capítulo-39

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Quando chego ao salão estou ofegante e vermelho, abro as portas de mogno e quase caio no chão:

- Credo, o que aconteceu com você?- pergunta a voz carinhosa de meu irmão.

- Eu preciso falar com você- falo baixo  segurando seus ombros com força- é importante.

- O que foi?- pergunta a voz preucupada da princesa.

Me endireito e limpo o suor da testa:

- Nada, eu só... vim correndo.

- Então precisa se exercitar mais, está horrível.

Concordo com a cabeça indicando que não me importava com seu comentário, e vejo um sorrisinho de canto no rosto de Poe, quando o encaro ele dá de ombros, Mirella chega alguns poucos minutos depois e Poe começa a falar:

- Senhoritas e senhor- fala com uma reverência exagerada- tenho uma ótima notícia para vocês.

Emito um chiado e as garotas se voltam para mim:

- De novo não.

- Para comemorar uma data importante, vamos organizar um baile de máscaras!

Mirella se ilumina como um farol, e Sarah também parece contente, mas para mim, é como uma tortura:

- Que data especial?- pergunta Mirella.

Poe abre um sorriso e se aproxima passando os braços pelo meu pescoço:

- Nosso aniversário!- exclama contente.

- Eba- falo sem muita emoção dando um soquinho no ar.

As garotas riem do meu entusiasmo e ele continua:

- Vamos ter algum tempo para organizar, e eu queria sabe... uma influência feminina para ajudar.

- E você já não é...

Vejo sua mão indo em direção a minha cabeça e me abaixo pulando pra frente:

- Lerdo demais.

Ele bufa e se afasta:

- Sarah por favor, leve meu irmão pra passear.

Fico indignado por um segundo, mas então sinto seu braço se enlaçando com o meu, e sinto que ele me fez um favor.

Caminhamos pelo pátio do palácio, ela parece distraída, as árvores se fecham formando um túnel de folhas e cipós, ouço um farfalhar de folhas e me viro para minha acompanhante que, ficou para trás, ela agora está abraçando a loba albina que voltou a aparecer, elas parecem se dar bem:

- Você voltou!- ela exclama acariciando a cabeça de Always.

- Eu já a tinha visto antes- admito.

Ela se vira e me derreto com o sorriso estampado em seu rosto, sinto uma pontada no peito, e por extinto coloco a mão sobre o coração:

- Ela some e volta- fala se levantando com o animal andando entre suas pernas- não sei pra onde ela vai.

-Mas ela sempre volta- falo me aproximando.

Sou movido por algo que não sei ao certo o que é, passo as mãos por sua cintura e apoio meu queixo em sua cabeça:

- Está me abraçando por que?- pergunta se apoiando em mim.

- Porque fiquei com vontade- respondo sorrindo.

Fico assim, seu peso está sustentado em mim, mal ela sabe que eu também estou, sinto um peso adicional no bolso do sobretudo e me lembro de algo que queria fazer, a viro pra mim e ela parece surpresa, puxo o colar do bolso:

- Quero te dar uma coisa- falo passando o colar pelo seu pescoço levantando seu cabelo azul.

Quando termino puxo as mãos para dentro dos bolsos do sobretudo, ela toca a pedra maravilhada:

-É lindo- susurra.

- Bom... eu já imaginava que aquela criatura ia dar uma festa, ele adora se exibir, então achei que você deveria estar com algo que te valorizase.

Ela olha pra mim inclinando as sobrancelhas:

-Sério?, só isso mesmo?

Sinto o rosto quente e balanço a cabeça:

- Por que outro motivo seria?

- Não sei- fala brincando com a pedra do colar.

Passo as mãos pelo cabelo o jogando para trás, mas uma mecha ruiva insiste em cair na frente do meu rosto, sem que eu perceba ela a coloca atrás da minha orelha, olho para seu rosto, sinto todo meu corpo relaxar, mas então algo tira o ar dos meus pulmões, caio de joelhos:

"Hum... esse corpo, pena que o resto não é tão resistente"

Sinto meu peito comprimindo, solto um gemido abafado:

"Há que pena, você está realmente gostando dela?, mas você não aguenta, vou deixar você iludi-la mais um pouco, vai ser realmente engraçado quando ela descobrir".

- Não- murmuro enquanto a dor vai passando aos poucos.

Sinto suas mãos delicadas e gélidas tocando minhas costas e me ajudando a levantar:

- O que aconteceu?- pergunta preucupada.

Balanço a cabeça incapaz de explicar o pânico que senti minutos atrás:

-Vamos voltar.

Voltamos para dentro, ela segue para seu quarto depois de ter certeza que estou bem, espero ela sumir nos corredores, e repito o caminho que fiz de manhã, corro de volta para o salão principal, eu sei o que vai acontecer, sei quem está por trás disso tudo:

"E em breve terei o momento perfeito, para por meus "planos" em prática"

1- Crônicas Elementares - Água E FogoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora