Trouble

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O garfo congelou na metade do caminho para minha boca. Meu couro cabelo se eriçou, eu realmente estava sendo observada.

Eu estava sendo observada por Charlie – Meu ex-partidor-de-corações-e-dono-do-melhor-sexo-que-já-fiz-na-vida. Ele estava sentado a três mesas de distância. Minha respiração ficou presa na garganta. Poxa, tantos lugares no mundo e eu tinha que encontrar com ele em Chicago? Nesse Bistrô? Realmente, a sorte não estava jogando no meu time de jeito nenhum. Ele se levantou e veio caminhando na direção da minha mesa, soltei meu garfo e sustentei seu olhar.

– Ora, ora... Veja só se não é a pequena Phoebe Grey. – Seu tom era interessado, o olhei de cara feia. Eu não queria ser abordada e principalmente, não queria ser abordada por ele.

– O que você está fazendo aqui, Charlie? – Minha voz saiu falhada, tive que pigarrear uma vez para conseguir concluir a frase. A humilhação ainda não estava completa?

– Eu que te pergunto, Phoebe. Esse bistrô é da minha família, eu achei que você se lembrasse ao menos o nome.

Dei uma olhada em volta e o nome do bistrô estava escrito em linhas finas e delicadas numa placa perto a porta.

Mason’s Bistrô

Tudo bem, é o sobrenome dele, mas quantas famílias Mason deveria existir nos EUA? Porque eu tinha que associar logo a família dele? Minha cabeça estava cheia de perguntas que com certeza não havia respostas, não respostas cabíveis.

– Eu estou morando em Chicago. – Agora minha voz foi dura e fria. Levantei o braço e fiz um gesto para o garçom trazer a conta. Minha primeira noite sozinha em Chicago e é isso que me acontece, vou torcer para ele não me seguir e descobrir onde moro. Pelo que me lembro de Charlie, ele consegue tudo que quer. Tudo.

– Mas você já vai? Ah, vamos lá, Phoebe. Vamos conversar, já faz tanto tempo. Eu sei que você me acha um cretino insensível – Mas ele era e eu não achava, eu tinha certeza. – Mas eu mudei, não sou mais aquele moleque de vinte anos que não queria nada mais que uma transa. – Ai meu Deus, a lembrança dele por cima de mim brincou em minha mente. E que transa, suspirei. – Eu estou assumindo o bistrô da minha família aqui em Chicago, então isso me dá algum senso de responsabilidade, você não acha?

– Sabe o que eu acho, Charlie? Eu acho que está na hora de eu ir embora e colocar um lembrete no meu celular para eu nunca mais passar na frente desse lugar. Agora, se você me der licença. – Olhei agoniada para o garçom, porque demorava tanto?

– Não Phoebe, agora que eu sei que você está aqui, tão perto de mim, eu não vou desistir tão fácil assim, vamos sair para jantar? – Um sorriso brincou em seu rosto e pela primeira vez na noite eu o observei atentamente. Ele ainda tinha o mesmo rosto, só que agora um pouco marcado pela idade e pelas experiências. Seus olhos eram de um azul tão profundo que fez minhas pernas ficarem bambas, ele estava realmente muito mais bonito do que cinco anos atrás.

– Jantar? – Minha voz saiu esganiçada. Mais um ponto para a humilhação. – Você está maluco? De jeito nenhum, Charlie. Já faz cinco anos desde a última vez que nos vimos e eu não vou sair para jantar com você, de jeito nenhum. – Essa última parte eu não sei se falei mais para mim e ou para ele, mas pelo menos ela ficou solta no ar, como um “... de jeito nenhum...” meio sussurrado. Que tendência ao fracasso.

– Porque não? Podemos jantar como velhos amigos. Não precisamos ter um encontro. Podemos comer um cachorro-quente, o que você acha? Ah, vamos lá, Phoebe. Você adorava comer cachorro-quente. – Agora ele me lançava aquele sorriso de “posso conseguir qualquer coisa” e tamborilava violentamente os dedos na cadeira.

Playing With PleasureOnde as histórias ganham vida. Descobre agora