Meu Coração é Teu

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Um grito esganiçado e todo o meu mundo sumiu.

Minha respiração parou e eu coração bateu em um ritmo estranho, errado; minha boca secou e a força que sustentava minhas pernas se esvaiu, assim como toda a felicidade que um dia eu senti. Robin estava de pé, de costas para mim, mas ele não se mexia ou falava, não lutava ou se afastava. Imóvel, ele observou o desgraçado falar que vencerá e logo após sorrir como o monstro que era.

Em câmera lenta, eu vi o meu amor cair na grama desacordado e com uma imensa e crescente mancha vermelha dominando seu corpo. Sangue, muito sangue. Era como entrar em um pesadelo ou de repente se deparar com o inferno. Era horrível, injusto e desesperador. Neal puxou o canivete com brutalidade e como um vulto saiu correndo da propriedade, sem se importar com o que tinha feito e quem tinha deixado para trás.

Maldito.

Emma, em choque, havia parado de chorar, mas não conseguia se mover e nem piscar. Minha reação foi oposta. Desesperada, corri para perto dele. Senti meus olhos sendo inundados por lágrimas assim que o senti frio contra minha pele. Mergulhada em agonia, eu me abracei ao seu corpo, buscando sentir sua respiração e ouvir som do seu coração. Não. Não. Não. Seu batimento cardíaco perdia força a cada instante. Pelo amor de Deus, não! Isso não estava acontecendo.

― Robin! Robin! ― Chamei por ele, mas sem sucesso. ― Não faz isso comigo! Por favor, acorda, por favor! ― Implorei aflita, meu pranto não era controlado.

Eu o estava perdendo.

― Meu anjo. ― O chamado fraco quebrou meu coração, mas também me deu esperança. Ele abriu brevemente os olhos, o suficiente para eu poder enxergar a imensidão azul que eu amava.

― Ei, calma, vai ficar tudo bem. Não se esforça. ― Eu fazia um carinho em seu rosto para mostrar que eu estava ao seu lado e que tudo aquilo passaria.

― Não chora, meu anjo. ― Ele mesmo na situação que estava ainda tentou me consolar, elevando sua mão até meu rosto, mas seus dedos não alcançaram minhas lágrimas, ele estava muito fraco para isso.

― Robin!! ― Emma gritou vindo ao nosso encontro, ela despertou do estado de choque, mas permaneceu atônita. ― Meu Deus, me desculpa, por favor, me desculpa. ― Ela falava alto observando o sangue que não parava de sair de seu corpo. ― Alguém liga para a ambulância! ― Virou-se para trás e foi quando percebi que alguns funcionários da casa observavam a cena espantados.

― Nós já ligamos, senhora ― ouvi alguém falar longe, mas não sei quem era, meus olhos estavam fixos nele ―, o socorro já está a caminho.

Suspirei em esperança e sorri para o meu amor.

― Ouviu? Aguenta firme, vai dar tudo certo. ― Minha voz tremula não passava nenhuma certeza, mas ele sorriu mesmo assim.

― Meu anjo está comigo. ― Ele buscou minha mão sob seu corpo e a segurou.

― Você sabe que sim ― engoli seco e limpei os rastros de lágrimas do rosto, eu precisava ser forte para ele ―, mas agora tenta não se esforçar, está bem?

Ele não me respondeu, apenas me olhou. Uma mirada que eu tinha medo de entender o significado. Não! Ele tinha que acreditar, ele me fez acreditar, não podia desistir. Não podia!

Meus olhos ainda estavam centrados nele quando comecei a ouvir longe uma sirene de ambulância, era a esperança dando as caras. Eu precisava ter fé. Quando a sonido foi ficando mais forte, mais alto e mais próximo, eu respirei aliviada.

Cedo demais.

Atenta a ele, vi Robin perdendo a cor e ficando cada vez mais pálido, meu toque contra seu corpo também sentiu quando o seu calor foi diminuindo e sua pele tornou-se mais gelada. Atingir o limite do desespero não era o bastante, percebi que havia como ficar mais aterrorizada quando ele começou a piscar lentamente, como se estivesse adormecendo, caindo em um sono profundo e sereno.

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