Capítulo 6 (Parte 3): A primeira pedra

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–Uma coisa que não perguntei, mas agora que estou aqui seria legal de saber... – Tento mudar de assunto. – Como vai a sua irmã... Aya, não é?

–Podemos dizer... – Kasumi dá um suspiro um tanto resignado. – Que ela já teve dias melhores. Lembra que eu te falei sobre o término do meu relacionamento passado, sobre o Felipe ter tentado me levar pra cama e depois que terminamos, tentou voltar comigo? – Assinto, lembrando. – Pois é, em outubro, era um dia no qual eu havia ido fazer compras pro Festival de Dia das Crianças que a minha família faz lá na nossa cidade, onde distribuímos presentes pras crianças carentes, tem festa, esse tipo de coisa. Só que quando cheguei em casa... O que vi, foi o estopim pra eu decidir me mudar de cidade assim que eu me formasse. O Felipe, ele... Ele dopou a Aya e fez o que quis com ela, aquilo me chocou bastante. E ela, bem, ela trabalhava como modelo, só que o desgraçado fotografou o ocorrido e dias depois as fotos vazaram na internet.

"Se não fosse pela namorada dela, Eliza, não sei como a Aya estaria hoje. Ela perdeu muitos trabalhos, e até hoje não sei como esse desgraçado não foi preso! Ele jura que perdeu o telefone, por isso as fotos vazaram, mas e quanto a questão do abuso que a Aya sofreu?"

–Você disse, namorada? – Pergunto, pra confirmar se eu escutei direito.

–Algum problema?

–Nenhum, era só pra ter certeza... Mas, como elas se conheceram?

–Foi totalmente por acaso. – Kasumi sorri, lembrando de algo. – A Aya fazia um desfile na capital, e a Eliza fazia a segurança do evento. Alguém tentou bancar o engraçadinho pra cima da minha irmã e a Eliza apresentou o Sr. Punho ao Sr. Queixo. As duas trocaram contato ali, papo vai, papo vem e tempos depois as duas não se desgrudavam mais. – O sorriso dela aumenta mais ainda. – Costumo dizer que elas se completam, porque enquanto a Eliza sabe socar as pessoas, a Aya sabe chutar.

–E como ela está levando a vida depois do baque na carreira de modelo? – Pergunto, tendo meio que esquecido do problema do Glauco.

–Sinceramente, não sei. Pode ser até que ela trabalhe de segurança como a Eliza.

E nesse clima mais ameno, passamos a tarde jogando algumas coisas aleatórias e pelo menos naquele momento, a questão do Glauco fora deixada de lado por nós dois. Mesmo que nenhum de nós necessariamente tenha tirado aquilo da cabeça.

Por volta de cinco e meia da tarde, Kasumi avisa que precisa começar a preparar o material pra semana seguinte de aulas, então nos despedimos.

–Renan... Você não faz ideia do bem que me fez ao vir aqui. – Kasumi me abraça, a voz bem mais leve do que quando cheguei.

–Eu farei qualquer coisa por você... – Prometo, antes de beija-la longamente.

Essa era uma coisa da qual eu senti saudade nessas três semanas em que mal nos encontrávamos, aquela sensação prolongada dos lábios dela colados nos meus, meu braço na cintura dela, nossos rostos se tocando. O olhar cintilante dela.

–Se você faria qualquer coisa por mim... – Kasumi ri, quando estou na porta do apartamento dela. – Que tal dar um jeito nesse caso do Glauco?

–Talvez.. – Dou de ombros, antes de dar um beijinho de despedida e ir pra casa.

A questão que passa pela minha cabeça nos dias que se seguem é: Como vou resolver isso? A não ser que eu dê um jeito de colocar ele na parede por calunia e difamação contra a professora Kasumi no caso das montagens, mas a não ser o fato dele ter atendido o telefone do Gavião, não tenho prova concreta de que seja ele o responsável por tais atos.

E a única possibilidade, seria eu verificar o telefone dele em busca das montagens. Mas, como eu verificaria o telefone? Uma pessoa raramente fica longe do telefone, eu precisaria dar um jeito de afastá-lo por algum tempo pra conseguir fuçar.

Paixão Destinada (Versão Revisada e estendida)Onde histórias criam vida. Descubra agora