2° capitulo

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O rosto do professor não se modifica nenhum pouco, não tem nenhuma reação, ao contrário das pessoas que estão na sala.

- Acho que essa justificativa é considerável o bastante para fazer a prova. Se acomode onde aquela bolsa está.

- Mas professor, estou guardando para meu amigo, ele vai se atrasar um pouco, mas... - um aluno se levanta e fala

O professor não deixa o menino acabar sua fala, e logo em seguida completa:

- Eu não perguntei se seu amigo está atrasado ou não, estou preocupado em dar a minha prova. E espero que vocês acabem rápido o bastante para eu ir para a minha casa.

Então o menino tira a sua bolsa de cima da cadeira, que por sinal, se localiza na frente da minha. O homem vem com a cabeça baixa e quando ele a levanta e olha para mim, eu abaixo minha cabeça rapidamente.

- Podem começar a prova, e quem estudou, meus parabéns, vocês vão passar. E aqueles que não estudaram, vejo vocês mês que vem.

Então eu viro aquele papel, e começo a ler, leio as quinze questões aos poucos, umas eu releio até cinco vezes, eu faço as cinco primeiras questões. Faltava uma hora para a prova ser entregue, eu tento ouvir o grupo do lado se comunicando sobre a prova, eles são bons nisso, mas eles falam muito baixo, então desisto de colar e começo a aceitar que eu vou ficar de recuperação.

Eu olho para o professor com raiva, como ele pode ser tão frio? O homem amargurado com a vida, só tinha acabado de perder a mãe, não precisava falar para a sala toda ouvir, ele estava em um momento difícil, perde alguém que você ama, deve ser horrível, deve ser um vazio enorme dentro de você. Só de pensar em perder a dona Carmen, eu já quero chorar até não restar mais nenhuma lágrima em mim. Eu estou me sentindo uma tola, pelo o simples fato, de eu interpretar a vida dele de uma forma horrível.

Ele está na minha frente, suas costas são largas, o seu cabelo é castanho escuro, aparenta ser tão liso que seria incapaz de ficar inquieto sem algum gel fixador. Então eu fico tentando imaginar a sua dor, como deve doer, estar aqui... Mas será que ele não se importava tanto com a mãe? Sua voz ecoa em minha mente "depois vou consolar a minha família".

Então o último sinal para entregar toca, então vejo a minha prova e vejo que só tinha feito cinco questões, minha mãe vai ficar furiosa comigo. No mesmo instante que me levanto, o homem amargurado com a vida se levanta também... É vejo que preciso da um nome para ele, afinal todos os outros tem nome em suas histórias.

Ele entrega a prova.

- Arthur vejo você mês que vem.

Então percebo que não preciso mais de um nome, sei seu nome verdadeiro, não preciso de um fictício. Arthur um nome bonito, para uma pessoa bonita.

- Vejo você mês que vem Hanna.

Então saiu da sala, o professor fala tão alto, parece que é para te humilhar, para me mostrar a grande aluna que eu sou, mas não e só comigo, Arthur está de recuperação também, então que dizer que ele vai ter que vir estudar todos os sábados. Por que ele veio mesmo para essa prova? Nada faz sentindo.

Chegando a estação, uma voz ecoa e as pessoas ouvem​ com atenção.

- Senhores passageiros, ouve um problema entre a estação da lapa, até palmeiras barra funda, não temos um prazo para isso ser resolvido, com mais informações, entraremos em contato.

Então a maioria das pessoas que estão na estação mostram indignação com o atendimento da cptm, eu não tenho outro meio de transporte, então procuro algum lugar para me sentar e esperar até esse problema se resolver.

A estação vai se enchendo aos poucos, já se passaram meia hora e o problema não foi resolvido, estou sentando em um canto qualquer, que não tem tanta gente assim, passo meus olhos pelas as pessoas, não sinto vontade de imaginar a vida de ninguém, não consigo parar de pensar na vida do homem amargurado com a vida. Meu telefone começa a tocar no mesmo instante, "Carmen" aparece quando clareia a tela do celular, então desligo, não estou boa para receber xingo nesse instante, mas ela não desiste, então atendo:

"Filha, não vou chegar cedo em casa hoje, sabe como é a saúde pública, sempre tenho que ficar horas a mais, pode fazer a janta hoje?"

"Eu vou chegar tarde também, houve um problema aqui na estação"

"Você não está em casa?"

"Não, eu tive uma prova hoje mãe, eu avisei a senhora, que chegaria um pouco mais tarde."

"Sabe que minha memória é péssima para lembrar de tudo, foi bem na prova? Espero não pagar para você fazer recuperação, as coisas estão difíceis"

  "Então mãe..."

"Eu te que ir Hanna, eu chego na madrugada, então vejo você amanhã, beijos."

Começo a pensar na história da minha mãe. Uma mulher solteira, com seus trinta e oito anos, seu marido abandonou ela quando sua filha, chamada Hanna, nasceu, então seu sonho de se tornar​ médica foi sumindo aos poucos, até que um certo dia, quando sua filha tinhas seus 10 anos, ela voltou aos estudos, terminou sua faculdade seis anos depois, já fez dois anos de especialização, e falta mais um para terminar​ e se tornar​ uma verdadeiramente médica, ela trabalha em uma unidade pública e não tem tempo para exatamente nada.

Porque resolvi te amarTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang