❀ 1

142 24 29
                                    

Ao olhar para cima, no céu, a primeira impressão pode ser de que estamos em uma redoma, ou debaixo de uma imensa lona azul. No entanto, toda a evolução das ciências e descobertas da humanidade já provaram que aquilo tudo vai muito além. Um universo infinito, repleto de astros, cores, explosões e realidades não exploradas está logo acima de nossas cabeças. Ao mesmo tempo, olhando mais de longe, consiste apenas em um grande vácuo com alguns pontinhos de matéria vagando por aí.

Acredito que o mesmo se aplique a pessoas: são mais do que pensamos, e ainda assim, menos do que podemos pensar.

Até a mais extraordinária figura humana que você conhece, é apenas uma figura humana. Por exemplo, Daisy Alden, uma garota incrível, conhecida em toda a escola pelas histórias de suas aventuras, seu jeito descontraído e espontâneo. Infelizmente, havia algo sobre ela que ninguém me contou antes que ela viesse até mim naquela manhã de quarta-feira.

— O que vai fazer hoje? — ouvi uma voz soar atrás de mim enquanto eu pegava os livros da próxima aula dentro do armário.

Assim que me virei de costas, vi grandes olhos azuis me encarando com curiosidade. A franja de seu cabelo castanho estava comprida o suficiente para enroscar em seus cílios quando piscava e, por baixo dela, eu podia ver sua sobrancelha arqueada, esperando minha resposta.

— Você está livre hoje? — ela reformulou a pergunta após toda a minha demora para entender a situação. Eu estava prestes a perguntar se não me confundira com outra pessoa, mas ao estender a mão na minha direção, ela confirmou ter noção de que éramos completos estranhos. — A propósito, me chamo Daisy.

Apertei sua mão, sem desviar meu olhar de seu rosto sorridente, e tentei retribuir a expressão simpática, apesar da confusão que ainda me rondava. Eu sabia quem ela era, seu nome era quase como de uma celebridade por aqui, e o rosto bem desenhado nunca deixara de me chamar a atenção.

— Harry Styles — me apresentei enquanto soltava sua mão e fechava meu armário atrás de mim. Lembrei-me da primeira pergunta que ainda me parecia estranha, mas senti-me na obrigação de lhe dar uma resposta que talvez fosse o que ela realmente queria saber. — Agora estou indo à aula de química, e no próximo período tenho matemática, artes e história.

Daisy revirou os olhos com um riso sacana e respirou fundo antes de dar de ombros. — Uma pena que perca sua aula de artes, mas, pelo menos, vou te salvar das outras. — senti sua mão pequena agarrar meu braço e logo ela começou a andar pelo corredor, me puxando junto.

— Espera, como assim? — tentei pará-la para que me explicasse os acontecimentos, mas o aperto em meu braço aumentava junto com a velocidade de seus passos por entre todos os outros alunos no corredor. Se num primeiro momento nos sentimos confusos com algo e, ao longo do tempo o nó vai se desenrolando, com Daisy era o oposto.

— Você vai fugir da aula comigo — sussurrou olhando em volta como se procurasse algo e voltou a me puxar pelo braço assim que sua caminhada apressada se tornou uma verdadeira corrida em pleno intervalo de aulas. — Anda logo, se bater o sinal fica mais complicado de sair daqui.

Se eu dissesse que tinha alguma parte daquela situação a qual eu compreendia, estaria mentindo. Meus pés a acompanhavam no trajeto, mas minha mente ainda estava em frente ao meu armário quando ela falou comigo pela primeira vez; a partir dali, já não consegui processar mais nada. Uma menina claramente muito superior a mim na ridícula, porém irreversível, hierarquia do ensino médio aparece, se apresenta e de repente estou faltando na aula e correndo atrás dela pelo colégio.

Em algum lugar do caminho, a mão dela se moveu do meu braço até minha mão e agora seus dedos pequenos seguravam os meus enquanto eu a seguia. Provavelmente, em outras circunstâncias, teria me sentido desconfortável com o toque da então desconhecida, mas eu tinha tantas outras coisas para pensar no momento que acabei achando aquilo reconfortante e tomei coragem para me pronunciar novamente.

— Aonde estamos indo? — perguntei relutante, tendo quase certeza que sua resposta me faria parar de segui-la e voltar à aula normalmente, o que me parecia o mais sensato a se fazer.

— À aventura! — ela exclamou com senso de humor e entusiasmo evidentes em sua voz e ergueu o braço, gargalhando. Em seguida, abriu a porta cinza da saída de emergência e me empurrou para fora do prédio da escola.

~~

oitudobem?

estão gostando? comentem suas opiniões, significa muito!

all the love, luiza.

Daisy » h.s.Where stories live. Discover now