ⒺFINALE Ⓒ Parte 2

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Katherina estava com os nervos à flor da pele depois de receber o telefonema de Danïel comunicando sobre o que tinha acontecido a Elise, pois isso só significava duas coisas. Elise deduraria Alf. Por conseguinte Schuller arrastaria Stoker para a lama consigo.

Por um lado ela estava feliz que uma das pontas daquele novelo de lã se estava desenrolando. Isso indicava que rapidamente tudo seria desmantelado. Por outro lado ela temia que tudo com Theodore chegasse a um fim mais rápido do que gostaria de admitir. Ela odiava esse último pensamento com todas as suas forças, pois só demonstrava o quanto ela estava ligada e presa ao cafetão.

— Está tudo bem Kat? Você está chorando, o que aconteceu? — Uma das suas colegas questionou ao aparecer repentinamente no seu camarim. Imediatamente Bauer se recompôs e limpou apressadamente as lágrimas.

— Não é nada de importante. Queria falar comigo?

— Não realmente. Só vim comentar que acabei de ver Schuller correr para fora do Moulin Rouge com o rosto empalidecido. — A mulher contou intrigada.

— Alguma coisa séria deve ter acontecido. — Kat fingiu espanto. Ela sabia os motivos do estado do homem e esperava sinceramente que ele não estivesse fugindo. — Preciso fazer uma chamada, se importa de me dar privacidade? — pediu, pois sabia que aquela era uma das Musas mais fofoqueiras do Rouge, ainda que ela não o fizesse com más intenções.

— Claro, se precisar de alguma coisa, me chame. — A Musa sorriu e se afastou lentamente, esperando apanhar o começo da chamada, mas Kat aguardou até ela ter ido embora. Só então fechou a porta e discou o número de León.

No momento o seu colega devia estar se encontrando com o superior deles e colocando ele a par de tudo e isso deixava Kat mais nervosa ainda. Sem conseguir contatá-lo, ela deixou uma mensagem no correio de voz e desejou que ele escutasse o mais rapidamente possível.

Nos minutos seguintes ela ficou num vai e vem hesitante no seu camarim, ponderando qual o seu próximo passo. Ela não podia continuar a agir como se soubesse de algo, pois logo mais alguém perceberia, mas também não conseguia agir como se não soubesse e isso a estava trucidando os nervos aos poucos.

Impaciente, ela saiu do camarim e caminho pelos corredores em direção ao escritório de Stoker, mas se travou de o fazer, se reepreendendo mentalmente por sua falta de profissionalismo.

Quando deu meia volta para voltar ao bar, ela se deparou com uma belíssima e elegante mulher caminhando a passos furiosos pelo corredor em sua direção.

— Não se atrevam a me agarrar ou vai ser muito pior para vocês. Eu sei muito bem qual o escritório dele. — A mulher falou, se livrando do aperto que o segurança do bar aplicava em seu braço.

— Pode deixar, Erik — Kat assegurou com um meneio de cabeça.

A ruiva tentou falar algo para a mulher, mas ela apenas passou por si, sem agradecer, e adentrou a sala de Stoker de rompante. Rapidamente a bailarina correu para ver o que aquela mulher tinha para conversar com Theo.

— Clara! — Theo exclamou, surpreso com a presença dela ali em seu escritório.

Kat perdeu o ar ao escutar aquele nome. Aos poucos ela conseguiu entender os fantasmas por trás dos olhos de Theodore e ao olhar a mulher tudo fazia sentido. Ela era Mina Haumann, o grande amor da vida de Stoker.

Seu estômago se corroeu de ciúme e novamente ela se odiou por isso.

— ONDE ESTÁ MINHA FILHA? — Seu tom não era calmo e a mulher parecia um furacão prestes a engolir e destruir tudo.

— Não estou entendendo a sua pergunta. Ela não está com você? — Theo questionou levemente nervoso, se remexendo na cadeira e odiando ver o ar desolado e furioso daquela que um dia foi o amor da sua vida.

— Não, ela não está... — Clara desabou em lágrimas, se apoiou em uma cadeira e inspirou fundo para conseguir recobrar o ar que parecia ter se tornado rarefeito.

Kat se apressou a ajudar a mulher a sentar e entregou a ela um copo de água da mesa de bebidas que Stoker tinha no escritório. Ela queria dizer algo, mas preferiu ficar ali calada, analisando cada expressão de Stoker e tentando entender o visível incomodo que ele demonstrava com a presença da tal mulher.

— O que você está falando? — Sua voz saiu num fio de voz e Bauer percebeu a cor sumir aos poucos do seu rosto.

— Aquela garota que você viu no shopping... ela se fingiu passar por Brigitte e falou que minha filha foi sequestrada pelo seu braço direito — Clara falava num tom mais calmo e quase sem forças, como se ela não tivesse mais energia para gritar e demonstrar toda a sua raiva.

— O que... — Theodore não parecia ter entendido direito o que a mulher tinha falado e empalidecia cada vez mais. Stoker afrouxou o nó da sua gravata, até por fim se ver livre dela.

— É o que você escutou, Theodore, ela está no Ninho! — Clara revelou e Kat arregalou os olhos em choque e analisou rapidamente a expressão de Stoker. Este pareceu ficar doente repentinamente, como se fosse desmaiar a qualquer segundo.

— Isso não é possível. — Ele negou num fio de voz, esfregando o rosto e penteando os fios curtos dos seus cabelos com seus dedos.

— Irônico, não é? Sua própria filha sendo vítima dos seus crimes. — Clara chorava e ria ao mesmo tempo, mas não de felicidade. A sua dor era enorme demais para tal.

Numa questão de segundos, Stoker se ergueu de rompante e saiu apressado da sala, tendo Clara e Katherina em seu encalço.

— Katherina! — A mulher ouviu uma voz conhecida atrás de si e parou para ver Kyler se aproximar. — Aqueles eram Clara e Stoker? Onde eles estão indo? — O detetive perguntou e Kat mal teve tempo de responder, pois o Teunissen a puxou para correr atrás dos dois ao perceber para onde eles iriam.

Por pouco ambos não perderam o casal de vista após eles terem entrado para um armazém. Eles caminharam por vários corredores e sumiram por uma sala minúscula que parecia não ter saída, até Kyler apontar para um canto e ver uma passagem.

Após alguns minutos eles viram a porta de um galpão aberta, se aproximam e espreitaram para o interior.

— O Ninho era tão perto e eu nunca percebi — Kat murmurou, puxando os fios ruivos fogo para trás, se culpabilizando. Um tiro se é feito ouvir e Kyler sacou da sua arma, preparado para descer. — Eu vou ficar aqui e chamar reforços. — Ela informou e o detetive assentiu, descendo atrás de Clara e Stoker.

— POLÍCIA! — Teunissen gritou, escutando Stoker ordenar os guardas para se manterem afastados das adolescentes.

— Aletta? Brigitte? — Clara começou chamando e procurando por elas por entre as inúmeras garotas.

Uma das portas foi aberta e a pequena criança surgiu do interior após escutar um novo chamado de Clara. A menininha sai da proteção das garotas ao ver Clara e correu em direção à mulher, abraçando sua cintura enquanto chorava.

— Alguém sabe onde Brigitte está? — Stoker questionou, mas ninguém o respondeu. As garotas se encolhiam de medo, sabendo quem ele era, e os soldados não queriam trair Alf.

— Por favor, ela é minha filha — Clara implorou e uma das garotas respondeu.

— Ela fugiu de Schuller. Ele foi atrás dela com uma arma. O tiro que se ouviu foi de lá. — A garota explicou e Stoker arregalou os olhos.

Clara encarou Stoker com pavor e enrugou o cenho numa carranca determinada e se apressou a correr pelos túneis atrás de seu sócio.

Amsterdam [PT-BR] ▬ Versão WattpadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora