A sua espera

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Lia

— Eu não acredito que você fez isso – estava gritando com Ana há uma hora desde que descobri que ela havia enviado o e-mail para Gabriel.

— O que você acha que eu deveria ter feito?

— Não deveria ter se metido nisso. Nem sei por que te contei sobre a gravidez.

— Me contou porque sou sua única amiga.

— Você me traiu. Disse que não faria nada ao respeito e depois foi lá e me apunhalou pelas costas.

— Pelo amor de Deus, sem drama. Além do mais é direito dele saber. Ou pretende assumir outro filho sozinha, com pai por aí?

— Ele não está por aí. Está do outro lado do mundo. Desfrutando da cama daquela... Daquela...

— Vadia – Ana completou.

— Eu iria falar outro nome, mas essa serve.

Joguei-me no sofá exausta.

— Você não percebe o que acabou de fazer? – perguntei encarando minha amiga.

— Acabo de avisar Gabriel que tem responsabilidades aqui para assumir.

— Eu decidi assumir quando resolvi levar essa gravidez adiante.

— Você já tem Valentina e ela ainda é tão pequena. Você consegue imaginar como vai ser uma loucura cuidar de duas crianças com idades tão próximas?

— Vou dar conta dos dois... – retruquei.

— Não estou dizendo que não vai dar conta. Eu só não quero que você desapareça...

— Como posso me dar esse luxo com um bebê nos braços e um a caminho?

— É disso que estou falando. Você não pode cuidar de tudo sozinha. Eu e Beto estamos do seu lado, sempre estaremos, mas você precisa do pai para te ajudar.

— Mas ele está com Mel.

— Foda-se com quem ele esteja. Você não ficou grávida por se pensamento. Ele vai ter que te apoiar em tudo, nem que para isso, eu tenha que comprar uma passagem e ir atrás dele – disse sentando ao meu lado – eu só quero seu bem.

— Mas eu estou bem.

— Vamos divergir sobre isso. Você parece um fantasma. Não sai de casa, passa metade do seu dia no quarto. Olha esses cabelos... Qual foi a última vez que viu um pente?

— Quem se importa com meus cabelos?

— Eu me importo. Você e não está se alimentando direito há um mês. Quer desaparecer?Você não ficou assim nem quando Eduardo foi bem ora...

— Porque lá no fundo, Eduardo não era quem eu realmente amava, mesmo que por um tempo pensei que fosse.

— Já o Gabriel...

Parei por um tempo, procurando uma resposta.

— Gabriel foi meu porto seguro desde criança, foi meu melhor amigo... Ele se tornou algo que eu não podia perder...

— Você deveria ter ido atrás dele naquele aeroporto quando te ofereci para te levar.

— Nada iria mudar. Ele ainda iria embora.

— Nunca saberemos.

Ficamos em silêncio por alguns minutos até ouvir o interfone tocar. Ana se levantou e foi atender.