Capítulo 49

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Ana tentou inspirar o ar, mas não conseguiu. Não conseguia respirar. Tentou novamente, mas parecia que todo o ar de seus pulmões havia sumido.

A garota fechou os olhos e sentou no chão, tentando não entrar em pânico, se concentrando em conseguir ar.

_ Elena, eu preciso ir para o hospital - disse num fio de voz.

_ Hospital? Minha querida, acho que você ainda não entendeu, não é? Você não sai daqui nem se estiver dando a luz à segunda geração de Jesus.

Ana gritou novamente, uma contração forte e avassaladora.

Jack parecia assustado, na mesa sentado, enquanto Elena parecia sentir prazer.

Ana gritou novamente, sentindo outra contração. Estavam muito rápidas, aquilo não era normal. Ela deveria ter mais tempo entre elas, sabia disso.

Ela sentiu o medo atravessando suas entranhas.

_ Deixe-me ver - Elena se abaixou até ela, mas Ana fechou as pernas, impedindo-a de tocá-la.

_ Ah, não quer ajuda? Vamos trazer a criatura ao mundo, vamos, abra as pernas para que eu veja se está pronta. Acho que essas contrações estão muito rápidas, não?

_ Não! - a garota gritou em sua cara.

Elena bufou, a arma passando pela barriga de Ana.

A morena podia sentir que iria desmaiar a qualquer minuto, sentia seus batimentos quase fora do peito. Ela imaginava se não tinha perdido a consciência ainda por causa do bebê. Afinal, se perdesse a consciência, o que Elena faria?

A loira se afastou novamente, os saltos batendo com um som já familiar para Ana.

Outra contração.

A garota fechou as mãos em punho e mordeu o pano do vestido, fechando os olhos com força.

Deus, era tão difícil.

Mas ela precisava aguentar. Era a sua vida e a do bebê em risco. Ela precisava salvar seu bebê. Porque se não... Se ela não conseguisse... O mundo poderia parar - tudo poderia parar, nada mais importaria jamais.

Sentia uma dor terrível, rasgando. Rompendo...

Para Ana, era exaustivo lutar contra aquilo. Ela sabia que seria muito mais fácil ceder e deixar que a escuridão lhe empurrasse para baixo, cada vez mais fundo, até um lugar em que não houvesse dor, cansaço, medo... Elena.

Mas ainda assim ela continuou respirando, com os olhos bem aberto, recusando-se a ceder, lutando contra a dor e contra o parto também. Quase que por reflexo. Ela não estava tentando erguer a dor acima de si. Somente resistir. Não permitir que a esmagasse completamente. Se ela deixasse o bebê nascer, nunca teria forças o suficiente para tirá-lo dos braços de Elena.

Mais uma contração.

Deus!

Ana não era Atlas, e a dor tinha o peso de um planeta. Ela não conseguia, simplesmente, sustentá-la nos ombros. Tudo o que podia fazer era não ser inteiramente aniquilada.

Na tese, isso até faz sentido. Mas na prática...

A dor cresceu... aumentou... foi ao máximo, depois tornou a aumentar, até que suplantou qualquer coisa que ela já sentiu em toda a sua vida - que qualquer pessoa já sentira. Ninguém poderia aguentar aquilo.

E então aconteceu: carros derrapando, grito do lado de fora e sons de sirenes por todos os lados.

Finalmente.

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Agora sim, porra!! É nós ✌

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