Treze

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Medo. Aquele sentimento incontrolável que te diz que é perigoso e errado fazer algo. Ele é constante no quotidiano. Ter medo de filmes de terror. Ter medo de aranhas. Ter medo de vulcões. Ter medo de ter uma doença grave. Ter medo de perder alguém que se ama. Ter medo de dizer algo de mal. Ter medo de desiludir. Ter medo de ficar sozinha. Ter medo de dizer o que sinto. Dizem que o medo é irracional e devo concordar. Mas é complicado controlar o medo. E talvez nunca se controle, mas há sempre uma possibilidade de ele diminuir de grau. Mas esquecemo-nos que foi o medo que permitiu melhorar o mundo em que vivemos. Foi o medo do escuro que deu origem à lâmpada. Foi o medo dos russos em assumirem o controlo do mundo que impulsionou os americanos chegaram à lua primeiro. Foi o medo de ficar doente que levou à procura das curas. O medo fez-nos avançar. O medo mostra-nos que ainda temos algo a perder.

∞ ∞ ∞

【26 de Outubro de 2013 】

『 Emma Reed 』

Por muito que queria avançar e deixar de me impedir de sentir, há sempre algo que me para. Isto já se torna um reflexo do meu inconsciente.

Ele sabe que gosto dele mais do que um amigo e isso não está correto. Isso não pode acontecer. E se correr mal? Não posso permitir ficar sem uma pessoa que me é tanto, outra vez. Não posso ou iria abaixo de novo.

Os meus dedos continuam entrelaçados com os dele e por muito que negue em voz alta, isto sabe bem. Até o seu mínimo toque faz-me sentir segura. Os nossos passos são lentos até ao parque e as raparigas vão a uns metros de distância, conversando, rindo-se.

O vento frio e lento bate na minha cara, dando a sensação de várias facas cortando-a levemente. O tempo está a mudar rapidamente. Ainda há pouco tempo estava um pouco de sol e agora já não há nada iluminando. Tal como a pessoa que eu era.

Porque é que não consigo confiar nas pessoas? Porque é que tenho de ser este ser, esta pessoa retraída? Há qualquer coisa dentro de mim que me faz ficar fechada. Uma pequena voz na minha cabeça diz para não me abrir com ninguém. A razão por ela falar isso? Talvez porque ninguém quer saber. Talvez porque não quero incomodar ninguém. Talvez porque não quero falar. Talvez porque não sei falar. É tudo tão confuso na minha cabeça, tantas vozes diferentes aqui dentro que não sei qual hei-de ouvir. É frustrante, irritante, estúpido, desorganizado.

"Passasse alguma coisa?" A voz do Brian tirou-me dos pensamentos. "Estás com um ar pensativo e chateado."

Inspirei o ar fresco que nos rodeava e expus as palavras que já estavam automáticas na minha mente. "Não, nada. Estou bem." Sorri-lhe, dando um prova que estava bem.

"Eu sei que não estás, mas tudo bem, não te vou pressionar para responderes." Agradeci-lhe mentalmente, não tendo vontade de lhe responder. "Ainda estás a pensar no que se passou quinta?"

"Então isso é que é não me pressionares para responder?" Tentei aliviar a tensão sorrindo-lhe.

Ele deu-me um pequeno e quase insignificante. "Não tentes mudar de assunto, Emma." O meu sorriso logo caiu ao perceber que ele estava sério. "Então?"

"Sim, provavelmente estava a pensar nisso." Desviei o olhar para o horizonte. Estávamos a alguns metros do parque.

"E a que conclusão chegaste?"

"Há alguma conclusão que tenha de chegar?" Ele deu um longo e profundo suspiro de desapontamento. Ou impaciência.

"Não sei, diz-me tu."

"Se eu te dissesse que não sei?" O parque estava cada vez mais próximo. A Lily e a Cassidy já estavam sentadas nuns bancos à nossa espera.

Ele parou e o impulso dado fez-me parar instantaneamente. "Tu sabes bem o que queres." Falou, colocando ambas as mãos em cada lado da minha cara, segurando-a sem me magoar. "Diz-me. Diz-me o que queres." Os seus olhos castanhos pediam misericórdia pela minha resposta. Quero-te a ti, se é isso que queres saber mas não posso dizer isso.

Evanescente (#1 Evanescente série)Where stories live. Discover now