Capítulo 4 - Desencontros

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Nos dias seguinte, estávamos trocando mais mensagens do que o de costume. Talvez porque ambos estávamos com vontade de nos encontrarmos novamente, embora nossas rotinas pareciam não querer ajudar. Duas semanas se passaram e dessa vez eu resolvi chamar Julie para conversar. Cheguei no bar e pedi uma cerveja enquanto a esperava. Assim que ela chegou, complimentou-me com dois beijos, dizendo:

- Oi, como você está?

- Oi! Estou bem e você?

Eu disse, sorrindo.

- Muito bem. Tenho novidades.

Afirmou, me contagiando com sua animação.

- Conta!

Exclamei.

- Conheci um cara. Trocamos algumas mensagens e marcamos de nos ver amanhã.

Revelou Julie.

- Que bom. Espero que dê tudo certo.

Desejei para ela. O silêncio durou pouco até que ela retomasse a conversa:

- E você? Conseguiu descobrir algo sobre o Ricardo?

Perguntou, esperando saber de algo.

- Não... na verdade, nunca mais nos vimos, apenas trocamos mensagens.

Respondi, enquanto pegava a carta de cervejas. E continuei:

- Alguma sugestão?

Escolhemos uma American Wheat Ale para dividir e prosseguimos com a conversa. Perto das 22 horas resolvi mandar uma foto da Saison Ale que eu estava bebendo para Ricardo, a fim de saber o que ele estava fazendo. Essa era a cerveja que ele estava bebendo quando nos conhecemos. Alguns minutos depois, ele envia "Obaa", e em seguida "Está sozinha?". Repliquei: "Estou com um amiga". E ele escreveu: "Estou por perto, é aniversário do meu irmão. Se der passo aí". Digitei: "Ok :)". Uma hora e meia havia se passado e ele não tinha enviado mais nada.

Continuei conversando com Julie, e informei-a do possível aparecimento de Ricardo no bar. Ela fez questão de ressaltar que não se importaria, afirmando que daqui a pouco teria que ir embora. Eram 23:38 quando Ricardo enviou: "Chego em 15 minutos, dá tempo?". Tempo já era de eu ir para casa e, para falar a verdade, não esperava mais que ele fosse vir. Mas eu queria vê-lo, afirmei então: "Sim", enquanto Julie pedia a conta. Pagamos e ela se despediu, indo embora. Ricardo chegou na mesma hora, deixando-me tensa com sua presença, afinal, eu não o via pessoalmente há um bom tempo e esqueci completamente de como lidar com aquela situação. Sim, ele me deixava muito nervosa e eu tentava agir naturalmente.

- E aí...

Disse ele, sentando na cadeira a minha frente para continuar:

- O que vamos beber?

Deixei que ele escolhesse a cerveja. Chamou o garçom, pediu uma Red Ale e dois copos, na sua forma calma e confiante de falar.

- Pensei que você não viria mais.

Eu disse, contente por sua presença.

- Tentei escapar de lá o mais rápido que pude.

Explicou-se, enquanto o garçom abria a cerveja para nos servir. Agradeci o serviço e após comentar sobre a escolha feita por Ricardo, contei sobre eu estar buscando um restaurante bem gerenciado para realizar um trabalho da faculdade. Ele imediatamente começou a citar estabelecimentos que são referências, contando suas experiências em um empreendimento específico que ele teria ido não só em uma unidade no Brasil, como também em outra localizada nos Estados Unidos. Praticamente tudo que ele dizia me encantava. Talvez por ser assuntos sobre os quais eu estava interessada, talvez por ele saber conversar sobre tudo o que eu comentava.

No entanto, já era tarde e achei melhor me despedir. Ele entendeu minha situação, não demonstrando nenhum desapontamento, apesar de eu sentir um pouco de incômodo pelo fato. Assim sendo, ao chegar em casa, enviei uma mensagem desculpando-me por ter que deixá-lo após pouco tempo. Logo eu obtive uma resposta: "Sem problemas. Depois marcamos algo melhor", o que me deixou aliviada, estava tudo bem. Respondi com um "Ok. Boa noite" e eu fui dormir.

Mais uma sexta-feira havia chegado porém eu estava com muitas atividades da universidade para terminar, optando por ficar em casa, a fim de adiantar o máximo possível. Meu celular recebe uma notificação. É Ricardo mandando sua localização, ele está no bar. Eu digito: "Poxa, pretendo ir aí amanhã. Tirei o dia para concluir uns trabalhos da faculdade". E ele responde: "Amanhã estarei indo para Petrópolis. Marcamos para semana que vem". Trocamos algumas ideias, ele mandou uma foto do rótulo que estava consumindo, elogiando a bebida e me fazendo querer prová-la.

Eu sempre gostei muito de música e por isso procurava saber das preferências musicais das pessoas com quem conversava. Como tenho costume de montar playlists para escutar enquanto realizo minhas tarefas, e comecei a achá-las um tanto repetitivas, perguntei sobre bandas que Ricardo gostava de escutar. Creio, também, que essa informação diz muito sobre as pessoas. Suas sugestões foram Van Halen, Gary Moore, Ratt, Thin Lizzy, Black Label Society e Yo Yo Ma. Eu disse que escutaria mais tarde.

Fiquei intrigada com os nomes, procurei sobre cada banda ou músico. Por fim, descobri que conhecia alguns nomes e canções, apenas não lembrava até ouvir novamente. Passei a noite nessa missão, pesquisando letras, assistindo clipes, procurando informações e as datas de formação dos grupos. Às 2 horas da madrugada Ricardo perguntou-me sobre o que eu estava achando das músicas. Comentei sobre eu já conhecer e gostar de algumas, ressaltando que eu tinha adorado escutá-las novamente, e também de conhecer outras.

Na quarta-feira da semana seguinte, puxei assunto falando sobre meu bom desempenho em uma matéria de gestão financeira e contábil. Eu havia descoberto que gosto bastante dessa área e tinha quase certeza de que Ricardo trabalhava com algo relacionado a administração. Recebi um "parabéns". Em seguida, perguntei a respeito do que ele faria no final de semana e infelizmente ele respondeu que provavelmente iria para Petrópolis no sábado de manhã. Resolvi, então, matar minha curiosidade a respeito: "Você vai a passeio ou a trabalho?". E ele digitou: "Tenho casa lá".

Foi aí que lembrei que Ricardo havia comentado sobre isso comigo em uma das nossas conversas cara a cara, quando eu disse que iria para um evento nesse município, e ele fez questão de falar sobre o agradável clima de serra, que eu também achava maravilhoso. Já era tarde e não trocamos mais mensagens.

Na noite do dia seguinte ele prosseguiu: "E você...quais são os seus os planos para o fds?". Contei que iria resolver alguns assuntos durante a tarde da sexta e estava planejando ir ao bar em seguida. Ricardo mencionou que conhecia um outro bar, não muito distante do que frequentávamos, com uma boa opção de cervejas especiais. Pedi mais detalhes: "Legal! Qual o nome?" E ele afirmou que estava tentando lembrar. Mas não retomou mais a conversa.

Alguns minutos se passaram e eu voltei a pensar sobre as tais questões a respeito daquele homem ainda muito pouco conhecido por mim. Talvez fosse melhor tentar obter mais informações antes de me precipitar com um novo encontro, por precaução. Além disso, minha curiosidade já estava me sufocando, senti que eu precisava de respostas: "Desculpa a pergunta mas vocês tem filhos?" Pouco tempo depois, recebo a resposta e ansiosamente corro para ler: "Dois". Já era algo. Eu estava totalmente sem graça enquanto tentava continuar com a minha investigação: "Hm. E como é sua relação com eles?". Dessa vez, tive que esperar até a manhã seguinte para obter retorno.

Uma Paixão IndevidaWhere stories live. Discover now