestir como quiser.

— Uma vantagem de vir de uma família como a nossa.

— Meu lugar nessa empresa não tem nada a haver com meu sobrenome.

Eduardo riu.

— Sempre tem.

Apertei minha mandíbula para conter minha raiva.

— Acredito que você não veio aqui para falar do nosso sobrenome...

— Você está certo. Tirei o dia para fazer algumas visitas, cuidar de negócios inacabados... Ver meu irmão.

— Por quê?

— Você já deve saber.

— Lia...

— Exato. Deveríamos ter conversado no sábado quando cheguei ou no domingo, mas vocês fugiram.

— Nós não fugimos.

— Que seja. A questão é que voltei e descobri que meu irmão se apossou de algumas coisas que pertence.

— Vamos mesmo falar sobre isso? Não me faça rir dessa piada.

— Lia é minha, assim como minha filha.

— Lia não é sua, muito menos Valentina...

— Ela é minha filha e qualquer exame de DNA pode confirmar isso.

— Posso não ser o pai biológico, mas fui eu quem esteve acompanhando ela desde os primeiros meses de gestação.

— Um pequeno detalhe que pretendo resolver com a Lia.

A sua esperaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora