A marca

19.2K 2.1K 597
                                    

Rafa permanecia sentando à beira do lago pequeno que tinha ali enquanto tentava suportar Leonardo tagarelando toda hora sobre o que tinha acontecido antes.

Estava morrendo de vergonha, queria sair dali o mais rápido possível, mas era necessário esperar a dor terrível passar.

-Fica quieto por favor.- Implorou quase chorando de raiva.

-Hmmm, ok vou parar, mas é porque eu quero descansar um pouco, estou começando a ficar rouco.- Riu novamente e deu as costas para o outro.

-Finalmente um pouco de paz...- Sussurrou para si mesmo quando o maior saiu de vista. -Tenho que sair daqui.-

•∆•

Ono andou até o refeitório para encher a pança, tinha esquecido de comer por todo o seu turno. Ele adorava a cozinha, amava cozinhar, ele mesmo se auto chamava chefe, fazendo seus amigos e colegas rirem por diversão, sarcasmo, e pela alegria do mesmo. Mas ele não ligava, gostava muito de cozinhar mesmo assim.

Pegou um enorme prato de comida e se sentou em uma das mesas no refeitório e enquanto comia, lia o relatório dos híbridos.

Rafael Abulque: Foi transformado por vontade de 343, com uma mordida que continha veneno. A poucos dias ele se transformou por completo. Enquanto estava em coma, em sua cabeça surgia dois calos que foram crescendo até se tornarem oficialmente e visivelmente orelhas, e em suas costas idem, até se tornar uma cauda.

343 (Sem nome): Um híbrido provavelmente de nascença, foi descoberto em meados de 1940, por Tom Abulque, ele parece nunca envelhecer, então não se sabe quantas décadas (ou séculos ) de vida ele possui. Agressivo, o cuidado com ele nunca é excesso, já matou muitos conforme os anos.

-Hmmm.- Virava as páginas lendo cada linha do relatório, só não esqueceu o prato de comida por sua barriga estar roncando. Até que em um momento ele paralisou e leu uma coisa e se lembrou de outra. -'Pera... Não era o cio do híbrido?-

Ficou de boca aberta e se arrependeu de ter dormido no turno.

Engoliu sua comida e saiu rapidamente em direção à sala de sua chefe para conversar um assunto polêmico.

•∆•

Estava apreciando o som que o lago fazia de olhos fechado, até escutar sons de passos vindo em sua direção e rezou para não ser interrompido.

-É muito chato ficar aí.- Sua prece não foi ouvida.

-E com você com certeza deve ser mais divertido.- Disse irônico e sarcástico, Leo apenas o olhou e sorriu de canto de boca.

-Se você quiser pode ser muito divertido.-

-Ata, como?- Perguntou com inocência visível, ele não tinha captado a ambiguidade.

Leo apenas fez uma cena obscena deixando Rafa boquiaberto e chocado.

-Não faz essa carinha não.- Rafa estava com uma cara brava. -É fofa!-

-Cala a boca!-

-Vem fazer!- Desafiou o ômega, que apenas o dilacerava com o olhar.

-Não posso- Olhou para frente ignorando a presença do outro embora seja impossível.

-E por que não? - Perguntou divertido.

-PORQUE EU ACORDEI TODO FUDIDO!- gritou em um momento de raiva não pensando no que saiu de sua boca, e Leo só deu uma risada malandra pelo nariz e o olhou com malícia.

-Foi é?- Se aproximou lentamente, enquanto Rafa se batia e se torturava mentalmente pelo que tinha dito. -Não se preocupe, no meu momento de antes a gente só fodeu, mas prometo que no seu cio vamos fazer amor.-

Rafael olhou para trás e o encarou indignado, apenas virou novamente para o lago e ficando vermelho igual a um tomate, queria muito não ter ouvido aquilo.

-Ah vai lá virar macaco e me deixa aqui.- Gritou não querendo mais ouvir a voz do outro.

-Não tô afim no momento.- Se sentou do lado do menor, que pôs as mãos no rosto para tampar sua vergonha.

Ficaram um tempo em silêncio até que o castanho tomou a iniciativa. -Sei de um modo de sairmos daqui.- Mal falou e Leo levantou suas orelhas e o encarou intensamente nos olhos, ouvindo atentamente.

-Diga! Por favor quero muito sair desse inferno.-

-Calma, eu não sei se pode dar certo e também não confio em você!- Encarou o maior com raiva.

-Aaaaa vamos, faria de tudo para sair daqui.-

-Hmmm- Olhou nos olhos do outro e viu que era verdade. Suspirou derrotado- Okay...- Explicou todo o plano e Leo pareceu ficar muitíssimo animado com o plano, ele tinha tentado muitas coisas e nenhuma delas tinha dado certo, parece que marcar o castanho foi uma esplêndida idéia.

-Parece que marquei a pessoa certa.-  Ficou se gabando deixando o ômega confuso.

-Como assim marquei?- Perguntou

-A minha mordida.- Disse com uma voz sedutora e passou levemente o dedo indicador pela mordida no pescoço do menor, fazendo o mesmo tremer de leve e soltar um gemido baixo. -Eu te marquei, e agora qualquer um sabe que você é meu, você será agora por instinto "dependente" de mim.- Encheu o peito e ficou com um sorriso.

O castanho apenas arregalou os olhos e ficou apavorado. -Dependente? Seu— se levantou e encarou o outro, que continuava sentado e com um sorriso.

-Exato-

-Exemplos?!- estava prestes a ter um ataque de pânico e raiva.

-Hmmm... posso resumir para você? - perguntou tranquilo e Rafa concordou lentamente em silêncio - Você vai querer só o meu pepino plantado na sua horta- começou a contar nos dedos- vai sentir muito a minha falta quando eu não estiver perto, vai ser por instinto amoroso comigo...-

-EU NUNCA VOU FAZER ESSAS COISAS!- Gritou tremendo de raiva.

-A vai, não tem essa de não vai acontecer porque vai, você ainda tem uma mentalidade de humano e não de híbrido, vai ver com o passar dos anos como isso vai mudar.- Deu uma risada sacana e Rafa bufou e saiu, indo em direção para a caverna, deixando Leo sozinho se divertindo com a cena.

•∆•

-Pode entrar- Ouviu atrás da porta, e Ono entrou na sala de sua chefe.

-Senhora, preciso conversar uma coisa sobre 343 e Rafael.- Disse e Olivia o olhou com curiosidade.

-Diga-

-Eu soube que o cio de Leo foi hoje.- Disse revendo a papelada. A mulher se ajeitou na cadeira e o olhou interessada.

-Muito bem, o quê você viu.- perguntou já imaginando a resposta, pois o cio era o acasalamento.

-Então... Aí que está, eu não vi nada.- Disse tenso.

-Nada? Eles não fizeram nada?- Estranhou.

-Não! Quero dizer, não sei.- Coçou a nuca.- É que... estava tão cansado que acabei caindo no sono.- Sorriu fraco mas por dentro estava morrendo de medo por acontecer algo ao seu cargo.

-Hmmm- A mulher suspirou. -Você não deve dormir no seu turno! É o seu dever fazer a observação, é por isso que tem o horário para o descanso.- dizia em um tom bravo fazendo Ono se encolher. -Não tem câmeras lá?!- Olivia perguntou em um tom mais calmo.

-Oooh!- Ono se lembrou que tinha câmeras, mas somente na sala de controle, mas ela pegava um pouco da floresta também.

Saiu da sala e foi em direção à sala das gravações diárias das câmeras de segurança para procurar alguma coisa do que eles tinham feito enquanto ele cochilava.

•∆•

A Descoberta 343 • ABO Mpreg Onde as histórias ganham vida. Descobre agora