Capítulo 6 - Maturidade #3

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Meu nome é Simone Dias, tenho 41 anos e sou esposa de pastor de Juventude. Também não sou diferente de você e nem do Marcus.

Ser esposa de pastor é um papel muito desafiador. Para começar, não temos nome, somos a "esposa do pastor". Somos cobradas a ser algo que não somos, ou alguém que deveríamos ser. Para muitos, esposa de pastor deveria ser a "perfeitinha" ou a "supermulher". O peso da responsabilidade é tão grande que não podemos ter opinião própria, nos expor e muitos acham que essa posição é "super-privilegiada". Porém, só há cobrança na maioria das vezes. Somos cobradas como se fôssemos o próprio pastor. Se andarmos mal vestidas, somos estranhas, cafonas etc; se andamos muito arrumadas, somos "madames", "patricinhas" ou gastamos demais...

Independente dessas coisas, sei que Deus me deu uma missão. Primeiramente de ser mulher, esposa e cuidar do lar, e a missão individual que Deus dá a cada um de nós com seus dons e talentos.

Nasci num lar cristão e acompanhava meus pais em todas as programações. Quando digo todas, são todas mesmo! De ensaio de coral, até a EBD, passando por culto ao ar livre, evangelismos e até visita em presídio. Com eles trabalhava em tudo o que podia, devido a minha idade. Cantava na igreja desde os 7 anos de idade. Aceitei a Jesus com 10 e fui batizada aos 11 anos. Agradeço aos meus pais por terem ensinando-me nos caminhos do Senhor, e por me levar em tudo. É claro que em muitos momentos ia por obediência, mesmo não querendo ir. Digo isso porque hoje vivemos um tempo em que os filhos escolhem ir ou ficar em casa, da criança ao adolescente. Se eu tivesse a opção de escolher como seria a minha infância, sem duvidar escolheria a mesma que meus pais me deram.

Assim continuei nos caminhos do Senhor. Participava de muitas atividades na igreja e servia a Deus. Cantava no grupo de louvor, fazia solo em igrejas que convidavam nossa família, participava de cultos ao ar livre, série de conferências, equipe de evangelização... Liderei União de Jovens, culto nos lares, cultos de oração e ajudava em outros ministérios também. Enfim, sempre ativa na igreja e envolvida com as coisas de Deus.

Não posso deixar de contar que um dia, aos 24 anos, permiti-me ver somente os defeitos das pessoas e fazer julgamentos, achando que todos que estavam na igreja eram hipócritas. Com isso a minha fé esvaziou-se e esfriei a fé em Jesus. Por cerca de 3 anos fiquei na minha e só vivia para trabalhar; mas como boa "religiosa" não deixava de dizimar, pois não queria ficar mal com Deus e tinha um temor muito grande. Porém, a história só ficaria pior: Experimentei algumas coisas que o mundo oferece e, no quarto ano afastada do Senhor, vivi meus piores momentos durante seis meses. Mesmo andando nos caminhos tortos, Deus não desistia de mim. Conto isso com muita propriedade, porque tive livramentos e vi pessoas usadas por Deus para dizerem-me que aquele lugar não era o meu; pessoas eram acordadas por Ele para orarem por mim nas madrugadas. Mesmo assim, o Senhor me fez ir a outro Estado para pedir perdão a uma pessoa a qual houve problemas fortes entre nós. Era a volta da filha pródiga. E assim eu obedeci, mesmo sem entender o que Deus queria fazer na minha vida. Mas como diz em Mateus 6.15: "Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas".

Enquanto isso, a vida seguia e encontrei com uma pessoa que um dia tentei levar para igreja e desejava vê-lo nos caminhos do Senhor. Naquele momento uma mistura de emoções, junto com uma das piores sensações que já vivi, tomou conta de mim ao ser confrontada pela conversão a Jesus daquela pessoa! Estava sim alegre, mas em choque pelo fato daquela pessoa ter se convertido, sem minha ajuda, e eu estava afastada! Papa piorar, ele me fez a pergunta fatal: "O que falta para você voltar para Jesus? E pensar que você já tentou me levar, e agora está longe!?". Claro que eu não tinha palavras para responder... Dentro de mim surgia uma dependência de Deus tão grande que parecia como se dependesse realmente somente de dEle!

#MATURIDADE está na mente e não na idadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora