|03|

12.6K 701 837
                                    

A manhã anterior ao meu casamento foi estranhamente solitária, os Styles voltaram a sua casa em Los Angeles junto com Harry para tratar de assuntos de documentação que não me eram interessantes, minha família passou o dia organizando detalhes que também estavam em minha lista de "Coisas a ignorar" então eu permaneci em meu quarto lendo O Apanhador no campo de Centeio por todo o tempo ocioso.

Desde o dia no quarto de Harry eu me via completamente alheia ao mundo, meus pensamentos direcionavam-se a ele e por varias vezes imaginei como seria quando ele me beijasse, que sensações teria quando suas grandes mãos tocassem minha pele ou em meus pensamentos mais sãos me perguntava como seria nossa relação de marido e mulher. Ele prometera-me que seriamos felizes juntos e preferia acreditar em sua afirmativa mesmo não estando completamente confiante nisso.

Quando a noite chegou minha mãe me fez provar o vestido uma ultima vez apenas para ter certeza que tudo estava em seu devido lugar, admirei-me no espelho por alguns minutos com a peça no corpo, minhas amigas estavam lá sorrindo, opinando e dizendo o quão bonita eu estava.

- Você ficará perfeita amanhã, Rose - Deisy falou parando ao meu lado, Mary e Allison vieram junto me envolvendo num abraço em grupo, parte de mim queria ser amável com todas, porém me sentia fora de orbita, consegui continuar a sorrir para elas e agradeci a todos os elogios, entretanto apenas a ideia de acordar na manhã seguinte e me casar com um completo estranho era assustadora em muitos aspectos.

- Posso descansar agora? Desculpem, eu só quero dormir, sinto-me exausta - pedi em voz baixa.

- Claro, Rose. Estaremos aqui amanha pra te ajudar - Allison disse com sua animação compartilhada por todas presentes menos eu, Deisy ficou no meu quarto depois da saída de nossa mãe e das garotas apenas para me ajudar com o vestido e depois saiu para que eu pudesse dormir, ou no minimo tentar.

Deitei em minha cama e abracei meu travesseiro com força, a vontade de chorar dominou-me mesmo que internamente eu sentisse que não havia motivo para isso, no fim as lagrimas não vieram e apenas peguei no sono, naquela noite sonhei com Harry, nós estávamos casados, mas ele parecia diferente, seus olhos eram negros em lugar dos verdes e ele gritava comigo, comandos diretos que eu me sentia obrigada a obedecer assim como obedeci tudo imposto por meus pais.

Acordei as três da manha depois do terror imposto pelo sonho, aquilo para mim era um aviso de meu próprio sistema sobre o medo que eu nutria de meu marido, o temor em parte não tinha nenhum fundamento, ele era discreto e esquivo, mas não aparentava ser uma especie de dominador, apesar que o perfil de submissão caia-me muito bem. Obedecer era minha palavra de ordem ha muitos anos.

Consegui pegar no sono novamente acordando com o despertador as sete da manha, mas pareceram poucos minutos, eu me sentia ainda mais exausta, minha mãe tinha uma maldita câmera nas mãos filmando-me provavelmente para mostrar aquela gravação as filhas que eu teria ou as noivas dos meus filhos já que eles passariam por isso também. Filhos... Por Deus, eu sequer imaginava tê-los, por alguns anos nutri a ideia da maternidade, mas eu não conseguia me imaginar com uma família ao lado de Harry.

O ato de tomar banho e vestir minhas peças intimas foram os únicos que realizei por conta própria, havia uma equipe vinda de Los Angeles unicamente para me deixar bonita, provavelmente ideia dos Styles, diante do espelho eu assisti minha própria transformação, realmente não achava-me muito bonita, mas o trabalho feito pelos profissionais deram-me um olhar diferente de mim mesma, a maquiagem era leve já que era um casamento diurno, meu cabelo foi preso num coque sofisticado e quando finalmente ajudaram-me com o vestido eu me vi muito mais linda do que poderia esperar.

A renda do vestido estendia-se pelas mangas longas e a combinação com o cetim branco que alcançava meus pés, era belo realmente, combinava comigo, minha mãe cumpriu a tradição de entregar-me um objeto azul, antigo e emprestado, no caso um pingente de safira que pertenceu a minha avó.

InnocenceOnde histórias criam vida. Descubra agora