XXV

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A brisa fria invade o quarto da jovem mocinha Hughes. Ela permanece deitada em sua cama enquanto encara o quadro da bisavó de Edmond colocado próximo da janela, para não mofar com a umidade daquela charmosa mansão vitoriana. Edmond deixou o quarto assim que terminou de ajudá-la com o creme. 

Ele precisava ir até a cidade para voltar a se classificar para lutas. Com a cabeça quente de preocupações e sem poder contar com o carinho da esposa, ele precisava de algo para manter seus pensamentos no lugar. 

Desde a luta que se classificou para a final (que aconteceria em um mês) houveram diversos treinos no clube do bar onde ele lutava. Mas com todos os preparativos do casamento, lua de mel e outras datas importantes, ele acabou perdendo todos. Permanecia classificado, mas estava sem prática alguma. 

"Abandonei tudo em favor dela" pensou Edmond, sentindo-se um tolo por ter entregado tanto a uma mulher e ter sido abandonado depois, assim como pensava que seria. 

Ele não sabia de fato por que Tayla o estava deixando, mas sabia que ela não faria isso sem explicação nenhuma, ou talvez faria, sendo imprevisível como sempre. 

Montado em seu cavalo, ele encara as árvores com poucas folhagens e um pouco do resquício da neve que tinha ido embora. Aquele havia sido o inverno mais curto que ele já presenciara ou aquele calor que já se iniciava nas ruas era apenas um efeito provocado pela força e influencia de sua esposa, a dama das chamas?  Ele tinha certeza de que Tayla poderia mudar o clima, a vegetação, a fauna e qualquer componente da natureza na hora que ela quisesse.

Ele também tinha certeza de que Tayla poderia aquecer seu frio coração, como uma brisa quente de verão que percorria suas veias sanguíneas e passava por suas artérias e aortas.

Seus olhos verdes esmeralda eram tudo o que ele queria ver quando acordava. Seu doce cheiro de lavanda era mais do que ele podia pedir para os céus e sua companhia (ainda que muito teimosa) era de fato, mais agradável do que qualquer moça com quem ele já esteve. 

Um sentimento palpitou seu coração, a medida que o cavalo chegava nas ruas do centro de Watford. 

Estaria ele amando?

Na mansão dos Hughes, Tayla finalmente toma coragem e se levanta. A morte de sua criança era uma dor insuportável, mas não podia derrubá-la. Ela sempre havia sido uma mulher forte, decidida e que não se deixara abalar por nada. Aquele feto seria muito amado se viesse ao mundo. Como não veio, ela precisava encontrar forças para se reerguer. 

Na morte dessa criança, ela encontraria a vontade para se dedicar a uma profissão que ela admirava demais e que se não fosse por estes profissionais, tampouco Tayla estaria viva. 

Estava firme e resoluta: estudaria Medicina.

Ela puxa os lençóis do corpo e remexe suas pernas para fora do colchão. Ao tocar os pés no chão frio, uma descarga elétrica perpassa sua pele, mas ela não retrocede. Calça algumas meias para não se sentir congelada e sai do quarto, descendo as escadas com um pouco de dificuldade. Ela não se importou em prender o longo cabelo castanho que batia abaixo de sua cintura, ou então o fato de estar de corselete e anáguas em uma tarde qualquer, horário que visitas poderiam chegar na casa. Ela apenas coloca um robe de seda branco por cima, deixando-o desamarrado e se dirige até a biblioteca.  

- Procurando algo, querida? - Olívia pergunta, fazendo Tayla pular de susto. - Pensei que quisesse descansar.

- Eu queria descansar, mas não consigo... Ficar remoendo esse sentimento dentro de mim não vai ser útil e não me fará bem. Preciso arrumar algo para fazer. - Tayla admite, pegando um livro antigo de remédios na estante da família Hughes.

Quando Um Conde Se ApaixonaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora