capítulo-36

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Sua pele bronzeada e os cabelos cor de areia e os olhos de um castanho cor de mel, combinam com seu porte de lutador, ele é quase o dobro do tamanho dela e é um saco de músculos, céus, sinto um incômodo acima do abdômen e sei que ainda não superei totalmente meu nervosismo diante dele:

- As mesmas regras anteriores- diz meu irmão sem o mesmo entusiasmo de antes- quando quiserem.

Abro caminho na multidão, pessoas me lançam olhares de medo e raiva, mas os ignoro e continuo andando, chego até a última filera e ambos os lutadores me encaram:

- Sarah- falo susurrando- não.

Vejo desafio em seus olhos quando ela vira o rosto para encarar a montanha em sua frente, sem dar nenhum sinal que tinha me ouvido.

Ele me encara e lança um risinho, meu sangue ferve, o primeiro movimento é de Sarah e é rápido, ele corre até ele e acerta um chute na lateral de seu corpo, vejo seu rosto se curvar numa careta mas sei que ele quase não sentiu, ele tenta acerta-la mas ele desfere outro soco dessa vez em seu pescoço, ele fica desnorteado, e ela comete o erro de abaixar a guarda, ele acerta um soco em seu rosto e ela cambaleia para trás com a força do impacto pressionando com a mão a bochecha, quando ela tira vejo um filete de sangue escorrer pela sua boca, ela avança novamente, outro soco no pescoço, não sei o que ela pretende com isso, mas lhe custou caro, ele a segurou e deu-lhe uma joelhada na barriga e depois outra, mais outra, então a solta e ela caí de joelhos buscando por ar, quero ajuda-la quero tira-la dali e de perto de dele, mas sei que não posso, porque  provavelmente o próximo alvo dela seria eu, ela consegue se levantar,as sei que ainda sente dor, antes da luta ela largou as adagas, então só pode usar o corpo, então ela tenta de novo, dá um chute na barriga dele que se reseta, mas então segura a perna dela,  penso que ele vai joga-la no chão, mas ele faz algo muito pior, dá um soco em sua canela, ouço o som de algo quebrando, e seu grito de dor, tampo os ouvidos, quase consigo sentir minha perna queimando, a vejo se arrastar no chão, tentando se afastar o máximo possível dele, que agora cansou de esperar e resolvel atacar diretamente, vou pra frente, não posso deixar isso acontecer, mas algo me segura:

- Não pode fazer isso Jason- fala a voz autoritária de Poe.

- Você tem parar essa luta- falo tentando esconder meu desespero- ele vai mata-la.

- Não vai- ele responde sem demonstrar muita certeza.

- Você sabe que Nevan não vai perder a oportunidade.

- Confie em mim.

Ela consegue se levantar, mas manca demais, não vai aguentar muito tempo de pé:

- Você até que lutou bem princesinha- zomba Nevan abrindo a boca pela primeira vez- mas sabe que não vai vencer.

Ela abre um risinho sarcástico, entro em dúvida, o que raios ela está planejando?, sem dizer nada ela avança novamente e dar outro soco no pescoço, mas leva outro na barriga e geme de dor, e caí no chão, vejo ele colocar a mão no pescoço, e tira-la em seguida como se tivesse tocado em uma ferida, mas ele está intacto, então ele se volta para a garota no chão e abre um riso de escárnio, viro o rosto para não ver, mas ouço os gritos de dor, e o aperto de Poe em meu ombro se intensifica, olho de novo, ela está quase desmaiando, vejo que tomou vários chutes nas costas e na lateral:

- Pare isso- peço com a voz carregada- por favor.

- Espere.

Ela toma outro chute, mas dessa vez não emite nenhum som, sua mandíbula está cerrada:

- Vamos garotinha, desis...- diz Nervan pela metade, engasgando e levando a mão ao pescoço.

Ele parece sem ar, caí de joelhos, espalmando a mão no peito, então seus olhos perdem o foco e ele desaba no chão, desmaiado.

Todos tem a boca entreaberta, inclusive eu, fico parado no lugar, o único que não parece surpreso é Poe, que ostenta um sorriso e declara a luta acabada, dois guardas levam Nervan para fora da arena, e finalmente saio do transe, corro até Sarah que continua no chão, e a pego no colo:

- Você está bem?

- Claro- responde- só acho que quebrei  algumas costelas.

Abro um sorriso que se transforma numa careta de frustração:

- No quê você estava pensando?, podia ter se machucado mais seriamente.

- Eu não sei- responde encostando a cabeça em meu ombro- queria provar que era tão capaz quanto qualquer um deles.

- E conseguiu.

Não sei se ela me escutou, pois desmaia quase em seguida, e agradeço por ela não precisar aguentar a dor:

- Como ela está?- pergunta alguém do meio de todos.

- Ela está bem!- grito.

Todos explodem em aplausos, e caminho para dentro do palácio, com o peito inflado de orgulho.

Entro na enfermaria,(de novo), e encontro Will deitado na maca sem camisa, com todo o abdômen coberto por faixas, deitado de barriga para baixo, com Mirella sentada num banco a seu lado comendo uma fatia de bolo, apoiando os cotovelos na maca, muito concentrada, ela demora um tempo mas ergue a cabeça e seus olhos se aregalam ao ver o corpo da garota em meus braços:

- O que aconteceu com ela?- pergunta se levantando.

- Alguém muito maior e mais forte- começo- se apresentou como oponente.

- Ela perdeu?

- Não- respondo sorrindo.

Ouço um murmúrio e olho para baixo, vejo lágrimas escorrendo pelo rosto dela:

- Ela quebrou alguns ossos- explico- deve estar doendo muito.

- Vou mergulha-la na água- responde Mirella esticando os braços- tem algum banheiro aqui perto?

Assinto, e caminho pela enfermaria, até encontrar uma porta branca,( que surpresa), com algums detalhes azuis, entramos e Mirella abre a torneira da banheira deixando-a encher quase por completo:

- pode sair, por favor- pede Mirella pegando Sarah no colo com certa facilidade.

- Claro.

Saio batendo a porta e volto para perto da maca de Will, pegando o que sobrou do bolo e mordiscando, ouço um bocejo, Abaixo o rosto e vejo que ele está acordando.

1- Crônicas Elementares - Água E FogoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora